quinta-feira, 30 de abril de 2020

Governo libera o registro de 44 agrotóxicos genéricos e 2 biológicos inéditos para uso dos agricultores.

Dos genéricos, 27 são pesticidas químicos e 17 são produtos biológicos, normalmente utilizados na produção orgânica. São 112 registros no ano.
Aumenta quantidade de agrotóxicos liberados pela Anvisa; Mogi tem programa para conscientizar agricultores — Foto: Reprodução/TV Diário
O Ministério da Agricultura publicou nesta sexta-feira (3) a liberação de mais 46 agrotóxicos para o uso dos agricultores. Na semana passada, o governo havia autorizado outros 18 pesticidas para que a indústria possa formular novos produtos. Na soma, são 112 novas autorizações neste ano.
Do total, 2 produtos liberados são inéditos e biológicos, normalmente utilizados na agricultura orgânica.
Um dos produtos novos é à base de extrato de alho, que poderá ser usado para o controle de nematoides (pragas de solo que atacam as raízes das plantas), e o outro é o registro de Amblysuius tamatavensis, um ácaro que controla a mosca-branca, praga que ataca a batata, tomate e feijão entre outras culturas.
Pela legislação brasileira, tanto produtos biológicos utilizados na agricultura orgânica quanto químicos utilizados na produção convencional são considerados agrotóxicos.
Os outros 44 são genéricos de produtos já autorizados no país, sendo 28 pesticidas químicos e 16 defensivos biológicos. Segundo o governo, todos esses princípios ativos, ou seja, a base do agrotóxico, já estavam liberados no país, são os chamados “produtos formulados equivalentes”.
Na lista de princípios ativos químicos, a maioria é liberado na União Europeia e nos Estados Unidos. Entre os destaques estão os inseticidas Abamectina, produto considerado altamente tóxico pela Anvisa, e o Fipronil, que está relacionado a morte de abelhas.
E outros produtos muito vendidos como o 2,4-D e a Atrazina.
Nos EUA, grande parte está em reavaliação, porém, este é um procedimento normal do país, que costuma revisar a autorização dos defensivos agrícolas com frequência.

Novo método de divulgação

Neste ano, o governo alterou o método para anunciar a liberação de agrotóxicos. Até 2019, o Ministério da Agricultura divulgava a aprovação dos pesticidas para a indústria e para os agricultores no mesmo ato dentro do “Diário Oficial da União”.
A série histórica de registros, que apontou que 2019 como ano recorde de liberações, levava em conta a aprovação dos dois tipos de agrotóxicos: os que vão para indústria e os que vão para os agricultores.
Em nota, o Ministério da Agricultura explicou que a publicação separada de produtos formulados (para os agricultores) e técnicos (para as indústrias) neste ano tem como objetivo “dar mais transparência sobre a finalidade de cada produto”.
“Assim, será mais fácil para a sociedade identificar quais produtos efetivamente ficarão à disposição dos agricultores e quais terão a autorização apenas para uso industrial como componentes na fabricação dos defensivos agrícolas”, completou o ministério.

Como funciona o registro

O aval para um novo agrotóxico no país passa por 3 órgãos reguladores:
  • Anvisa, que avalia os riscos à saúde;
  • Ibama, que analisa os perigos ambientais;
  • Ministério da Agricultura, que analisa se ele é eficaz para matar pragas e doenças no campo. É a pasta que formaliza o registro, desde que o produto tenha sido aprovado por todos os órgãos.
Tipos de registros de agrotóxicos:
  • Produto técnico: princípio ativo novo; não comercializado, vai na composição de produtos que serão vendidos.
  • Produto técnico equivalente: “cópias” de princípios ativos inéditos, que podem ser feitas quando caem as patentes e vão ser usadas na formulação de produtos comerciais. É comum as empresas registrarem um mesmo princípio ativo várias vezes, para poder fabricar venenos específicos para plantações diferentes, por exemplo;
  • Produto formulado: é o produto final, aquilo que chega para o agricultor;
  • Produto formulado equivalente: produto final “genérico”.
Fonte: G1

Fotógrafo consegue imagem rara de harpia e filhote no ninho.

