domingo, 31 de dezembro de 2017

QUE VENHA 2018


FAO

FAO e Ministério do Meio Ambiente firmam parceria para ações de sustentabilidade no semiárido

Reverter o processo de desertificação por meio de ações que enfrentem a degradação do solo, da água e a perda de biodiversidade nos ecossistemas da Caatinga é o objetivo do Projeto Redeser: Revertendo o Processo de Desertificação nas Áreas Suscetíveis do Brasil — Práticas Agroflorestais Sustentáveis e Conservação da Biodiversidade.
A iniciativa é fruto de parceria entre a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) e o Ministério do Meio Ambiente (MMA), oficializada na semana passada (20), em Brasília (DF).
O projeto será desenvolvido em seis estados do semiárido brasileiro e beneficiará 18 municípios: Delmiro Gouveia, Olho d’Água do Cascado e Piranhas, em Alagoas; Uauá, na Bahia; Crato, Barbalha e Jardim, no Ceará; Barreirinhas, Água Doce, Tutóia e Matões, no Maranhão; Santa Luzia, São Mamede e Várzea, na Paraíba; Carnaúba dos Dantas, Equador, Parelhas e Santana do Seridó, no Rio Grande do Norte.
Entre as ações do projeto, cuja duração é de quatro anos, estão o manejo florestal de uso múltiplo, a promoção da gestão integrada dos recursos naturais em paisagens produtivas, a restauração de florestas e paisagens e a gestão de conhecimento, além de capacitação e sensibilização. A FAO abrirá um escritório em Barreirinhas, cujo papel será articular com o governo do estado do Maranhão outras iniciativas na mesma área temática.
Para Alan Bojanic, representante da FAO no Brasil, o desafio consiste em evitar a perda de solo e gerar renda à população do semiárido. “Temos um componente socioeconômico importante nesse projeto, não só ambiental”, destacou.
Na opinião do ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, a luta contra a desertificação é mais do que necessária, é vital. “Trata-se de um projeto muito importante. Temos todo o interesse que a parceria com a FAO se prolongue e se intensifique”, salientou.
No Brasil, 16% do território (1,34 milhão de km²), estão suscetíveis à desertificação. Essa área abrange mais de 1,4 mil municípios e quase 35 milhões de pessoas. Os impactos do projeto incidirão diretamente sobre 904.142 hectares, dos quais 618.062 hectares de floresta, sendo o restante terras de cultivo e pastagens.
Mais de 152 mil hectares da área de intervenção estão degradados. As atividades do projeto Redeser evitarão o desmatamento por meio do manejo dos recursos florestais no âmbito de propriedade (pequenos produtores rurais) e de paisagem rural. Um componente específico trabalhará a recuperação das florestas degradadas por meio da implantação de viveiros florestais, treinamento de técnicos de viveiros e fortalecimento de bancos de sementes florestais.
No total, serão investidos 3,9 milhões de dólares, incluindo recursos do Fundo Mundial para o Ambiente (GEF, na sigla em inglês), além de uma contrapartida de 18 cofinanciadores.
Os cofinanciadores são Assessoria e Gestão em Estudos da Natureza (AGENDHA); Associação de Plantas do Nordeste (APNE); Fundação Parque Tecnológico de Paraíba (CEPIS); Fundação Araripe; FAO; Fundação de Educação Tecnológica e Cultural (FUNETEC); Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS); Centro Mundial Agroflorestal (ICRAF); Instituto Nacional do Semiárido (INSA); Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA); MMA; Secretaria de Agricultura da Paraíba (SEAFDS); Serviços de Apoio para Projetos Alternativos Comunitários (SEAPAC); Secretaria de Meio Ambiente da Paraíba (SEIHRMACT); Secretaria de Meio Ambiente de Crato (SEMA); Secretaria de Meio Ambiente de Alagoas (SEMARH); Secretaria de Planejamento do Rio Grande do Norte (SEPLAN); Serviço Florestal Brasileiro (SFB).
Fonte: ONU

sábado, 30 de dezembro de 2017

ÍNDIA

Índia testa canhão de água para combater poluição atmosférica

A Índia anunciou nesta quarta-feira  uma nova arma para o combate à poluição do ar: uma “arma antipoluição atmosférica”, a qual as autoridades esperam que limpe os céus sobre Nova Déli. Ambientalistas, no entanto, advertem se tratar apenas de uma medida paliativa.
A nova arma é um canhão de água – com forma de secador de cabelo e colocada sobre a traseira de um caminhão. Ele foi testado em Anand Vihar, uma área no leste de Déli, que faz divisa com uma zona industrial com altos índices de poluição atmosférica. Nesta quarta-feira, por exemplo, a concentração das partículas menores e mais nocivas atingiu o valor de 380 – mais de 15 vezes o máximo considerado seguro pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os fabricantes desses canhões afirmaram que as finas gotas de água, ejetadas em alta velocidade, podem expelir os mortais poluentes atmosféricos. Os canhões – projetados para combater o pó em locais de mineração e construção – custam cerca de 30 mil dólares, mas o governo parece estar disposto a abrir os cofres.
“Se o canhão se mostrar bem sucedido, iremos aplicá-lo nas ruas de Déli o mais rápido possível”, disse Imran Hussain, ministro do Meio Ambiente do Governo de Déli. Ele acompanhou uma sessão de testes em Anand Vihar.
O fabricante Cloud Tech afirmou que o canhão pode borrifar até 100 litros de água por minuto e limpar 95% dos poluentes no ar.
O Greenpeace não se mostrou impressionado e afirmou que o canhão não passa de uma maneira de desvia a atenção das causas da poluição no inverno em Déli – um fenômeno tão maléfico que o próprio governo local o descreveu como uma “câmara de gás”.
Déli sofre com a poluição atmosférica, o chamado smog, todos os invernos, uma vez que o ar frio retém uma mistura tóxica de poluentes originados de queimadas de culturas, escapamentos de veículos, incêndios, poeira de construções e emissões industriais.
“Esta definitivamente não é a solução. É possível usá-lo [o canhão] ocasionalmente em locais sensíveis, mas a solução para a poluição reside em controlá-la na fonte em vez de pulverizar água pelo ar”, disse Sunil Dahiya, da organização ambiental Greenpeace. “O governo de Déli deveria considerar soluções mais sustentáveis ao invés de criar negócios para algumas empresas.”
A capital indiana tem enfrentado dificuldades para contornar o problema. Com medidas drásticas de curto prazo, como fechar fábricas, fornos de fabricação de tijolos e restringir o uso de carros, Déli não tem conseguido reduzir os níveis perigosos de poluição. A crise foi tão grave em novembro, que médicos declararam emergência de saúde pública, enquanto escolas foram fechadas em toda a capital do país.
A fabricante Cloud Tech admitiu que um ou dois canhões teriam pouco impacto no combate à poluição e sugeriu a necessidades de colocar entre 30 e 40 deles em ação. “Esta é uma solução para quando você está desamparado”, disse VImal Saini, da Cloud Tech.
Pequim realizou testes com um canhão de água em 2014, mas autoridades foram criticadas por desperdiçar dinheiro numa máquina em que cientistas concordaram ser pouco eficiente para a redução de poluentes atmosféricos.
Fonte: Deutsche Welle

AMAZÔNIA

Como a luta para salvar botos revelou cadeia de contaminação e doenças na Amazônia.

