terça-feira, 31 de outubro de 2017

AGRICULTURA

Agricultura biossalina permite usar água salobra na irrigação de pequenas áreas.

A água é fundamental pro sucesso de qualquer atividade agropecuária. Imagina então, como os produtores do sertão do Nordeste sofrem com a falta dela. O Globo Rural mostrou uma tecnologia que pode ajudar muitos agricultores a continuar trabalhando, mesmo nos períodos de seca prolongada.

Quem vive e produz no semiárido nordestino sabe que a seca faz parte do clima desse pedaço do Brasil. Em geral, nos anos normais, chove apenas três, quatro meses por ano. Mas de tempos em tempos, a seca se prolonga.
A chuva irregular faz com que água seja um bem precioso e raro. Os agricultores sertanejos estão sempre em busca de alternativas para continuar trabalhando nos períodos de seca. Mas encontrar água no subsolo nem sempre resolve o problema.
Uma estimativa feita Embrapa mostra que há, pelo menos, 200 mil poços perfurados em todo semiárido nordestino. Mas a maior parte dessa água não vem sendo usada por causa da qualidade. É uma água salobra – com sal.
O agrônomo Tony Jarbas é doutor em solos e pesquisador da Embrapa semiárido, em Petrolina. Ele explica que a presença de sais na água se deve à formação geológica dessa região. “São rochas cristalinas e essas rochas contêm na sua estrutura cristalográfica cloretos e elementos químicos que levam a formação de sais. Então, quando essa água entre em contato com essas rochas, que o intemperismo se inicia, esses sais são liberados e vão ficar nessas águas subterrâneas em todo semiárido.”
A água salobra é composta por diversos tipos de sais, como o cloreto de sódio, que tem no sal de cozinha, além de cálcio, magnésio e potássio, por exemplo. O gosto é bem ruim, às vezes não dá nem para beber. Em geral os animais tomam, mas se o teor de sódio for alto, isso pode trazer sérios problemas de saúde para o rebanho. O uso dessa água na irrigação de lavouras é uma grande ameaça para o meio ambiente.
“Quando a gente tem uma água rica em sódio, por exemplo, e a gente usa essa água como fonte de irrigação, a gente está levando para o solo esse sódio. E qual é o efeito desse sódio? Ele entra no solo e começa a quebrar os agregados. Ele tem um efeito de dispersão das argilas do solo. E aí, essa argila dispersa, ela migra em profundidade e acaba entupindo os poros do solo. Por isso que a gente acaba tendo um efeito de compactação. E aí, indiretamente, além de ser feito de compactação, um efeito de erosão do solo. Porque quando chove a água não consegue infiltrar e ela acaba erodindo. Então, escorrendo sobre a superfície e carregando a camada superficial. É um processo de degradação e desertificação”, explica a pesquisadora da Embrapa Diana Signor.
A água não é a ideal, mas é a que tem. Por isso, a Embrapa criou um grupo de pesquisa que está adaptando às condições do Nordeste, uma técnica já usada em outros países: a chamada agricultura biossalina. Como conta o zootecnista Gherman Araújo, coordenador do grupo: “a agricultura biossalina é uma alternativa de cultivo, é uma alternativa de agricultura, onde se tem como base o uso de águas com certos teores de sais. É uma agricultura que tem sido utilizada desde da década de 50, onde a disponibilidade de água doce é extremamente restrita. Então, essas águas com certos teores de sais, uma vez utilizadas com critérios, podem se tornar uma excelente alternativa de produção.”
A ideia é trabalhar em pequenas áreas, destinadas à produção de forragem pra alimentação animal. O sistema deve seguir três regras fundamentais: análise da água do poço que vai ser usado para determinar a quantidade e os tipos de sais que ela contém; conhecer muito bem o solo que vai ser irrigado; escolher culturas adequadas pra cada situação.
A Embrapa vem testando algumas plantas em um campo experimental. Gherman Araújo explica que as plantas recomendadas para o sistema de agricultura biossalina devem ser as halófitas. “São aquelas plantas que toleram sais, que são resistentes aos sais. A planta mundialmente reconhecida como obrigatoriamente halófita é a erva-sal ou atriplex nummularia. Essa precisa, inclusive, de sódio para o seu crescimento.”
A erva-sal tem mais de 20% de proteína. Por isso, pode ser usada como forrageira. “A proteína, na verdade, é o nutriente mais importante, mais rico e, digamos, mais caro no processo de formulação de uma dieta para os animais. Então, essa planta tem importância enorme para o nosso semiárido também”, completa o zootecnista.
A Embrapa também está testando plantas já conhecidas e cultivadas por muitos agricultores sertanejos, como a gliricídia e a palma forrageira. Os testes também mostraram bons resultados com sorgo, moringa, leucina e palma.
A palma, além de forrageira para matar a fome dos animais, é também uma fonte de água, que pode ser usada para matar a sede do rebanho. A planta é uma produtora de água. Ela tem 90% de água e 10% de matéria seca.
Para conseguir bons resultados é preciso tomar alguns cuidados. O primeiro é associar a irrigação com uma adubação orgânica. Quanto menos água salgada for para o solo, melhor. Por isso, os pesquisadores estão trabalhando para determinar qual o volume ideal de irrigação que cada planta precisa.
Mesmo com todo cuidado, essa água acaba salinizando o solo. Por isso, os pesquisadores estão desenvolvendo um sistema de manejo que ajuda a preservar a qualidade da terra. Funciona assim: o agricultor divide a propriedade em talhões. Escolhe um, instala a irrigação e faz o plantio. Periodicamente, a área tem que passar por uma análise de solo. Quando o teor de sal ficar crítico, o talhão tem que ser abandonado e o agricultor tem que mudar todo o sistema para outro e a terra vai descansar até baixar o nível de sal. O tempo varia de acordo com o tipo de solo e a quantidade de sais que ele absorveu. É um tipo de agricultura que casa muito bem com pequenos agricultores.
Fonte: Globo Rural

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

PAIS

A parte que nos cabe no aumento das emissões de carbono do país.