Carlos Tuyama fez fotos da ave ameaçada de extinção com 45 dias de vida ao lado da mãe em ninho de Rolim de Moura, Rondônia. Ao G1, ele contou desafios de fotografar a espécie.
Filhote de harpia é visto sob os cuidados da mãe no ninho em Rolim de Moura (RO) — Foto: Carlos Tuyama/Projeto Harpia
Com um mês e meio de vida, o filhote é visto ao lado da mãe, ambos olhando em direção à câmera. A foto impressiona pela proximidade, já que a espécie faz seus ninhos em árvores bem altas.
“Sem dúvida a melhor forma de fotografar harpias é estando próximo a um ninho, guardando uma distância que não perturbe as aves, claro”, conta Carlos Tuyama, de 54 anos.
Uma das espécies de ave mais raras da fauna da América Latina, a harpia também é conhecida como gavião-real e, quando adulta, passa de 2 metros de envergadura. Os casais ficam juntos por toda a vida e se reproduzem apenas a cada 2 anos e meio, sempre no mesmo ninho.
Carlos mora em Rolim de Moura (RO) e começou a fotografar a fauna local por hobby há 5 anos. Empresário do ramo de informática, ele e a esposa, Cristina, entraram como voluntários no Projeto Harpia pouco depois. Desde então, ele passou a se interessar particularmente por aves de rapina. Ao G1, ele falou sobre os desafios para fotografar um filhote de harpia no ninho.
“Observado do chão, um filhote só é visível quando ele tem mais que um mês de idade. Até então, ele praticamente só fica na parte mais funda do ninho, o que impede que seja visto. Mas, conforme ele vai crescendo, torna-se mais fácil, até ele ter uns 150 dias, quando já é bem grande mas ainda não consegue voar”, relata.
Segundo ele, o Projeto Harpia tem cerca de 120 ninhos da espécie mapeados em todo o Brasil, parte deles inativos. Sua estimativa é que haja cerca de 40 ninhos com filhotes com menos de 1 ano nesses ninhos.
“Eu considero que a obtenção de bons registro de harpias, assim como de várias outras espécies, depende mais do conhecimento do comportamento do animal do que do equipamento utilizado”, afirma Carlos. Segundo ele, parte do trabalho de monitoramento dos ninhos inclui compreender as rotas de entrada e saída dos adultos para instalar câmeras de vídeo sem perturbar as aves.
O Programa de Conservação do Gavião-real, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), foi criado em 1997 e anos depois passou a ser conhecido apenas por Projeto Harpia. Com o trabalho de pesquisadores, estudantes e voluntários, como Carlos e Cristina, o projeto faz o monitoramento da espécie nos ninhos mapeados no país.
Fonte: G1

FAPESP e São Martinho criam Centro de Pesquisa para o controle biológico de pragas da cana.

CPE terá sede na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Unesp em Jaboticabal; pesquisadores também vão atuar nas áreas de biotecnologia e resistência de planta (Foto: Wikimedia Commons)
Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP – A FAPESP e a São Martinho – uma das maiores companhias do setor sucroalcooleiro do Brasil – selecionaram a Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Jaboticabal, como sede do novo Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) voltado ao controle de pragas e doenças que afetam as plantações de cana-de-açúcar.
Com um investimento previsto de R$ 8 milhões em cinco anos, o Centro de Pesquisa em Engenharia Fitossanidade em Cana-de-Açúcar tem o objetivo de desenvolver estratégias contra pragas e doenças da cana por meio do controle biológico e comportamental. As duas técnicas se utilizam de fungos, bactérias e feromônios (substâncias que atraem pragas), por exemplo, para proteger lavouras, possibilitando eliminar ou reduzir o uso de agrotóxicos.
O CPE Fitossanidade em Cana-de-Açúcar também vai atuar na área de biotecnologia e resistência de planta, focado sobretudo em cruzamentos convencionais para o melhoramento do cultivar.
Os investimentos serão feitos por meio do programa Centros de Pesquisa em Engenharia (CPE). A FAPESP e a São Martinho vão aportar R$ 4 milhões cada em recursos para o novo centro de pesquisa A contrapartida econômica da universidade será oferecida na forma de salários de pesquisadores e de pessoal de apoio, infraestrutura e instalações. O programa tem validade de cinco anos, podendo ser prorrogado por mais cinco.
“Estamos confiantes de que a interação entre indústria e universidade vai gerar bons resultados para a economia e a sociedade. A São Martinho tem a inovação como um dos seus principais pilares de desenvolvimento. Nossa expectativa com o projeto é grande, com potencial para a criação de um novo ecossistema de inovação no país”, diz Walter Maccheroni, gestor de Inovação da São Martinho.
Com mais de 300 mil hectares de área de colheita e capacidade aproximada de moagem de 24 milhões de toneladas de cana, a São Martinho é uma das maiores companhias do setor no país..