O que tem a ver a luta pelos botos-cor-de-rosa do rio Amazonas com vendedores de peixes em cidades a centenas de quilômetros, ou com crianças que sofrem por tremores e dores de cabeça agudas?
A resposta é: muito. Na vasta Amazônia (que vai além do Brasil e inclui Peru, Colômbia, Bolívia, Equador, Suriname, Venezuela, Guiana e Guiana Francesa), a luta pela conservação pode abrir uma verdadeira “caixa de Pandora”, segundo o biólogo colombiano Fernando Trujillo, uma das principais autoridades do mundo em botos-cor-de-rosa.
Diretor científico da Fundação Omacha, Trujillo falou recentemente sobre seu trabalho na Royal Geographic Society, a Sociedade Real Geográfica de Londres, e mostrou como o uso de carne de botos como iscas traz luz à complexa realidade da região amazônica – uma área de 7 milhões de quilômetros quadrados e cerca de 34 milhões de habitantes – dos quais apenas 3,5 milhões são indígenas.
Além de terem gerado um documentário premiado, prestes a ser exibido pela Netflix, as pesquisas do cientista contribuíram para que o governo colombiano proibisse, neste ano, o consumo de um tipo de peixe contaminado por mercúrio da região.
Mas qual é a conexão entre o peixe e os botos?
‘Deuses da água’
Fernando Trujillo estudou Biologia Marinha e chegou à Amazônia em busca de botos por conselho do explorador francês Jacques Cousteau.
“Os golfinhos me interessavam muito. Nesta época, meus professores na Colômbia me diziam que no país não havia botos ou golfinhos e que eu deveria buscá-los nos Estados Unidos”, relatou o biólogo à BBC Mundo (o serviço de notícias em espanhol da BBC).
“Mas tive a sorte de conhecer o comandante Cousteau quando ele fez uma conferência na Colômbia na década de 1980. Ele me disse que não havia ninguém no país estudando os botos do Amazonas e perguntou: ‘Por que você não vai?”.
Trujillo acabou se mudando definitivamente para o pequeno povoado amazônico de Puerto Nariño. “Quase não tinha dinheiro, mas os indígenas me davam comida, emprestavam embarcações e começaram a me chamar de Omacha”.
Trujillo deu esse nome à fundação que criou na Amazônia colombiana, como uma metáfora para o que significa “colocar-se no lugar de outra espécie”.
Para os indígenas, os botos são animais sagrados. A grande ameaça à esta espécie, segundo o especialista, vem da pesca comercial.
Peixe carniceiro
“Quando os grandes bagres começaram a ficar escassos na Amazônia, começamos a notar no Brasil a pesca de um peixe carniceiro chamado piracatinga (Calophysus macropterus, também conhecido como douradinha, no Brasil, e mota, na Colômbia). Ninguém pescava a piracatinga na Colômbia, porque todo mundo sabe que ele come animais mortos – inclusive cadáveres humanos.”
O pesquisador continua: “Até o ano 2000, havia um peixe muito consumido na Colômbia que se chamava ‘el capaz’. Era um peixe do rio Magdalena. Mas quando este peixe começou a sumir, os comerciantes começaram a vender a piracacinga fingindo que era o ‘el capaz’.”
Assim começou a pesca maciça do peixe carniceiro – e a matança de botos cor de rosa, cuja carne e gordura se transformaram em iscas.
“Com apenas um boto morto usado como isca, os pescadores conseguiam pescar 250 quilos de picaratinga, o que gerou críticas em vários países”, diz Trujillo.
No Brasil, estima-se que a pesca comercial mate 1,5 mil botos a cada ano.
Proibições
Um vídeo da matança gravado em 2014 gerou tal comoção que o governo brasileiro proibiu a pesca do peixe carniceiro por cinco anos.
Como efeito colateral deste controle no Brasil, a caça a botos se intensificou em países como Peru, Bolívia e Colômbia.
“Por toda a minha vida eu trabalhei com botos. Mas então me dei conta: agora o tema não são mais os golfinhos, e sim a pescaria”, explica o pesquisador.
Trujillo começou então a investigar o consumo da piracatinga, suspeitando que, pelo fato de se tratar de um peixe carniceiro, seu organismo poderia ter altos índices de mercúrio.
“Começamos a colher amostras com Fundo Mundial para a Natureza, da ONG WWF”, conta.
Após estudos oficiais, o governo colombiano condenou em 2015 o consumo do peixe e, em setembro de 2017, proibiu permanentemente sua captura e comercialização.
Trujillo disse à BBC Mundo que ainda é muito cedo para se analisar o impacto da proibição sobre a população de botos. Mas, segundo ele, ficou clara a conexão entre a conservação do Amazonas e a exploração ilegal de ouro, de onde provém o mercúrio.
O Mercúrio e o ouro
“Para um quilo de ouro é necessário 1,32 quilo de mercúrio. Muitas vezes, entretanto, usa-se até 10 quilos de mercúrio para isolar 1 quilo de ouro. O desperdício de mercúrio é enorme.”
Quando os peixes carniceiros comem outros peixes contaminados, o mercúrio vai se acumulando, já que seu organismo não é capaz de eliminá-lo.
“O mercúrio ataca o sistema nervoso central, fígado, rins, causa temores e dores de cabeça agudas”, diz Trujillo.
“Além disso, o mercúrio é uma substância que em altas concentrações pode ser teratogênica, ou seja, pode ocasionar malformações congênitas”, diz.
“Houve uma época no Brasil em que começaram a confundir estes sintomas com ataques graves de malária”, conta.
A Fundação de Trujillo e vários institutos e governos pesquisam alternativas econômicas para a Amazônia como o turismo, os cultivos de cacau orgânico e aquicultura – a criação de espécies nativas em fazendas aquáticas. A ideia é evitar assim o garimpo ilegal que usa grandes quantidades de mercúrio, assim como a pesca predatória.
Ameaças
Um documentario sobre este trabalho e a luta pelo boto-cor-de rosa abriu o festival de Tribeca, em Nova York, e em breve estará disponivel na Netflix.
“Há algumas décadas, se tivessem me falado de aquicultura no Amazonas eu teria dado risada”, afirma. “Hoje é uma necessidade.”
Nos últimos 20 anos, houve um crescimento exponencial na população na Amazônia, graças à exploração de petróleo, à mineração, aos grandes cultivos de soja, ranchos de gado e às hidrelétricas, com a expansão de bairros nos arredores de estradas.
“Há um aspecto socioeconômico neste caso. Já existem 34 milhões de seres humanos vivendo na amazônia, dos quais apenas 3,5 milhões são indígenas.”
Trujillo sofreu ameaças após a proibição da pesca da piracatinga na Colômbia e chegou a usar um colete a prova de balas e proteção especial para voltar à região onde trabalhou por décadas.
“Foi um momento muito triste. Mais que medo, foi triste, porque eu trabalhei 30 anos de minha vida para ajudar as pessoas no Amazonas e nunca pensei que este tipo de estudos abriria uma caixa de Pandora que me renderia ameaças” , lamenta.
“Estou comprometido a buscar alternativas econômicas para a região. Não estou interessado em acabar com a economia da área, mas sim fortalecê-la e torná-la sustentável.”
A luta de Trujillo para proteger os botos deixou um grande ensinamento.
“Os cientistas ensinam que temos que estudar uma espécie e publicar artigos científicos, mas me dei conta que nossos políticos não leem artigos científicos.”
Segundo o pesquisador, a principal lição foi perceber que “além da perspectiva científica, é preciso abordar temáticas políticas e socioeconômicas” nos estudos.
“Estamos em um mundo complexo, e não podemos simplificar as coisas a partir do nosso próprio interesse”, diz. “É preciso trabalhar com economistas, sociólogos, antropólogos, cientistas políticos, comunicadores, criando redes de trabalho para a busca de soluções para a Amazônia.”
Fonte: BBC