O relatório divulgado nesta semana pelo Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (Seeg), iniciativa do Observatório do Clima, que põe o Brasil no sétimo lugar  no ranking dos países que mais poluem em todo o mundo, tem vários pontos de reflexão sob o aspecto socioeconômico. Vale a pena repetir na íntegra um dos trechos do estudo que mais chama a atenção para o fato de que, diferentemente do que julga o senso comum, o desenvolvimento e progresso de uma nação não leva, necessariamente, a uma alta de emissões de carbono. E vice-versa, vejam só:
“O Brasil se torna, assim, a única grande economia do mundo a aumentar a poluição sem gerar riqueza para sua sociedade. A elevação nas emissões no ano passado se deveu à alta de 27% no desmatamento na Amazônia. As emissões por mudança de uso da terra cresceram 23% no ano passado, respondendo por 51% de todos os gases de efeito estufa que o Brasil lançou no ar. Por outro lado, quase todos os outros setores da economia tiveram queda nas emissões. A mais expressiva foi no setor de energia, que viu um recuo de 7,3% – a maior baixa em um ano desde o início da série histórica, em 1970. O setor de processos industriais teve redução de 5,9%, e o de resíduos, 0,7%. As emissões da agropecuária subiram 1,7%. Hoje, a atividade agropecuária é, de longe, a principal responsável pelas emissões de gases de efeito estufa no país: ela respondeu por 74% das emissões nacionais em 2016, somando as emissões diretas da agropecuária (22%) e as emissões por mudança de uso da terra (51%). Se fosse um país, o agronegócio brasileiro seria o oitavo maior poluidor do planeta, com emissões brutas de 1,6 bilhão de toneladas (acima do Japão, com 1,3 bilhão). Entre 1990 e 2016, o setor de uso da terra no Brasil emitiu mais de 50 bilhões de toneladas de CO2, o equivalente a um ano de emissões mundiais”
Parei nesse ponto e decidi trazer para os leitores algumas reflexões a respeito do papel desse poluente setor na vida dos brasileiros. A primeira informação importante que compartilho eu consegui no site do Canal Rural,  onde há o dado, recente, de que a exploração de carne bovina vem reagindo muito bem à crise econômica, política, institucional pela qual o país vem atravessando. No último mês de agosto, os produtores comemoraram o maior embarque mensal dos últimos dez anos: em carne bovina in natura foram exportadas 123,1 mil toneladas, o que significa 49,4% a mais do que as 82,4 mil toneladas do mês de agosto do ano passado e 15,7% acima das 106,4 mil toneladas embarcadas em julho.
Sendo assim, já se descarta um pouco dos ombros dos brasileiros a responsabilidade pela alta das emissões de carbono. Afinal, a carne do gado que ajuda a aumentar o desmatamento e produz o metano, o que, consequentemente, eleva o nível de gases poluentes na atmosfera, é consumida por pessoas de outros países. União Europeia, China, Egito e Rússia encabeçam as nações que mais importam carne do Brasil. O problema é que, na contagem das emissões, acaba que nós é que estamos a ostentar o sétimo lugar num ranking que não nos deixa orgulhosos de forma alguma.
De qualquer maneira, vamos também levar em conta que há consumo dos brasileiros de carnes que vêm dos bois e vacas e que causam tanto desmatamento. Brasileiro gosta de um churrasco, não é verdade? É só caminhar pelas ruas do Centro do Rio, por exemplo, para ver anúncios de restaurantes a preços bem baixos oferecendo dois tipos de “carnes de churrasco” diferentes. Mais do que um legume bem feito, uma boa massa, ou o próprio feijão com arroz, que se diz ser o prato típico do carioca, é a oferta da quantidade de carnes que costuma qualificar o restaurante nessas redondezas, onde impera um público heterogêneo.
Conversei sobre o assunto com Carolina Liberato, nutricionista que há anos vem se especializando em preparar cardápios para creches e escolas, tanto públicas quanto particulares, a quem já entrevistei para este espaço sobre outro assunto bem espinhoso, a obesidade. Aqui, abro um parêntesis para contar a vocês que há quase uma década eliminei a carne vermelha do meu cardápio. E a diferença que senti foi para melhor: minha saúde melhorou bastante. Mas tenho uma curiosidade que imagino ser a mesma que muitas mães com filhos pequenos devem ter: qual o papel da carne vermelha na nutrição da primeira infância? É fundamental que crianças de zero a 6 anos comam carne?
“Sim, a carne vermelha tem dez aminoácidos que são importantes para essa primeira infância. É possível, mas não é tão fácil montar um cardápio equilibrado sem carne vermelha para as crianças dessa idade. Tem que ser uma proposta vinda de casa, de pais vegetarianos, porque será necessário fazer uma combinação muito bem amarrada para que a criança não tenha deficiências”, explicou-me Carolina.
A partir daí, no entanto, a carne vermelha não tem nada que seja essencial para os humanos, muito ao contrário. O carro-chefe dos problemas que o consumo exagerado pode causar é o câncer, causado por um fato bem simples de ser explicado:
“Antes do processo de absorção, a carne vermelha entra em putrefação no túnel que vai da boca ao ânus, e aí é que pode acontecer o câncer”, disse ela.
E o que comer no lugar da carne? Ah, muitas coisas. Carolina me contou que o ovo, por exemplo, está sendo considerado o segundo melhor alimento depois do leite materno. Mas, claro, não é qualquer ovo. Estão excluídos da lista aqueles ovos postos por galinhas criadas em cubículos e que tomam quantidades absurdas de hormônios para botar ovo diariamente:
“Ovo é a menstruação da galinha, ela bota uma vez no mês, e só. A galinha precisa ser criada ciscando, solta, feliz, para poder proporcionar a nós, humanos, esse alimento tão rico em nutrientes”, diz Carolina.
E, a quem interessar possa, a nutricionista está comemorando o fato de que, de uns três anos para cá, com a quantidade absurda de informações que chegam a todos, há uma conscientização cada vez maior sobre a qualidade dos alimentos.
“Numa das creches onde trabalho, na qual oferecemos ovo uma vez por semana, antigamente as mães questionavam isso, mas hoje em dia elas já absorvem bem. Não posso dizer o mesmo, porém, de alguns funcionários. No dia do ovo, eles trazem comida de casa, com carne, porque não podem ficar sem este alimento”, diz Carolina.
A mudança  de comportamento tem sido devagar, mas está acontecendo. Talvez não seja o suficiente para tirar o país do ranking de grandes poluentes porque há outras questões envolvidas, como se pode observar no relatório do Seeg, mas pode ajudar. Termino o texto com o comentário técnico do coordenador Tasso Azevedo, um dos responsáveis pelo relatório:
“As emissões ligadas à atividade agropecuária quase sempre representaram 70% ou mais das emissões totais do Brasil. Mas elas podem chegar a zero com decisões nossas”.
Ele não fala sobre o consumo de carne, mas em zerar o desmatamento e expandir a agricultura de baixo carbono a toda a agropecuária. Isso implica um melhor ambiente para o agronegócio, mais renda para o produtor e menos risco de secas e queimadas. De qualquer maneira, pode ser uma ajuda.
Fonte: G1

