sexta-feira, 6 de abril de 2018

País avalia vulnerabilidade climática

A partir do sistema, é possível saber a exposição ambiental, a sensibilidade, fatores externos, doenças e condições demográficas, além da capacidade adaptativa dos municípios. A proposta é possibilitar o planejamento de ações a médio e longo prazos para reduzir os impactos da mudança do clima e aumentar a capacidade de adaptação da população ao cenário.
A iniciativa é resultado de uma parceria entre o Ministério do Meio Ambiente, por meio da Secretaria de Mudança do Clima e Florestas, e a Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção à Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz/Ministério da Saúde), financiada pelo Fundo Nacional sobre Mudança do Clima.
“As populações mais pobres e necessitadas tendem a sofrer mais e de forma mais imediata os impactos da mudança do clima. Assim, o nosso primeiro passo é oferecer informações aos gestores. Mas temos uma longa caminhada até incluir a mudança do clima como um tema transversal a todas às políticas públicas, e o desafio de articular os mais de 5 mil municípios brasileiros em torno dele”, afirmou o secretário de Mudança do Clima e Florestas do MMA, Everton Lucero.
De acordo com o secretário, o processo de mudança do clima é irreversível e tende a se acentuar. “Por isso ressalto a importância que o MMA atribui à agenda. Os resultados do estudo apresentado hoje têm potencial de colocar o Brasil em situação de liderança e vanguarda na agenda multilateral que trata sobre o tema”, disse.
INTEGRAÇÃO
Lucero também destacou que o ministério acredita que a agenda precisa ser vista de forma integrada, tendo em vista a erradicação da pobreza, a qualidade de vida e a geração de oportunidades de trabalho. “Para que o Brasil consiga cumprir com compromissos internacionais como a Agenda 2030, proposta pela ONU, e o Acordo de Paris”.
Para o coordenador do projeto, Ulisses Confalonieri, o trabalho gerou uma metodologia básica. “Com o uso, pode ser mudado, aperfeiçoado ou até simplificado. O desafio era fazer uma ferramenta o mais genérico possível, de modo a poder ser usada tanto no Norte quanto no Sul do país, regiões muito diferentes”, explicou Confalonieri, que é pesquisador da Fiocruz.
Um destaque dos resultados, de acordo com ele, é a deficiência da estrutura municipal, presente na maioria das cidades. “A gente analisou qual é o evento extremo esperado em cada município e como a região está estruturada para lidar com ele. Com essas informações, o gestor terá um instrumento para nortear suas ações e um critério quantitativo para dar prioridade às estratégias de atuação”.
O PROJETO
O Projeto Construção de Indicadores de Vulnerabilidade da População como Insumo para a Elaboração das Ações de Adaptação à Mudança do Clima no Brasil teve início em 2014.
Os objetivos eram facilitar a identificação de populações e territórios vulneráveis à mudança do clima no Brasil; desenvolver um modelo conceitual e uma ferramenta de análise (sistema de indicadores socioambientais e plataforma de cálculo) para avaliar a vulnerabilidade da população dos municípios.
O projeto é executado pelo Centro de Pesquisas René Rachou (CPqRR – Fiocruz Minas), por meio do Grupo de Estudos Transdisciplinares de Educação em Saúde e Ambiente (GETESA) e conta com a participação de pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública e do Instituto Oswaldo Cruz (IOC). Do Ministério do Meio Ambiente participam representantes da Secretaria de Mudança do Clima e Florestas.
O SISTEMA
O SisVuClima foi criado para automatizar o cálculo e a geração de mapas temáticos utilizados na construção do Índice Municipal de Vulnerabilidade Humana à Mudança do Clima dos municípios do estudo; permitir a atualização e inserção de novos dados; o cálculo de novos índices e acompanhar a sua evolução.
É composto por três módulos: cadastro de informações necessárias para o cálculo dos indicadores, a geração dos índices e subíndices e a visualização de resultados por meio de mapas temáticos, tabelas e gráficos. Dessa forma, a partir do sistema, é possível saber a exposição ambiental, a sensibilidade, fatores externos, doenças e condições demográficas, assim como a capacidade adaptativa dos municípios. Uma das análises feitas a partir do software se relaciona à pobreza, considerando o acesso da população a serviços de saúde, educação e qualidade de vida.
O sistema torna possível, com cerca de 64 tipos de informações, que o gestor faça a avaliação em seu estado, podendo usar essa ferramenta para aplicar seus recursos financeiros a partir de critérios técnicos e objetivos.
Fonte: MMA

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