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

IBAMA

Ibama apreende barcos, resgata tartarugas e embarga ranchos de pesca em MT

Os animais resgatados foram devolvidos ao rio Araguaia e o pescado foi doado ao Conselho de Segurança de Novo Santo Antônio (MT) e à Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Canarana (MT).
Na primeira semana de operação, foram monitorados 400 quilômetros entre os municípios de São Félix do Araguaia e Gaúcha do Norte. “A caça e a pesca predatórias afetam toda a bacia. A fiscalização durante a piracema é prioridade do Ibama na região”, afirma o coordenador da operação, Leandro Nogueira.
O defeso na bacia hidrográfica do rio Araguaia começou em 1º de novembro e será mantido até 28 de fevereiro de 2018. Durante o período, fica restrita a captura, o transporte, a comercialização, o beneficiamento, a industrialização e o armazenamento das espécies protegidas.
Defeso da Lagosta na Paraíba
De 08 a 17 de dezembro, agentes do Ibama realizaram vistorias em entrepostos pesqueiros, restaurantes e estabelecimentos comerciais em todo o litoral da Paraíba para inibir a pesca e a venda das lagostas vermelha (Panulirus argus) e cabo verde (Panulirus laevicauda).
Cerca de 270 quilos de lagosta foram apreendidos e doados para oito entidades filantrópicas. Os agentes ambientais aplicaram 12 autos de infração, que totalizam R$ 48.141,08.
A pesca, a conservação, o beneficiamento, a industrialização e a comercialização dessas espécies de lagosta são proibidas de 1º de dezembro até 31 de maio, conforme a Instrução Normativa do IBAMA nº 206/2008. Somente quem possui estoque anterior ao início do defeso  que tenha sido declarado ao Ibama pode comercializar a mercadoria.
O descumprimento do defeso resulta em apreensão da lagosta e multa de R$ 700 a R$ 100.000, acrescida de R$ 20,00 por quilograma do produto (Decreto Federal nº 6.514/2008).
Fonte: Ibama

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

O descanso dos maçaricos-rasteirinhos

Monitorar as aves limícolas migratórias (limícolas são aves, geralmente, associadas a zonas úmidas e costeiras, como estuários e lagunas) no Parque Nacional do Cabo Orange no estado do Amapá. Esse foi o objetivo da expedição que encontrou cerca de 10 mil maçaricos-rasteirinhos (Calidris pusilla) em apenas dois grandes bandos, descansando em um sub-bosque de manguezal próximo ao Cabo Orange. Essa espécie, considerada ameaçada de extinção, utiliza o Parque em grande número e por longos períodos no ano, cerca de 7 a 8 meses, invernando e fugindo do frio do Hemisfério Norte – onde se reproduzem. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), através do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave), é responsável pela coordenação do Plano Nacional (PAN) de Aves Limícolas Migratórias.
“Não são comuns esses registros. As aves, que se alimentam nos bancos e praias lamosas, tendem a se concentrar durante a maré cheia em praias mais altas para descansar. No sub-bosque do manguezal, entre as raízes e pequenas árvores, a atividade era bastante intensa, com intensa vocalização e socialização”, relata a coordenadora do PAN Aves Limícolas Migratórias do Cemave, Danielle Paludo. Durante a expedição, a equipe realizou o censo e o levantamento de habitats para as diferentes espécies, além da definição das ações de pesquisa e monitoramento das aves migratórias no litoral e na unidade de conservação. O comportamento das aves nos bandos gigantescos também foi registrado através de fotografias e filmes pelos pesquisadores durante a expedição.
Os resultados desta expedição são considerados excelentes, e orientarão os próximos trabalhos para o monitoramento das aves limícolas no litoral norte do Brasil e no Parque do Cabo Orange”, ressalta Danielle. Segundo ela, o Cemave possui uma parceria com a New Jersey Audubon Society e está articulando a colocação de uma torre de rádio em Calçoene para rastreamento das aves que serão marcadas com transmissores de rádios a partir de setembro de 2018. Com esse sistema será possível monitorá-las durante a estada no Brasil, nos sítios de invernada, e conhecer com detalhes quais são os micro-habitats utilizados para alimentação e descanso. Essas informações são importantes para a conservação das aves migratórias e para a gestão da Unidade de Conservação, que pode assim direcionar os esforços de proteção, de educação ambiental e de uso público, melhorando a sua efetividade na conservação da biodiversidade.
O PAN Aves Limícolas Migratórias foi o motivador da expedição, que teve o objetivo de ampliar e assegurar a proteção efetiva dos habitats para as aves no Brasil, e identificou o Parque Nacional do Cabo Orange como um dos sítios de invernada de aves migratórias prioritários para a pesquisa e monitoramento, importantes para a conservação do grupo no Estado do Amapá, no Brasil e nas Américas.
A expedição foi realizada com pesquisadores colaboradores do PAN Aves Limícolas Migratórias, com apoio do GEF Mar e Parque Nacional do Cabo Orange. Participaram da expedição os pesquisadores Ana Paula Souza (UFMA), Pedro Lima (UFBA), Reydson Rafael (IFCE) além de Danielle Paludo (Cemave/ICMBio) e Paulo Silvestro (PNCO/ICMBio). “A articulação e as parcerias interinstitucionais e dos Centros e das unidades de conservação do ICMBio são fundamentais para a viabilização dos projetos de pesquisa e conservação do PAN”, ressalta.
Mais de 358 espécies registradas
O Parque Nacional do Cabo Orange situa-se na fronteira norte do Brasil, limitado pelo rio Oiapoque e vizinho da Guiana Francesa. Compreende uma impressionante área de manguezais e matas costeiras, além de campos alagados e restingas, abrigando uma grande biodiversidade e riqueza cultural. Mais de 358 espécies de aves já foram registradas no Cabo Orange. Possui 657 mil hectares, quase 200 quilômetros de litoral amazônico. Pela importância e riqueza de suas áreas úmidas, foi reconhecido como Sítio Ramsar em 2013. O Cemave publicou em 2008 um guia de aves do Parque Nacional do Cabo Orange.
Fonte: ICMBio