domingo, 29 de outubro de 2017

OPERAÇÃO

Operação coíbe caça na Reserva Biológica das Perobas

Cinco espingardas foram apreendidas, sendo uma de fabricação caseira, uma calibre .36, uma calibre .32 e duas calibre .22 com silenciador. Além das armas, munição de diversos calibres, material para recarga de munição e quatro quilos de carne de quati também foram apreendidos.
A investigação durou dois meses e contou com o apoio da Reserva Biológica (Rebio) das Perobas, gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) nos municípios de Tuneiras do Oeste e Cianorte.
Infratores foram filmados portando armas de fogo dentro da reserva por uma das armadilhas fotográficas instaladas na unidade de conservação no final de agosto. Um deles foi identificado e a Justiça emitiu mandado de busca e apreensão para armas e animais silvestres na residência.
Durante o cumprimento do mandado, os policiais identificaram outros envolvidos e realizaram buscas em outras duas residências, apreendendo mais armas e munição.
Com o registro em vídeo, o infrator identificado também foi multado por entrar na reserva portando instrumento para caça (espingarda).
O trabalho de repressão ao crime de caça de animais silvestres na Reserva das Perobas conta com o apoio da Polícia Ambiental do Paraná e da Polícia Federal.
Fonte: ICMBio

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

INCÊNDIO

 Na Chapada poderá ser controlado até este final de semana

Ao ser questionado se há previsão do controle das chamas, o coordenador de Prevenção e Comabate a Incêndios do ICMBio, Christian Berlinck, disse que há a possibilidade de controle até este final de semana, mas que as condições são imprevisíveis. O combate ao fogo no local é dificultado pela chamada reignação. Mesmo após as chamas desaparecerem, as altas temperaturas e o vento fazem com o que o fogo retorne em várias localidades e as equipes precisam refazer o trabalho.
Berlinck esclarece também que controlado não siginfica extinto e que é necessário ainda um trabalho pós-fogo para que ele não retorne. Segundo o coordenador, os equipamentos e o pessoal que hoje está atuando no combate direto, cerca de 200 pessoas, são suficientes. “Não adianta ter 40 pessoas atuando no mesmo local, elas ficarão muito próximas e terão a eficiência de 20 pessoas”.
Um avião Hércules C-130 da Força Aérea Brasileira (FAB) reforçou, desde ontem (24), o combate às chamas. A aeronave é equipada com um sistema de combate a incêndio constituído de dois tubos em sua porta traseira que, a uma altitude de cerca de 45 metros, podem despejar água nas áreas em chamas.
Segundo a força-tarefa, é importante que os esforços empregados continuem mesmo após o controle e extinção do fogo, quando serão necessário também recursos para a recuperação, atendimento de animais, entre outras ações.
Incêndio criminoso
Pela análise da propagação e do surgimento dos focos de incêndio, há fortes hipóteses de que o fogo tenha sido colocado propositalmente. “Se exitem suspeitas, tem que ser investigado, é crime federal, é crime contra o meio ambiente. Os culpados têm que ser punidos e postos na cadeia, até para dar exemplo que meio ambiente não se destrói, meio ambiente se cuida e se preserva”, diz Jungmann.
O ministro do Meio Ambiente, Marcelo Cruz, diz que a pasta já solicitou ao Ministério da Justiça uma investigação por parte da Polícia Federal. “A Polícia Federal tem que entrar, por dever de ofício. Eles têm que fazer por uma incumbência institucional [uma vez que o parque é uma reserva federal]. A gente só reiterou o pedido diante da magnitude do evento.
Este é o maior incêndio de toda a história do Parque Nacional. Mais de 60 mil hectares já foram atingidos pelo fogo.
Devido a importância de sua biodiversidade, a unidade de conservação foi ampliada em junho e de 65 mil hectares passou a ter 240 mil. O parque é refúgio de espécies ameaçadas de extinção ou endêmicas (só existem no local), como o cervo-do-Pantanal, lobo-guará, pato-mergulhão e a onça-pintada, maior mamífero carnívoro da América do Sul.
O Parque Nacional foi declarado Patrimônio Natural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 2001.
Fonte: Agência Brasil

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

MEIO AMBIENTE

Em meio a avanço agrícola, defensores do Pantanal temem que nova lei fragilize proteção ambiental.

Avança no Congresso o Projeto de Lei 750, também conhecido como “Lei do Pantanal”, que tramita desde 2011. Trata-se de uma norma para apoiar a preservação do bioma e que deveria ter sido criada desde 1988, mas que nunca saiu do papel.
O Pantanal é uma planície inundável localizada na Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai (BAP) e possui território em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso – além de Paraguai e Bolívia. As águas das partes altas da região descem para a planície, formando assim a maior área úmida continental do planeta.
Para acadêmicos e ambientalistas, o texto em discussão, caso aprovado como está hoje, ao invés de aumentar a preservação pode agravar a destruição da região, por flexibilizar as regras para o avanço do desmatamento e não criará método de controle eficaz. Dessa forma, aquela que seria a última grande chance de criar uma norma efetiva para proteger a área pode se tornar mais um fator de degradação.
O projeto determina que os Estados e os municípios definam parâmetros sobre os itens que constam no texto mediante um mecanismo que não existe em nenhum dos Estados que formam o Pantanal, o Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE). No caso de não haver ZEE, a liberação para transformação da área fica condicionada a “estudos” que comprovem que a atividade é viável.
A medida preocupa especialistas, que temem que a falta de determinação expressa na legislação traga fragilidade à proteção do lugar e favoreça a degradação do bioma. Pesquisadores defendem regras mais específicas na Lei do Pantanal.
Quem está à frente do debate no Congresso nega que o projeto de lei possa piorar a situação do Pantanal. O senador Cidinho Santos (PR-MT), suplente do proponente do projeto (o atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi), afirma que a medida pretende garantir a preservação do bioma.
Maggi apresentou o PL 750 há seis anos. O texto do projeto foi alterado por Cidinho Santos, que conduziu o procedimento na Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ), onde foi aprovado no fim de maio. As mudanças feitas por Santos tocaram nos principais pontos de debate: a proteção do bioma e a gestão das atividades econômicas.
Cidinho Santos também retirou trechos como a proibição ao uso de agrotóxicos e ao plantio de transgênicos. Havia a proposta de moratória da pesca por cinco anos e a remoção de diques e barragens na região, trechos também excluídos.