Quatro problemas em ascensão

“Nosso objetivo com o novo centro é compreender todo o aspecto biológico, ecológico e epidemiológico de pragas e doenças e, com isso, avançar em métodos de controle que busquem a inovação. Isso em um setor que já privilegia o controle biológico como principal ferramenta de controle”, diz Odair Aparecido Fernandes, professor da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Unesp em Jaboticabal e pesquisador responsável pelo novo CPE.
A São Martinho definiu como focos de pesquisa a doença conhecida como síndrome do murchamento da cana, o bicudo-da-cana (Sphenophorus levis) e a lagarta peluda (Hyponeuma taltula).
Além dos três problemas comuns nas lavouras de cana em todo o Brasil, também foi elencado como prioridade o controle da mosca-dos-estábulos (Stomoxys calcitrans). A despeito de não se tratar de uma praga nas lavouras de cana, as larvas dessa espécie de mosca se desenvolvem na palha do canavial quando esta recebe irrigação de vinhaça. Com a proliferação, elas atacam o gado em pastagens vizinhas, causando prejuízo aos pecuaristas sobretudo no oeste do Estado de São Paulo, no Mato Grosso do Sul e em Goiás.

Inovar sempre

Fernandes destaca que as quatro pragas ou doenças que serão estudadas no novo centro vêm retomando destaque nos últimos anos por estarem relacionadas a técnicas ambientais mais avançadas de plantio, que não envolvem a queima da palha.
“Não queimar a palha que recobre o solo é muito importante do ponto de vista ambiental. O avanço do sistema de plantio e colheita da cana foi essencial do ponto de vista ambiental, mas os efeitos colaterais são o ressurgimento dessas pragas e doenças. O grande objetivo do centro é inovar no controle biológico para não ter de recorrer a ferramentas antigas”, diz Fernandes.
O CPE vai contar com uma equipe de 31 pesquisadores formada pelo grupo da Unesp de Jaboticabal e parceiros de diferentes instituições, como Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Agência Paulista de Tecnologia (APTA), Cooperativa Agroindustrial (Coplana), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Fundação Educacional de Ituverava e Universidade de Franca.
“Procuramos reunir entomologistas, citopatologistas e pesquisadores ligados a educação e transferências de tecnologia. Além do desenvolvimento científico, será fundamental transferir conhecimento para o setor produtivo e para as escolas”, diz Fernandes.
Fonte: FADESP

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Cinco motivos pelos quais pandemia de coronavírus pode não ser boa para o meio ambiente.


Imagens de lugares com menos poluição têm circulado no mundo, dando uma certa esperança de que a pandemia global do coronavírus esteja, ao menos, nos dando essa notícia boa.
Mas cientistas alertam que pode não ser bem assim.
Apesar da menor circulação de pessoas, do arrefecimento da economia e da consequente diminuição das emissões de gases do efeito estufa, há pontos que afetam negativamente sobre o clima nessa situação toda.
Primeiro, porque experiências passadas mostraram que essas diminuições pontuais não levaram a mudanças a longo prazo.
Em segundo lugar, porque já estamos produzindo mais lixo, principalmente hospitalar. Em Wuhan, primeiro epicentro da crise na China, por exemplo, a quantidade de lixo cresceu quatro vezes.
Terceiro: o consumo de energia nas cidades aumentou muito, porque usamos mais gás e eletricidade ficando em casa.
O quarto ponto é algo que parece contraditório: as partículas de poluição tem seus benefícios porque têm um efeito de escudo contra os raios do Sol. Removê-las pode fazer com que o planeta esquente mais rapidamente.
E, por fim, com o coronavírus, a questão toda do aquecimento global ficou em segundo plano.
Não sabemos o que vai acontecer, mas pode ser que essa crise nos force a rever a maneira como vivemos, talvez com menos danos ao meio ambiente.
Fonte: BBC

O que se sabe até agora sobre a infecção por Covid-19 em animais.