domingo, 24 de dezembro de 2017

BOAS FESTA


TESOURO

As revelações de tesouro descoberto por mergulhadores no fundo do mar em Israel.

Ele havia mergulhado ali várias vezes antes e adorou a região por causa de sua fartura de peixes, além de restos de navios afundados e cerâmicas que às vezes encontrava no solo marinho. Muitas áreas arqueológicas submarinas de Israel estão abertas aos mergulhadores, e Cesareia era um dos lugares preferidos dele.
Uma tempestade violenta havia atingido o litoral oeste do país na noite anterior, agitando o solo do mar e mudando a topografia submarina. Enquanto Fayer mergulhava mais fundo para investigar o objeto brilhante que havia visto, ele sabia que havia outra tempestade a caminho.
Como era um mergulhador experiente, se sentiu confiante. Naquele momento, porém, o céu de inverno estava começando a escurecer, a brisa estava mudando.
Conforme Fayer se aproximou, percebeu que o brilho deveria ser vir de embalagem de doce, quem sabe um daqueles chocolates simulando uma moeda de pirata.
Mas ao se aproximar e pegar o objeto, viu que estava errado. Não tratava-se de uma embalagem, era uma moeda real de ouro com gravações em árabe em ambos os lados.
“Fiquei chocado quando vi que ambos os lados do metal eram ouro”, diz ele.
Vestígios do passado
Fayer vasculhou mais a areia, viu outra moeda e outra e então outra – o tesouro de um navio naufragado que ficou perdido no tempo.
Exploradores sem escrúpulos poderiam ter levado o tesouro com eles, mas Fayer e seus parceiros de mergulho voltaram ali com seu barco e contataram as autoridades de Cesareia, que então ligaram para a Autoridades de Antiguidades de Israel (IAA, na sigla em inglês).
Quando os pesquisadores da IAA chegaram, estavam céticos. Cesareia é um lugar arqueológico submarino cheio de objetos antigos – eles estavam preocupados com roubos.
“Nós levamos um banho de água fria”, diz Fayer. “Eles estavam gritando conosco, perguntando por que tiramos as moedas do mar. Explicamos nossas condições, tinha uma outra tempestade chegando com a expectativa de ondas de 10 m de altura. Dissemos a eles que, se não tivéssemos levado as moedas naquela hora, talvez jamais as encontrássemos de novo.”
Trabalhando com a IAA, Fayer e sua turma voltaram ao mar e recolheram mais moedas. Dias depois, voltaram de novo e recuperaram centenas delas.
Até agora, mais de 2 mil moedas foram encontradas no local. Por ter pureza de 95% e 24 quilates de ouro em bom estado de preservação mesmo após cerca de mil anos na água do Mediterrâneo, elas estão dando informações empolgantes sobre capítulos esquecidos da história aos pesquisadores.
O que dizem as ruínas
Cesareia, que fica entre Tel Aviv e Haifa no Mar Mediterrâneo, hoje é mais conhecida por suas ruínas romanas. O centro histórico foi restaurado e transformado em um ponto turístico com um museu e um restaurante modernos. Há também um condomínio e um campo de golfe ali perto.
Mas, ao observar a baía ou os arcos do que restou de um aqueduto e admirar o azul da água em direção a Chipre, Turquia e Grécia, é fácil imaginar como esse lugar era há séculos atrás.
Os primeiros prédios construídos em Cesareia foram erguidos em 4 d.C. para estabelecer um ponto de comércio fenício e grego. Em algum momento depois de 96 a.C., porém, a cidade acabou dominada pela rainha egípcia Cleópatra.
Mas a região foi conquistada pelos romanos e Cesareia – então chamada de Stratonos Pyrgos (“A Torre de Straton”) – logo foi entregue a Herodes, o Grande, denominado rei da região pelos romanos. Ele então renomeou a cidade em homenagem ao imperador romano.
Sob o domínio de Herodes, a cidade prosperou. O rei ordenou a construção de quebra-ondas para criar um grande porto com águas profundas, além de um aqueduto, um hipódromo e um anfiteatro para 20 mil pessoas para assistir às batalhas sangrentas entre gladiadores.
Em 6 d.C., Cesareia era a capital da província romana da Judeia. Assim, foi também lar de muitos governadores romanos dali, incluindo Pôncio Pilatos, que governou durante o período histórico de Jesus.
Quando os judeus se revoltaram contra os romanos entre 66 e 70 d.C., e Jerusalém foi destruída, a cidade se tornou o centro político e econômico da região. Se parece um pouco parada agora, é porque tem 2 mil anos de idade.
A cidade continuou importante e com bons relatos históricos até 640 d.C., quando o último bastião da região foi dominado por invasores muçulmanos. Depois disso, a história não foi tão bem documentada.
Há um consenso de que Caesarea perdeu a glória e seu papel político-social da época, suas ruínas foram saqueadas e repovoadas por comunidades pequenas antes de se tornar um lar para uma pequena vila de pescadores em 1800.
Mudança nos rumos
Mas a descoberta das moedas mudou essa história, de acordo com Jakob Sharvit, diretor da Unidade de Arqueologia Marinha da IAA. Aliás, ela sugere que Cesareia continuou sendo um centro de comércio durante o período sob o domínio dos califados islâmicos, ou seja, que não se tornou apenas um reservatório de água rural e remoto.
“Antes de descobrir as moedas, não tínhamos ideia de que a comunidade de Cesareia na época era tão grande ou tão rica”, disse Sharvit. “Então isso mudou o que pensávamos sobre aquele período.”
Embora pequenas, as moedas trazem muitas pistas sobre como era o mundo na época. As datas cunhadas nelas mostram que elas foram feitas durante os califados de al-Hakim (996-1021 d.C.) e seu filho al-Zahir (1021-1036 d.C.), quando Cesareia fazia parte do califado Fatímida, que na época se estendia pelo leste do Mediterrâneo.
As moedas foram cunhadas nas cidades de Cairo, no Egito, e Palermo, na Sicília (Itália), o que prova que elas circulavam no império inteiro. Outras pistas são mais pessoais, como marcas de dentes que indicam quão antiga é a prática de usá-los para testar se algo é mesmo de ouro.
Julgando por seu valor, é possível que Cesareia ainda era uma cidade próspera e agitada na virada do século 11.
“Essas moedas valiam muito dinheiro para as pessoas que moravam aqui”, disse Sharvit.
Fonte: BBC