Desmatamento crescente

O desmatamento na região possui índices alarmantes e crescentes. Segundo o Ministério Público do Mato Grosso do Sul – Estado que abriga 70% do Pantanal -, somente na área do Pantanal sul-mato-grossense foram desmatados 70.648 hectares, possivelmente de modo ilegal, em 33 municípios. O número foi levantado entre 2013 e 2015 e é equivalente a 100 mil campos de futebol como o do Maracanã.
De acordo com o Atlas do Monitoramento da BAP, produzido com dados de 2014 a 2016, do Instituto SOS Pantanal, três municípios que abrangem o Pantanal chegaram a desmatar uma área de 63.166 hectares. A área é equivalente ao tamanho de Salvador e ao dobro da área de Belo Horizonte.
Os mais de 60 mil hectares danificados correspondem somente aos números dos três municípios campeões de desmatamento no Pantanal. Em Corumbá (MS) foram desmatados 35.137 hectares; em Cáceres (MT) foram 15.447 e em Santo Antônio do Leverger (MT) o número foi correspondente a 12.582 hectares.
A soja é a cultura que mais tem avançado na região. Não há dados oficiais, pois o SOS Pantanal ainda realiza levantamento sobre o tema. O estudo somente será concluído no próximo ano.
“Antes, a soja era plantada na parte mais alta, mas hoje também está muito mais próxima ao nível da planície ou dentro das áreas de transição e em alguns casos já dentro da área do Pantanal. É pouca ainda, mas está ali. Nesse caso, a perda é muito mais grave que em outros ambientes, porque é uma área menos resistente”, explica Felipe Augusto Dias, diretor-executivo da SOS Pantanal.
O promotor de Justiça do MP de Mato Grosso do Sul Luciano Furtado Loubet explica que, após a identificação das áreas possivelmente desmatadas de modo ilegal, a autoria da prática criminosa passa a ser investigada. “Fazemos um levantamento e cruzamos as licenças ambientais com o desmatamento, para ver o que é ilegal. Depois, remetemos o caso aos promotores de Justiça e à Polícia Ambiental.”
Em razão da dependência do Pantanal dos rios em seu entorno, estudiosos temem que a agricultura e o desmatamento avancem ainda mais nas nascentes da região, cheguem até a planície e tragam danos irreversíveis ao bioma.

Pantaneiros

O médico sanitarista aposentado Oswaldo Cid Cunha, de 74 anos, passou grande parte de sua vida no Pantanal. Para ele, a situação do bioma nunca esteve tão ruim. Herdeiro de uma fazenda que atualmente tem 6,8 mil hectares, ele mantém a tradição de mais de 100 anos da família, que sempre investiu na criação de gado extensiva e em plantações na região.
Cunha faz parte do grupo de pantaneiros tradicionais, identificados principalmente pelo cuidado que suas produções têm com a preservação do meio ambiente. Nos anos recentes, ele viu a chegada de novos fazendeiros ao bioma provocar muita transformação na paisagem. “A região tem passado por uma degradação imensa na última década. As plantações estão avançando, muitas áreas estão sendo desmatadas e rios correm risco de secar”, lamenta.
A pesquisadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas (Inau) Cátia Nunes pontua que muitos dos fazendeiros recém-chegados desconhecem as particularidades da região.
“Os fazendeiros tradicionais realizam pecuária extensiva e respeitam a diversidade dos macrohabitats (áreas extensas sujeitas às mesmas condições hidrológicas e cobertas por vegetação característica)”, diz. Em relação ao meio ambiente, a pesquisadora explica que a ação dos antigos está ligada ao que se chama limpeza do campo, que na verdade é um controle de espécies vegetais que invadem essas áreas.
Já os novos fazendeiros, segundo Cátia Nunes, buscam explorar as áreas por inteiro. “Ele quer maximizar a produção da carne bovina, aumentar o pasto a qualquer custo, inclusive por meio da destruição. Se ele tem 10 mil hectares, quer utilizar tudo para pasto, não importa a diversidade da paisagem ou os serviços ambientais que são prestados. É uma inversão de valores”, conta.
Outro fator relacionado aos novos pantaneiros é a divisão das propriedades rurais. Muitas áreas são ramificadas, pois são distribuídas entre os herdeiros, após a morte dos parentes proprietários. “O problema é que isso gera mais desmatamento, porque cada fazenda precisa de uma sede e de outras particularidades. Por isso, áreas antes preservadas acabam sendo utilizadas”, explica o fazendeiro Cunha.

Governos e o Pantanal

A reportagem procurou os governadores de Mato Grosso do Sul e de Mato Grosso para falarem sobre o Pantanal. O governador de MS, Reinaldo Azambuja (PSDB), declara que é necessário que os dois Estados que abrigam o Pantanal unifiquem a legislação ambiental. Ele não concorda com pontos do texto substitutivo apresentado por Cidinho Santos. Segundo o tucano, o PL não garante direitos aos pantaneiros.
“O substitutivo atende ao objetivo da preservação e conservação, não podemos permitir impactos ao ecossistema. Mas também é preciso assegurar à população pantaneira condições de explorar os recursos naturais. Uma atividade econômica importante é o ecoturismo, como alternativa de geração de emprego e renda, mas de forma sustentável.”
O governador de Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB), também foi questionado sobre a situação do bioma. Por meio de comunicado, informa que as Leis estaduais 8830/2008 e 9060/2008, que tratam sobre os limites da área da Planície Alagável do Pantanal, são cumpridas na íntegra.
Em outubro passado, os governadores assinaram, junto ao ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, um documento batizado de Carta Caiman, que propõe a transformação do Pantanal em um bioma único e estabelece um plano de trabalho para discutir e unificar ações entre os dois Estados. Um ano depois, eles devem se reencontrar neste sábado para debater os resultados da medida.