sábado, 23 de dezembro de 2017

BIÓLOGO

Biólogo brasileiro reúne imagens de todas as cobras já identificadas no Cerrado.

Então, quando cursava Biologia, na mesma USP, em 1996, começou suas pesquisas sobre a diversidade de serpentes do bioma, o segundo maior do Brasil, com 22% do território nacional.
O resultado desse trabalho é o livro Serpentes do Cerrado – Guia Ilustrado, que registra em imagens todas as cobras identificadas até hoje na chamada savana brasileira.
Image caption Pesquisa sobre serpentes do bioma começou em 1996 | Foto: Divulgação
A obra, produzida com seu colegas Otavio Augusto Violo Marques, do Instituto Butantan; André Eterifica, da Universidade Federal do ABC; e Ivan Ázima, da Unicamp, reúne 185 fotografias de 135 espécies de serpentes, muitas delas difíceis de serem encontradas e várias até mesmo na lista de espécies ameaçadas de extinção.
Algumas foram fotografadas no Instituto Butantan, mas a grande maioria foi mesmo capturadas no campo, em locais como o Parque Nacional das Emas e Chapada dos Veadeiros, em Goiás; no Jalapão, em Tocantins; na região de Brasília; na Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso; e no Parque Nacional Grande Sertão Veredas, na divisa entre Minas Gerais e Bahia, entre outras.
Image captionJalapão, na serra do Espírito Santo é um dos pontos onde são encontradas espécies com frequência | Foto: Divulgação
“Os maiores obstáculos foram a imensa extensão territorial do Cerrado, que cobre quase 2 milhões de quilômetros quadrados, e a extrema dificuldade me encontrar serpentes na natureza”, conta Nogueira.
“Cobras são o grupo de vertebrados mais difícil de se amostrar em campo. Para um bom inventário desses animais, ainda mais em regiões ricas como o Cerrado, onde uma mesma localidade pode abrigar até cerca de 60 espécies diferentes, são necessários muitos anos para que haja uma boa amostragem.”
Ele conta que em um mês em campo só é possível ver, em média, de cinco a 10 espécimes, número que, com muito trabalho e sorte, pode chegar a 20.

Segundo Nogueira, antes do seu trabalho, praticamente não se sabia nada sobre serpentes do Cerrado. Por isso, suas pesquisas procuraram determinar o número de espécies existentes, quais as mais comuns e as mais raras, em que ambiente vivem, quantas e quais são endêmicas (que só existem na região), qual a sua dieta e quando e como se reproduzem. “São questões básicas de História Natural, que não eram conhecidas”, diz.
“Era como estudar dois temas cercados de total desconhecimento e muito preconceito. Primeiro, as próprias cobras, que por falta de conhecimento são tidas como animais perigosos e muitas vezes perseguidos. O segundo, o Cerrado, completamente desconhecido e desvalorizado dentro e fora do Brasil. Foi uma descoberta atrás da outra.”
O objetivo do trabalho de Nogueira não é exclusivamente científico. “Também queremos ensinar as pessoas que encontram serpentes na natureza a identificá-las e conviver com elas”, explica. “No nosso trabalho percebemos que a população tem um desconhecimento muito grande sobre as cobras, o que gera um preconceito contra elas. Como não sabem diferenciar as venenosas das que não são, acaba matando todas que encontram, até mesmo alguns lagartos que, por não terem patas, são confundidos com serpentes.”

De acordo com Nogueira, a maior parte das cobras do cerrado não são venenosas, mas mesmo assim são perseguidas e mortas, indiscriminadamente, em todas as áreas rurais onde foram feitos os estudos. Nesse sentido, o seu trabalho já trouxe resultados. “Ao mostrar as espécies aos moradores locais, ao explicar sua relevância e que são, em geral inofensivas, muitas pessoas pararam de matá-las em fazendas e localidades de estudo por onde andei ao longo de meu mestrado e doutorado”, conta.
No área científica propriamente dita, o trabalho de Nogueira também trouxe resultados significativos, como a descoberta de espécies já ameaçadas de extinção. É o caso da corre-campo (Philodryas lívida), registrada pelo pesquisador no Parque Nacional das Emas. Como seu nome popular sugere, essa serpente vive em regiões de campo, onde praticamente não há água e a vegetação se limita a gramíneas.
“Essas áreas são as primeiras a desaparecer, para dar espaço à agricultura mecanizada”, diz. “São chapadas, planas, altas e fáceis de operar as máquinas, e, por isso, muito cobiçadas para produção de milho e soja, por exemplo.”
A descoberta de novas espécies de cobras foi outro resultado dos estudos de Nogueira, muitas ainda não descritas, sem nome científico disponível. “Houve também o encontro de espécies do gênero Siagonodon, como S. acutirostris”, diz. “Em geral são espécies fossórias, ou seja, que vivem a maior parte do tempo sob o solo, em galerias subterrâneas, onde se alimentam e evitam os efeitos de variação de umidade e de temperatura e da ação do fogo. É uma adaptação importante, e muitas novas espécies nestes grupos vêm sendo descobertas e depois descritas. A fauna fossorial é bastante rica no cerrado.”
Image captionParte das cobras foram fotografadas no Instituto Butantan, em São Paulo | Foto: Divulgação
Segundo Nogueira, essas descobertas e os conhecimentos agregados ao longo deste trabalho serviram, por exemplo, para auxiliar a revisão da lista brasileira de espécies ameaçadas de extinção. Além disso, integraram também um estudo mundial recente mapeando, pela primeira vez, todas as espécies de répteis do planeta. “Nesse trabalho, o cerrado surgiu como uma zona de alta riqueza e relevância”, diz o pesquisador. “Sem os estudos de base, como o nosso, teria sido um grande vazio nos mapas, uma ‘terra incógnita’, como era até bem recentemente.”
Os bons resultados e o livro não encerram o trabalho de Nogueira, no entanto. “Ele ainda está em andamento”, diz. “Hoje passamos de uma fase de documentação básica da diversidade para estudar a conservação das serpentes, e para entender o papel delas e dos répteis em geral do cerrado no contexto de sua distribuição no planeta. No início era fazer o básico: quais são, onde estão. Hoje, é entender no contexto de conservação da diversidade global de répteis, e também divulgar as descobertas para fora do meio científico, para o público geral, que se mostra muito interessado, sempre, em cobras.”
Seus estudo o levam a fazer um alerta: caso não sejam tomadas medidas mais efetivas e enérgicas para conservar o que restou do cerrado, hoje reduzido a menos de 30% de sua cobertura original nativa (tomada cada vez mais por monoculturas de grãos, como soja, milho e sorgo), em breve será perdida grande parte das espécies de flora e fauna endêmicas da região, incluindo boa parte de suas cobras.
“Isso será uma perda irreparável, e teremos destruído uma das regiões mais ricas e intrigantes do planeta”, diz. “Como pesquisador desse bioma e de sua riquíssima diversidade biológica, me entristece muito ver que a savana mais biodiversa da Terra continua a ser desmatada em ritmo muito rápido, desaparecendo numa taxa de perda muito superior à verificada, por exemplo, na Amazônia.”
Fonte: BBC

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Projeto destina US$ 60 mi para Amazônia

Mais de 60 milhões de dólares serão investidos em ações de sustentabilidade na Amazônia Legal. O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, participou nesta terça-feira (19/12) da assinatura de contrato que vai liberar os recursos do projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia, financiado pelo Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF). O projeto será coordenado pelo MMA em parceria com os órgãos vinculados e os governos do Acre, Amazonas, Rondônia e Pará.
A medida focará a gestão de unidades de conservação, além de aumentar as áreas de restauração e manejo sustentável na Amazônia. “Temos de agir de todas as maneiras possíveis para dar o fortalecimento adequado à vertente da sustentabilidade”, declarou o ministro. Sarney Filho destacou, ainda, que a promoção do desenvolvimento sustentável na região é fundamental para dar continuidade à redução do desmatamento, que caiu 16% neste ano.
O MMA atuará na coordenação direta do projeto que vai durar seis anos. O contrato foi assinado entre o Banco Mundial, que atua como agência implementadora, e a Conservação Internacional (CI) e o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), ambos executores. O diretor do Banco Mundial para o Brasil, Martin Raiser, ressaltou que o projeto beneficia tanto a conservação do bioma quanto o desenvolvimento social dos povos da região amazônica.
INTEGRAÇÃO
As áreas da Amazônia localizadas no Brasil, na Colômbia e no Peru estão envolvidas no projeto. O objetivo é promover a visão integrada do bioma e a conectividade entre os três países nas medidas de conservação por meio da cooperação regional. “É o primeiro projeto na região amazônica que tem ligações muito próximas com os países que querem se beneficiar das experiências do Brasil”, destacou Martin Raiser, do Banco Mundial.
O projeto apoiará também o Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), que existe há 15 anos e abrange, hoje, 60 milhões de hectares em unidades de conservação (UCs). A meta do Paisagens Sustentáveis é acrescentar 3 milhões de hectares de novas áreas protegidas. Esse componente ainda envolve a consolidação das UCs já existentes e a criação de mecanismos para sustentabilidade financeira a longo prazo.
Políticas voltadas para paisagens produtivas sustentáveis e recuperação da vegetação nativa também estão entre as áreas de atuação do projeto. Nesse sentido, a iniciativa fortalecerá os planos e ações ligados à proteção e restauração do bioma, além da gestão das florestas. “O modelo atingiu um novo patamar, em que a conservação é o eixo principal, mas não o único”, explicou o secretário de Biodiversidade do MMA, José Pedro de Oliveira Costa.
Fonte: MMA

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Chapada dos Veadeiros

Chapada dos Veadeiros vai receber R$ 10 milhões a partir de novas regras de compensação ambiental

Em fala nesta quarta-feira (20), Sarney Filho (PV-MA), ministro do Meio Ambiente, afirmou que R$ 10 milhões arrecadados das empresas por meio da compensação ambiental serão destinados à manutenção e preservação da chapada a partir de março de 2018. Um incêndio atingiu o parque em outubro, consumindo 66.014 hectares de floresta.
Medida provisória publicada no início de dezembro criou um fundo que será administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente.
As empresas terão a opção de destinar o dinheiro da compensação ambiental diretamente para o fundo, cabendo ao instituto redistribuir a verba para as unidades de conservação. Essas unidades são amostras de ecossistemas, espaços com características naturais relevantes. Atualmente, a União reconhece 324 áreas como unidades de conservação, o que equivale a 80 milhões de hectares ou 9% de todo o território nacional.
O ICMBio prevê que o fundo irá beneficiar 146 unidades de conservação, com um aporte de R$ 1,4 bilhão no total. Segundo o presidente do instituto, Ricardo Soavinski, o fundo irá “destravar e agilizar” o processo de tranferência de recursos das empresas para a manutenção das áreas de proteção.
As empresas, cujas atividades e empreendimentos geram impacto ambiental, são obrigadas por lei a destinar recursos para reverter os danos às unidades de conservação. O empreendedor deve pagar, no mínimo, 0,5% do valor total do investimento para recuperação da área natural. Este custo varia de acordo com o impacto e com a região explorada.
Rio São Francisco também será beneficiado
Outra medida anunciada na coletiva desta quarta (20) é a conversão de multas ambientais na recuperação de nascentes de oito sub-bacias do Rio São Francisco. Essas bacias representam 66,7% das águas que chegam ao São Francisco.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) espera arrecar R$ 1,2 bilhão com as multas no primeiro semestre de 2018 e R$ 4,6 bilhões na primeira fase do programa.
A empresa poderá realizar o serviço diretamente (ganhando 30% de desconto no valor da multa) ou indiretamente (60% de desconto). Se optar pela execução indireta, o Ibama ficará responsável pela realização do serviço de recuperação das áreas violadas. A Petrobras se comprometeu a converter R$ 300 milhões – valor já com 60% de desconto. Hoje o Ibama tem um passivo de multas de R$ 38 bilhões.
Fonte: G1