Hidrelétricas

O Pantanal também enfrenta problemas com novas obras de infraestrutura. O pesquisador e procurador aposentado Carlos Teodoro Irigaray – que há mais de 35 anos estuda o Pantanal – cita que entre as maiores ameaças estão as instalações de hidrelétricas nos rios que formam o bioma.
“As construções delas são muito perigosas. Estamos colocando barragens em quase todos os rios que correm no Pantanal. Já existem 30 unidades de geração de energia licenciadas na região, entre elas hidrelétricas. Há ainda outras 70 unidades sendo licenciadas sem que haja uma avaliação integrada dos impactos que esses empreendimentos vão causar para a qualidade da água e para o ciclo da reprodução dos peixes”, frisa.
Os responsáveis por autorizar as construções das hidrelétricas são os órgãos de controle – como a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) -, que analisam os pedidos que podem trazer possíveis impactos ambientais. “Há uma situação, por exemplo, em que a Sema de Mato Grosso do Sul liberou a criação de um polo siderúrgico em Corumbá, no Pantanal”, diz Irigaray.
O estudioso critica o fato de o projeto de lei sobre o Pantanal não especificar condições para as construções feitas nas proximidades das nascentes do bioma. “Se não houver restrições, daqui a pouco está cheio de usinas de álcool ou de soja no coração do Pantanal. O bioma foi conservado com um padrão de uso, mas isso está mudando”, declara.
Fonte: G1

terça-feira, 24 de outubro de 2017

BRASIL

Brasil mais verde: confira as conquistas do governo na gestão do meio ambiente.

A assinatura do decreto que permite que multas ambientais sejam pagas em serviços de recuperação de áreas degradadas foi a mais recente realização do governo Michel Temer em prol da preservação do meio ambiente e biomas brasileiros.
As conquistas, porém, ocorrem desde o começo desta gestão e são resultado de esforços que partem não somente da presidência da República, mas de órgãos de fiscalização, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Agência Nacional de Águas (ANA); de outros órgãos do governo federal, como o Ministério do Meio Ambiente; e do Serviço Florestal Brasileiro, entre muitos outros.
Foi por meio dessa força-tarefa que, além da arrecadação de recursos investidos na preservação da natureza, foram alcançadas conquistas como a ampliação de parques nacionais e a redução do desmatamento na Amazônia Legal. Confira, abaixo, algumas das medidas que fazem parte do legado do governo Michel Temer para a política e a gestão do meio ambiente no Brasil:
Redução do desmatamento na Amazônia
O desmatamento na Amazônia Legal caiu 16% entre agosto de 2016 e julho deste ano, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Antes, a área desmatada havia aumentado por dois anos consecutivos: entre 2015, o aumento foi de 27% e, entre 2014 e 2015, de 24%. Dos nove estados da Amazônia Legal, o que obteve melhores resultados foi Tocantins, com redução de 55% na devastação.
Ratificação do Acordo de Paris
O presidente Michel Temer ratificou, em setembro de 2016, o Acordo de Paris. O objetivo do Brasil, um dos primeiros países a confirmar a participação no tratado, é cortar as emissões de carbono em 37% até 2025, com o indicativo de redução de 43% até 2030. O Acordo de Paris foi aprovado por 195 países para reduzir emissões de gases de efeito estufa e frear o aumento da temperatura média global.
Arquivamento do processo de licenciamento ambiental da Usina de Tapajós
O Ibama arquivou o processo de licenciamento da Usina Hidrelétrica (UHE) São Luiz do Tapajós, no Pará. Segundo a presidente do instituto, Suely Araújo, “o projeto apresentado e seu respectivo Estudo de Impacto Ambiental não possuem o conteúdo necessário para análise da viabilidade socioambiental”.
Mais preservação na Chapada dos Veadeiros
Em junho deste ano, a área do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, no Goiás, passou de 65 mil para 240 mil hectares. Estudos feitos pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) apontam que a expansão vai proteger 17 espécies da flora e 32 espécie da fauna ameaçadas de extinção.
Criação do Refúgio de Alcatrazes
Ainda quando era presidente interino, em agosto de 2016, Michel Temer assinou o decreto que cria o Refúgio de Vida Silvestre (RVS) do Arquipélago de Alcatrazes, uma antiga reivindicação dos ambientalistas. A unidade de conservação (UC) federal fica no litoral norte de São Paulo, no município de São Sebastião. Com ela, sobe para 326 o número de UCs geridas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) no País.
Mais recursos para o CAR
O então ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, e o diretor do Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW) no Brasil, Carsten Sandhop, assinaram, em dezembro de 2016, um convênio pelo qual o KfW repassa 10 milhões de euros para serem investidos no projeto do Cadastro Ambiental Rural (CAR). O valor é uma suplementação a outros 23 milhões de euros que já haviam sido repassados e será usado para ajudar os estados a implementarem o cadastro.
Plantadores de Rios
O programa Plantadores de Rios busca a proteção e recuperação de nascentes e áreas de preservação permanente (APP) de cursos d’água, para contribuir com o enfrentamento à crise hídrica. A criação do programa reforça a participação popular na conservação ambiental. O aplicativo do Plantadores de Rios liga donos de imóveis rurais a interessados em investir na recuperação florestal.
Lançamento do Sinaflor
O Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais (Sinaflor) foi lançado para garantir a conservação e dar transparência ao setor florestal. A plataforma, que integra o controle da origem da madeira, do carvão e de outros produtos ou subprodutos florestais, contribui para conter o desmatamento nos biomas brasileiros e, ao mesmo tempo, desenvolver a economia no País.
Caravana Verde
Em fevereiro deste ano, o Ministério do Meio Ambiente deu início, no Amazonas, à Caravana Verde de Combate ao Desmatamento. O ministro Sarney Filho, acompanhado por equipes do MMA e dos órgãos vinculados, visitou as capitais dos estados da Amazônia Legal com o objetivo de acompanhar as políticas de conservação, fiscalização e monitoramento do bioma.
Fonte: Planalto Presidência da Republica