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Seis novas espécies de tamanduá-anão são descobertas na América Latina

Pesquisadores brasileiros, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), revelaram e confirmaram seis novas espécies de tamanduaí, ou tamanduá-anão, na América Latina.
Antes, acreditava-se que existia apenas a Cyclopes didactylus. Temos, a partir de agora, até uma versão “ruiva” desses animais, com a pelagem avermelhada, como explica Flávia Miranda, uma das autoras do estudo publicado nesta segunda-feira (10), no periódico científico “Zoological Journal of the Linnean Society”.
O estudo mostrou os resultados das análises de 287 espécimes de coleções – incluindo caudas e crânios – e o DNA foi sequenciado de 33 amostras. Os pesquisadores levaram em conta padrões para o pelo e outras características anatômicas dos animais.
Foram dez expedições em diferentes lugares do Brasil – Pará, Pernambuco, Piauí, São Luis, Amapá – e no Suriname, de 2007 a 2016, para caracterizar os novos tamanduás-anões. Algumas das amostras foram obtidas de outras regiões da América Latina, como Colômbia e Peru, e outros estados do país, como Manaus, Rondônia, Acre e São Paulo.
Três dessas novas espécies já haviam sido relatadas (as três primeiras abaixo), mas sem revalidação, e três nunca haviam sido identificadas. São os nomes:
  • Cyclopes ida
  • Cyclopes dorsalis
  • Cyclopes catellus
  • Cyclopes thomasi
  • Cyclopes xinguensis
  • Cyclopes rufus
“É em toda a América Latina. Uma espécie fica na região mesoamérica, do México até os Andes, outras espécies aqui no Brasil, e uma na Bolívia. Foram dez anos de trabalho de campo na Amazônia”, disse Flávia, que também é integrante do Projeto Tamanduá.
A pesquisa foi orientada pelo pesquisador Fabricio Rodrigues. De acordo com Flávia, no próximo ano, será feita a análise do status de conservação desses novos tamanduás-anões. O interesse do projeto é identificar se alguma delas já está sob risco de extinção.
“A gente acredita que algumas possam já estar correndo risco. É o caso da Cyclopes xinguensis, que fica no Xingu, onde existe uma área já bem degradada”, completou.
Fonte: G1

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Desmatamento no Paraná: até a última árvore

Alertado pela rápida perda de áreas nativas pelo extrativismo espoliativo, o Brasil implementou uma medida jurídica para garantir a proteção de uma fração do território: surgia o Código Florestal Brasileiro, em 1965, que estabelece que cada propriedade rural conserve uma determinada porção de área natural. São as áreas de Reserva Legal e as áreas de Preservação Permanente.
Junto a isso, o governo normatizou a prática do manejo florestal como instrumento para controlar a exploração da madeira nativa no país. Órgãos ambientais passaram a licenciar a retirada de madeira de áreas que, em tese, poderiam ser manejadas ao longo dos anos.
Muitos proprietários simplesmente desrespeitaram o Código Florestal e o advento dos planos de manejo falhou por completo. Na prática, isso representou uma maneira legal de avançar com o desmatamento, ampliando de forma grave o avanço da degradação.
Os que não se manifestam são aliados do descaso com a perda de nossas áreas naturais
A repetição desse cenário em outros estados onde ocorre a Mata Atlântica gerou uma reação do governo federal, com o Decreto 750/93, que ordena a paralisação do desmate de áreas ainda conservadas em todo o bioma. Por pressão de madeireiros, políticos do Paraná e de Santa Catarina impuseram ruidosamente aos órgãos ambientais estaduais a não aplicação do decreto.
A posição abusiva de arrepio à lei sustentada pelos órgãos estaduais e federais implicou na continuidade dos licenciamentos de planos de manejo florestal para matas nativas até 2006, quando é sancionada a Lei da Mata Atlântica. Parecia que, finalmente, os paranaenses passariam a respeitar o pouco que restou de seu patrimônio natural.
Mas nem assim a cultura da destruição cedeu. A manipulação de licenciamentos e outras estratégias de desmate ilegal proporcionam, até hoje, a continuidade da supressão de áreas naturais no Paraná. Essas ações, lamentavelmente, são suportadas por governos coniventes com este cenário, agregado ao desmonte do Código Florestal de 2012, no qual os paranaenses foram determinantes.
Se nem o cumprimento da lei e o interesse público são suficientes para impedir a destruição de natureza, como pretendemos assumir a agenda das próximas décadas para enfrentar a crise ambiental e climática que já gera impactos sociais e econômicos a toda a sociedade?
Temos de dar um basta na conivência e parcimônia dos governos, que têm a obrigação de fazer cumprir a lei, fiscalizar e coibir atividades de desmate, caça e outras formas de destruição do patrimônio natural. É fundamental que medidas mais drásticas sejam tomadas para impedir o descalabro que continua sendo a prática do dia a dia no Paraná.
Não há mais espaço para justificar a manutenção de um jogo político medíocre que mantém o desmatamento, uma atividade que hoje já não tem qualquer importância econômica. Já as consequências da degradação além dos limites é receita de estagnação econômica e do agravamento dos problemas socais.
A direção a seguir é antagônica ao mau exemplo que estamos perpetuando em nossa terra. Os que não se manifestam, em última instância, são aliados do descaso com a perda de nossas áreas naturais.
Fonte: Gazeta do Povo