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

PRAIAS

Praias brasileiras têm encalhe recorde de 97 baleias só em 2017

Binóculo pendurado no pescoço, óculos de sol e muito protetor solar. Todos os anos, centenas de turistas visitam o litoral brasileiro para observar baleias-jubarte, que se reproduzem principalmente em Abrolhos, na costa da Bahia.
Mas neste ano, além dos saltos e jatos d’água em alto mar, os turistas também puderam notar uma atividade bem mais passiva nas areias locais. Desde o início de 2017, 97 baleias encalharam no litoral brasileiro e apenas duas sobreviveram, segundo balanço do Projeto Baleia Jubarte. Esse é o maior número de casos desde o início dos registros, em 2002.
Veterinários especialistas em baleias ouvidos pela BBC Brasil alertam que esse número deve subir ainda mais até o fim do ano. Isso porque o pico de encalhes ocorre em agosto e setembro.
Milton Marcondes, coordenador de pesquisa do Projeto Baleia Jubarte, disse que a maior parte desses animais morrem no mar e são levados pela correnteza até a areia. Ele explica que o aumento dos encalhes é causado por uma série de fatores.
Um deles é que a população de baleias aumentou em águas brasileiras.
“Em 2002, a população estimada era de 3,4 mil baleias-jubarte, enquanto em 2015 (último levantamento) já passava dos 17 mil. Com uma população maior, há mais chances de ocorrerem encalhes tanto por causas naturais (doença, velhice, ataque de predadores) como por causas relacionadas ao ser humano, como colisão com navios”, explicou Marcondes.
Outro fator é a diminuição do krill – pequenos crustáceos ingeridos pelas baleias – encontrado na Antártica. Marcondes disse que fenômenos climáticos, como o El Niño podem afetar a oferta de krill para as baleias. Com menos alimento, elas podem chegar ao Brasil desnutridas e com menos leite para amamentar o filhote, o que explicaria parte dos encalhes.
Além disso, a intoxicação causada pela ingestão de lixo, além dos recorrentes casos de animais que se enroscam em redes de pesca e o atropelamento por navios, são causas de mortes entre as baleias.
No dia 12 deste mês, um catamarã com 26 passageiros e três tripulantes bateu em uma baleia no trajeto entre Morro de São Paulo e Salvador, na Bahia. Ninguém à bordo ficou ferido, mas após o acidente, a embarcação precisou ser escoltada por um navio da Capitania dos Portos.
Resgates – Embora a maioria dos encalhes sejam de baleias mortas, algumas chegam nas praias com vida e, em alguns casos, é possível salvá-las.
Nesses casos, segundo o veterinário, o ideal é não tentar empurrar a baleia de volta para a água. “Primeiro, porque as pessoas não vão conseguir empurrar um animal que pesa toneladas para o mar. Segundo, há grandes chances de acidentes, porque a baleia pode se debater e atingir as pessoas, ou o mar pode jogar o animal em cima dos socorristas”, afirmou Marcondes.
O coordenador do Projeto Baleia Jubarte disse que, apesar de seu tamanho, a baleia é um animal frágil e sem cuidados técnicos as tentativas de resgate podem machucar a baleia ao arrastá-la para o mar, causando lesões internas e em suas nadadeiras.
“O ideal é que as pessoas não tentem fazer o resgate sem o auxílio de alguém experiente, pois as chances de sucesso são mínimas e o risco é grande. São necessários uma embarcação e um cabo grosso para arrastar o animal com técnica e de maneira delicada”, afirmou Marcondes.
Neste ano, voluntários participando de um esforço coletivo conseguiram devolver ao mar duas baleias. Em agosto, dezenas de pessoas com baldes d’água e pás se mobilizaram para cavar buracos e manter úmida uma baleia encalhada em uma praia de Búzios, no Rio de Janeiro. Depois de 24 horas, o animal conseguiu voltar para o mar com o auxílio de uma embarcação.
O ideal, segundo Marcondes, é que as pessoas que encontrarem um animal vivo encalhado acionem imediatamente as instituições que trabalham com resgate de baleias e golfinhos. Enquanto o resgate não chega, a melhor maneira de ajudar é manter o animal molhado e coberto com toalhas grandes para protegê-lo do sol.
Os especialistas ressaltam que é importante não jogar água ou cobrir o orifício no topo da cabeça das baleias, pois ele é usado para elas respirarem.
O que fazer com o corpo? – O Banco dos Abrolhos no litoral norte do Espírito Santo e sul da Bahia é a região preferida das jubartes para procriar por que o mar alil não fica tão agitado pela proteção oferecida por arrecifes, bancos de coral e algumas ilhas. Mas é justamente por isso que há tantos encalhes neste litoral.
E ter o corpo de uma baleia morta na praia pode ser bem desconfortável. O cheiro do animal em decomposição pode incomodar turistas e moradores, além de a carcaça ser um risco para a saúde pública. E o processo de decomposição natural pode durar meses. Retirá-la da areia, porém, não é nada fácil.
O coordenador do Projeto Baleia Jubarte diz que o melhor a se fazer em situações como essa é enterrar o animal na areia.
“Isso precisa ser feito num local distante da linha da maré para que a água não a desenterre. É necessário cavar um buraco em que caiba completamente o animal e fique uma camada de pelo menos 3 metros acima da baleia. Jogar cal ajuda a secar e evitar que outros animais se alimentem do corpo”, afirmou.
O problema é que as escavadeiras muitas vezes não conseguem chegar a algumas praias. Nesses casos, a baleia deve ser cortada em pedaços menores para que possa ser retirada ou enterrada. Outra opção é usar um barco para rebocá-la até uma praia onde ela possa ser enterrada.
Rebocar a baleia para que ela se decomponha em alto mar não é recomendado, pois isso deixaria o animal à deriva, o que pode causar um acidente com um barco ou ainda fazer o animal encalhar em outra praia.
Alguns pescadores usam a gordura do animal para fazer isca de pesca de tubarão. O consumo humano é totalmente desaconselhado porque a carne de baleia pode conter altos níveis de mercúrio e não é possível saber a causa da morte do animal, que já pode chegar podre nas praias.
Se você encontrar uma baleia encalhada, viva ou morta, avise os pesquisadores do Projeto Baleia Jubarte pelo telefone (73) 98802-1874. Eles também recebem os pedidos de ajuda pelo WhatsApp no mesmo número. Caso o encalhe ocorra fora da área de atuação do projeto, eles mesmos acionam os órgãos responsáveis na região. (Fonte: G1)

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Inpa produz painel ecológico

Inpa produz painel ecológico à base de resíduos de indústrias do PIM e de madeiras amazônicas.

Um produto inédito, no Amazonas, produzido a partir do poliestireno (plástico) com resíduos de madeira (serragem) resultou num painel de madeira-plástica, que misturados proporciona resistência e uma textura com desenhos diferentes e únicos. É resultado do trabalho de mestrado em Ciências Florestais e Ambientais da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), da engenheira florestal Giselle Rebouças, com orientação da pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC), a doutora em Ciências Biológicas (Botânica), Claudete Catanhede.
A pesquisadora explica que o trabalho de Rebouças teve uma proposta inicial voltada para o meio ambiente com o objetivo de aumentar o rendimento das madeiras amazônicas. “O produto é de excelente qualidade, por conta das propriedades físicas e mecânicas, sendo um painel altamente sustentável porque não irá derrubar a floresta para ser produzido”, afirma.
O poliestireno é um dos plásticos mais utilizados no mundo sendo produzidos milhões de toneladas anualmente. Pode ser naturalmente transparente, mas geralmente é colorido com o uso de corantes e é usado como uma embalagem de proteção. Já a serragem de madeira é o resíduo proveniente das diferentes etapas do corte da madeira.
“A serragem, por ter uma dimensão muito pequena, é um material de maior problemática para sua destinação final e por não poder ser reutilizada na produção de um novo produto”, explica Rebouças.
Ecologicamente correto, economicamente viável, barato e sustentável, o painel é produzido com a utilização dos resíduos descartados do Polo Industrial de Manaus (PIM) e de madeireiras e é também uma resposta viável para solução do aproveitamento desses materiais que seriam incinerados ou jogados fora.
Além disso, tem diferentes aplicabilidades e pode ser usado tanto como piso, quanto para a confecção de artesanato em geral, em decorações ou como base para mesa, cadeira e bandeja e como deck para piscina.
Para Rebouças, o painel é um produto que tem um ótimo valor agregado e utiliza a madeira que já está disponível (serragem). Segundo ela, o resíduo pode se tornar um prejuízo ambiental se continuar no ambiente. A indústria fornecedora de poliestireno para o projeto produz atualmente 18 toneladas mensais de resíduos na alta temporada, que são incinerados e que poderiam ser aproveitados para produzir os painéis. Na indústria madeireira parceira do projeto são nove toneladas diárias de resíduos produzidos, entre eles a serragem.
“Pode-se produzir aproximadamente 35 mil unidades de painéis no tamanho de 20 X 20 centímetros”, explica Rebouças, ao acrescentar que isto representa um aproveitamento de 100% do material plástico que requer uma maior preocupação, já que não é um produto biodegradável e leva anos para se decompor. “Os resíduos produzidos pelas indústrias nos segmentos poderão atender demanda de produção em escala industrial”, destaca.
Vantagens
Uma das vantagens do painel é que eles têmuma produção barata e rápida porque não precisam de muito tempo para ser produzido, além de não necessitam de água para o resfriamento após o processo de fabricação na prensagem. “O tempo para se produzir um painel é de aproximadamente 25 minutos”, garante a mestre. “Os ensaios de flexão e de compressão do painel apresentaram resultados de resistência semelhantes a algumas madeiras amazônicas”, revela.
De acordo com a mestre, a junção da madeira com o poliestireno como base do painel favoreceu uma melhor resposta aos testes e também na trabalhabilidade do painel quanto à facilidade de corte na serra, perfuração por broca, prego e parafuso. “Por isso é um produto bastante versátil”, destaca.
Conforme Rebouças, comprova-se a agregação de valor das madeiras da Amazônia ao utilizar resíduos na produção de produto sustentável com qualidade para ser inserido no mercado  e com alta competitividade, o que contribui para o aumento do rendimento das madeiras amazônicas e comprova a viabilidade do manejo na região.
“Com isso estaremos contribuindo, não só para uma maior valorização da madeira e com o seu aproveitamento completo, mas também para manter a floresta em pé porque não precisaremos derrubá-la para a confecção dos painéis, pois é utilizado somente o pó de serragem”, explica.
Patente
O painel ecológico está em processo de pedido de depósito de patente conjunto entre a Ufam e o Inpa no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi).
O empreendedor que se interessar em produzir este produto terá vários benefícios: rapidez no processo de produção (25 minutos), produto barato, competitivo e resistente à chuva e ao sol, pois não corre o risco de deformar ou quebrar.
Diferencial
Cada painel tem um desenho próprio e único, o que favorece ainda mais o seu diferencial. Pode-se ter até três desenhos diferentes porque o material-base da composição é coletado em três etapas diferentes. Além disso, o painel também pode ter o tamanho desejado, dependendo do tipo de prensa utilizada.
Segundo a pesquisadora do Inpa e orientadora do trabalho de mestrado, Claudete Catanhede, o painel é um produto inédito, porque é produzido com madeiras amazônicas, o que poderia ser um fator de dificuldade para a sua produção por causa da complexidade que essas diferentes espécies possuem como as resinas, que dificultam a aglutinação das partículas.
O painel não é feito de várias espécies ao utilizar a serragem de diferentes madeiras de alta densidade, a exemplo do angelim, maçaranduba, breu e diversos louros, cada um com sua particularidade. “Apesar de serem diferentes não influenciaram na qualidade do produto”, explica Catanhede, que também é integrante do Instituo Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Madeiras da Amazônia/Inpa.
Coletas
Os materiais para a produção do painel foram coletados a partir dos resíduos descartados numa serraria em Itacoatiara (AM),que trabalha com madeiras certificadas, e em indústria do Polo Industrial de Manaus. “Com isso, o trabalho de Rebouças veio atingir uma das metas do INCT Madeiras da Amazônia, que é agregar valor para as madeiras amazônicas em toda sua essência”, diz a pesquisadora. “Se tiver um resíduo que não esteja nos tamanhos padronizados eles podem ser transformados em serragem para aumentar a produção”, acrescenta.
Fonte: Inpa

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

JACARÉS

Mais de 2 mil jacarés são encontrados em criadouro desativado em Barra Mansa

Mais de 2 mil jacarés foram encontrados na manhã desta quarta-feira (18) em um criadouro desativado na zona rural de Barra Mansa, RJ.
Policiais civis, agentes da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente, biólogos e veterinários estiveram no local.
Peritos coletaram amostras da água dos tanques e da carne utilizada para alimentar os bichos. Os animais estavam em 24 tanques.
Segundo a polícia, as investigações começaram há um mês, após uma denúncia de um grupo de defesa dos animais.
De acordo com o proprietário do criadouro, a carne dos animais seria destinada ao consumo e o fechamento de um abatedouro resultou na superpopulação dos jacarés.
Nos próximos dias, os responsáveis pela manutenção do local deverão prestar depoimento e apresentar licenças ambientais. Como medida emergencial, os jacarés serão remanejados para outro local.
Fonte: G1