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

BIOPIRATARIA PARTE 1

O prejuízo com a biopirataria

Possuidor de um dos mais ricos patrimônios da flora e da fauna do planeta, que hoje estão concentrados na Amazônia, no Nordeste e no Pantanal, o Brasil é uma das maiores vítimas da biopirataria internacional. Esse fenômeno criminoso não é recente, mas cresceu de forma assustadora nas últimas quatro décadas, principalmente diante da necessidade da indústria farmacêutica de buscar respostas efetivas para os males e doenças do mundo moderno. Assim, a matéria-prima da Flo­­resta Amazônica e de outras regiões de gran­­de biodiversidade – plantas e animais – virou ouro para este disputado mercado, responsável pelo faturamento de bilhões de dólares todos os anos.
A biopirataria é a exploração, manipulação, exportação e comercialização internacional, de forma ilegal, de recursos biológicos de um de­­terminado país ou região. Esse tipo de pirataria moderna, que vem erodindo o patrimônio na­­tural de muitas nações com o mesmo potencial biológico do Brasil, foi tipificada em um conjunto de normas conhecidas como Con­­­­venção sobre Diversidade Biológica (CBD), em 1992, no Rio de Janeiro (durante a Eco-92). Assi­­nada por 175 países e ratificada por 168 em 1998, esta convenção propõe regras claras pa­­ra assegurar a conservação da biodiversida­­de; o seu uso sustentável; e a justa repartição dos benefícios provenientes da utilização econômica dos recursos genéticos, respeitada a soberania de cada nação sobre o patrimônio existente em seu território.
Essa convenção não barrou os crimes, mas está servindo de anteparo para combatê-los a longo prazo. No caso do Brasil é difícil precisar os números, mas o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) calculou recentemente que o país perde cerca de US$ 600 milhões por ano com o tráfico de animais e espécies de plantas. Mais de 12 milhões de animais, por exemplo, são tirados do país, agravando o risco de extinção de dezenas de es­­pécimes. A venda clandestina de espécies venenosas de aranhas e de serpentes, das quais são extraídos princípios ativos que resultam no surgimento de novas gerações de medicamentos, é outro caso escandaloso. Na parte da flora, são 20 mil extratos que saem do país anualmente.
A forma e a rota do tráfico já são muito co­­nhecidas das autoridades brasileiras: contrabandistas disfarçados de turistas ou bem-intencionados cientistas se apropriam das informações sobre a fauna e flora nas comunidades lo­­cais. No caso de animais silvestres, a internet é o principal canal do tráfico. A pena para os traficantes é de seis meses a um ano de prisão, além de multas de até R$ 5,5 mil por exemplar apreendido. De cada dez animais traficados, nove morrem antes de chegar ao seu destino final.
Há dois exemplos marcantes de plantas populares brasileiras que foram patenteadas por grandes empresas no exterior. A copaíba (Copaifera sp), árvore da região amazônica, teve sua patente registrada pela empresa francesa Technico-flor, em 1993, e no ano seguinte na Organização Mundial de Propriedade Inte­­lectual. A empresa norte-americana Aveda tam­­­­bém tem uma patente de copaíba, registra­­da em 1999. O óleo e o extrato de andiroba (Ca­­rapa guianensis), árvore de grande porte, muito comum nas várzeas da Amazônia, foram pa­­tenteados pela empresa francesa Yves Roches, no Japão, França, União Europeia e Estados Unidos, em 1999.
Há um outro caso, também muito conhecido de recurso natural que gerou lucros imensos para a indústria farmacêutica e nenhum centa­­vo para o país, que é o do anti-hipertensivo cap­­topril. O princípio ativo foi descoberto no ve­­neno da jararaca. O laboratório que patentou o princípio ativo ganha cerca de US$ 5 bilhões por ano com o medicamento. E, nós, brasileiros, te­­mos de pagar os royalties para usá-lo.
O país evoluiu muito no combate à biopirataria. Mas é preciso maior esforço das autoridades no sentido de prevenir e evitar esses crimes. O Brasil, como uma das nações que mais sofre com o problema, deveria assumir uma posição de protagonismo no debate mundial para garantir a participação dos países mais pobres nos dividendos da biodiversidade. Além da re­­pressão ao tráfico internacional, com o au­­men­­to dos contingentes das forças envolvidas no combate à biopirataria, é preciso levar informação às comunidades locais, para que a prevenção comece justamente nas bases do crime. Só com esse caldo de cultura é que o Brasil talvez consiga, um dia, dar a devida proteção a seu ex­­­­traordinário patrimônio natural.
O termo biopirataria  foi criado em 1992, com assinatura na Convenção sobre Diversidade Biológica, realizada pela Organização das Nações Unidas. No tratado, que teve circulação através da Rio-92, ficou estabelecido que todos os países possuem soberania sobre a biodiversidade existente em seus territórios. O termo se popularizou, espalhando-se como um alerta sobre os vários perigos que transpassam o conhecimento das comunidades situadas em regiões com rica diversidade biológica e têm seus recursos apropriados e patenteados de forma indevida por empresas e instituições científicas multinacionais. Tais comunidades são prejudicadas pois não participam dos lucros produzidos por seu conhecimento.
A diversidade brasileira e seus problemas
Ilustração sobre biopiratariaO Brasil  está em primeiro lugar no ranking dos países megabiodiversos, e é estimado que o pais tenha a maior diversidade biológica do planeta, com cerca de 150 mil espécies catalogadas e pesquisadas, o que representa 13% de todas as espécies existentes no mundo. A maioria desses recursos está na Amazônia, com mais de duas mil e quinhentas espécies de árvores e liderando ainda o ranking de espécies de peixes de água doce do planeta. Porém, a abundância de vida no Brasil é um ponto considerado vulnerável, uma vez que a grande maioria das espécies ainda não foi reconhecida pelos pesquisadores do país. Isto as torna presas fáceis  para empresas, instituições e laboratórios internacionais que se apropriam deste conhecimento, através de patentes pedidas no mercado exterior.
Problemas comuns
Abelha em florVale lembrar que o termo biopirataria se destina ao tráfico de plantas e animais, e neste cenário aparecem algumas curiosidades assustadoras. No mercado mundial de medicamentos, estima-se que 30% dos remédios sejam de origem vegetal, enquanto 10% sejam de origem animal. Acredita-se também que 25 mil espécies de plantas sejam utilizadas para a produção de medicamentos, e a falta de fiscalização das espécies nativas abre as portas para o processo da exportação ilegal, que dá ao Brasil um prejuízo diário estimado em 16 milhões de dólares.
Devemos ficar atentos para esta prática e reportar as autoridades sobre qualquer atividade suspeita. Outra dado interessante é que a internet é, atualmente, uma das formas mais utilizadas para a prática da venda ilegal dos animais silvestres
Fonte: http://ambiente.hswuol.com.br/biopirataria6.htm