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Começa congresso mundial de dessalinização

Especialistas de todo o mundo estão reunidos em São Paulo (SP) para discutir as tecnologias de dessalinização e reuso da água em mais uma edição do Congresso Mundial de Dessalinização, realizado a cada dois anos pela Associação Internacional de Dessalinização (IDA). O Brasil é o primeiro país da América Latina a sediar o evento que ocorre até a quinta-feira (19/10).
“Reconhecendo que estas tecnologias contribuem para a superação do déficit hídrico no mundo é importante enfatizar que a gestão das águas necessita de uma visão abrangente e integrada. Em primeiro lugar, deve-se considerar as conexões entre a água, o solo, as florestas e o clima, e sua importância na garantia da segurança hídrica, alimentar e energética”, afirmou o secretário de Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Jair Tannús Júnior. Ele representou o ministro Sarney Filho na abertura do Congresso, na manhã desta segunda-feira (16/10).
Jair chamou a atenção dos participantes para a contribuição brasileira ao evento com destaque para o Programa Água Doce, realizado pelo governo federal com coordenação do Ministério do Meio Ambiente, como uma das medidas implementadas pelo país para reduzir a vulnerabilidade ao acesso à água.
“O Programa Água Doce, que promove o uso sustentável da água e contribui para o enfrentamento dos impactos da mudança do clima, é considerado uma medida concreta de adaptação por reduzir as vulnerabilidades relacionadas ao acesso à água”, disse.
O compromisso do governo é atender mil comunidades do semiárido brasileiro até 2019. Até o momento, 482 obras foram finalizadas beneficiando cerca de 190 mil pessoas e permitindo produzir até 1,9 milhões de litros de água dessalinizada por dia.
PARTICIPAÇÃO
O secretário lembrou que nesta terça-feira (17/10), a partir das 9 horas, as experiências do Brasil no tema da dessalinização e reuso de água serão apresentados em painéis sobre “Legislação e Regulação para o Reuso e Dessalinização no Brasil”, a “Dessalinização e Reuso no Nordeste do Brasil”, “Os Desafios da Água no Estado São Paulo”. Ele também convidou o público para o Fórum Mundial da Água, que vai ocorrer em Brasília em março do próximo ano.
Na quinta-feira (19/10), uma comitiva de especialista conhecerá um sistema de dessalinização do Água Doce na comunidade Maria da Paz, em João Câmara, no Rio Grande do Norte, e participará da inauguração de um conjunto de sistemas.
O MMA montou um estande com maquete interativa do sistema de produção integrada do PAD – que usa o efluente do dessalinizador para produzir peixes e posteriormente para irrigar a erva-sal, uma planta usada como alimento para o rebanho da comunidade, garantindo além de água de qualidade para o consumo, o aumento da segurança alimentar para as famílias atendidas.
No domingo (15/10), o coordenador do Programa Água Doce, Renato Saraiva Ferreira, cortou a fita de inauguração da feira que ocorre durante o evento.
MEDIDAS IMPLEMENTADAS
Jair Tannús relacionou o tema do Congresso Internacional com o cumprimento da Agenda 2030, proposta pela Organização das Nações Unidas. Também com o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável nº 6, que preconiza a disponibilidade e o manejo sustentável da água e saneamento para todos.
Ele ressaltou que este ano a Política Nacional de Recursos Hídricos, instituída pela Lei Federal Nº 9.433, completou duas décadas e citou, ainda, medidas implementadas pelo Brasil no âmbito do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, como a aprovação da Resolução nº 54 de 2005, que estabelece critérios gerais para o reuso de água e a nº 121 de 2010, que trata do reuso de água na produção agrícola e florestal.
O secretário destacou também os esforços do Estado de São Paulo na busca por alternativas voltadas para a superação da escassez hídrica, entre elas o reuso de água e o tratamento de efluentes industriais por osmose inversa.
De acordo com ele, o fenômeno da mudança do clima ampliará ainda mais a pressão sobre os recursos hídricos. “Impacta fortemente o ciclo hidrológico e fez com que as últimas décadas fossem marcadas por um aumento significativo na ocorrência de eventos climáticos extremos, em diferentes partes do planeta, com secas e enchentes cada vez mais severas, se manifestando de forma mais crítica onde as condições ambientais locais encontram-se mais degradadas, afetando principalmente as populações vulneráveis”, disse.
ÁGUA DOCE (PAD)
Utiliza a tecnologia de dessalinização para atender comunidades rurais do semiárido brasileiro com a água de qualidade para o consumo humano, com resultados sociais e ambientais.
É realizado em parceria com instituições federais, estaduais, municipais e sociedade civil. Tem o objetivo de estabelecer uma política pública de acesso à água de qualidade utilizando a tecnologia de dessalinização com cuidados ambientais, sociais e técnicos, em áreas que sofrem com a escassez hídrica.
O Programa promove a gestão compartilhada dos sistemas de dessalinização, com a participação ativa das comunidades atendidas e promove, ainda, um amplo processo de capacitação técnica.
O MMA NO CONGRESSO:
17/10 – das 11h10 às 12h30 – Painel 3 – Dessalinização e reúso no Nordeste do Brasil – Apresentação do Programa Água Doce Nacional e Estaduais. Local: World Trade Center (São Paulo)
18/10 – Apresentação de painel, submetido pelo MMA, que vai discutir estudos de caso na América Latina, com foco na participação social na gestão de sistemas de dessalinização em pequenas comunidades do semiárido. Local: World Trade Center (São Paulo)
20/10 (09h30) – Visita ao primeiro sistema de dessalinização do Programa Água Doce alimentado com energia solar fotovoltaica, no Assentamento Maria da Paz, em João Câmara, Rio Grande do Norte.
20/10 (10h20) – Ato de encerramento da 1ª fase de implantação dos sistemas de dessalinização do Programa Água Doce no Rio Grande do Norte, no Assentamento Serra Verde (Baixa dos Macacos), município de João Câmara. Serão entregues os primeiros 68 sistemas de dessalinização à população.
Fonte: MMA