Após tigre e gato doméstico serem infectados pelo novo coronavírus, especialistas avaliam transmissão da doença entre humanos e outras espécies
O que se sabe até agora sobre a Covid-19 em animais. Acima: imagem meramente ilustrativa (Foto: Pixabay)
Uma tigresa que vive no Zoológico do Bronx, em Nova York, nos Estados Unidos, testou positivo para a Covid-19. Além dela, outros seis felinos de grande porte estão sob suspeita da infecção pelo novo coronavírus. As autoridades acreditam que os animais tenham sido infectados por um funcionário assintomático do zoológico, mas pretendem realizar pesquisas mais a fundo para compreender como pode ter sido a contaminação.
A transmissão não é tão óbvia por um motivo: a maior parte dos vírus é “especialista”, ou seja, atinge uma única espécie. Entretanto, às vezes mutações no material genético desses microrganismos permitem que eles “saltem” de uma espécie para a outra — e é exatamente isso que os pesquisadores acreditam que tenha acontecido com o Sars-CoV-2.
“O novo coronavírus, que surgiu em Wuhan, na China, em novembro, não é exatamente ‘novo’. O vírus evoluiu por um longo período, provavelmente milhões de anos, em outras espécies — as quais ele ainda afeta”, explica Steve Wylie, professor da Universidade de Murdoch, na Austrália, em um texto publicado no The Conversation. “Sabemos que o vírus tem parentes próximos em morcegos e pangolins — que são considerados uma iguaria na China.”
Muitas vezes, para que esses microrganismos consigam afetar os humanos, um vetor é necessário, ou seja, as pessoas precisam entrar em contato com os animais que são hospedeiros originais do microrganismo. De acordo com os especialistas, a globalização e o consumo de carne, leite, ovos e outros produtos de origem animal contribui para “saltos” como o do novo coronavírus.
“À medida que ultrapassamos os limites dos lugares selvagens da Terra — criando fazendas e plantações —, vírus da vida selvagem interagem com culturas, animais e pessoas”, escreve Wylie. “Os seres humanos também estão aquecendo o clima. Isso permite que certas espécies expandam sua faixa geográfica em zonas anteriormente frias demais para serem habitadas. Como resultado, muitos vírus estão encontrando novos hospedeiros pela primeira vez.”
Os especialistas acreditam que foi justamente esse contato entre humanos e animais selvagens que permitiu a infecção dos felinos no Zoológico do Bronx. Enquanto alguns pesquisadores tentam ajudar os espécimes a se recuperarem da infecção, outros se preocupam com a saúde de um outro grupo: os primatas.
“Os grandes símios compartilham cerca de 98% do DNA humano e também compartilham suscetibilidade a vários patógenos humanos”, disse Lesley Elizabeth Craig, professora da Universidade Stirling, no Reino Unido, em texto do The Conversation. “Durante a epidemia do vírus Ebola, entre 1994 e 2003, na África Central, foram realizadas pesquisas em animais selvagens em duas áreas do Gabão, antes e depois do surto. Entre as duas pesquisas, as populações de gorilas e chimpanzés nas áreas diminuíram de 90% a 98%.”
A pesquisadora acredita que, embora nenhum caso de Covid-19 tenha sido relatado em grandes símios, o histórico da transmissão de doenças entre esses animais e humanos é o suficiente para causar preocupação. “Devemos assumir que a transmissão é provável e são necessárias medidas rigorosas para evitá-la’, pontuou Craig.
Poucos dias após o caso virar notícia, uma equipe do Instituto de Pesquisa Veterinária Harbin, na China, descobriu os gatos são altamente suscetíveis à Covid-19. Segundo o estudo, publicado pelos pesquisadores no BioRxiv, os felinos podem transmitir a doença uns aos outros por gotículas respiratórias. Por outro lado, espécies de cães, galinhas, porcos e patos testadas foram consideradas improváveis ​​de contrair a infecção.
Tendo tudo isso em vista, a Associação Mundial de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (WSAVA) destaca em comunicado que “atualmente não há evidências de que animais de estimação possam ser uma fonte de infecção para as pessoas”. Os casos observados em pets até então ocorreram pelo caminho inverso: donos contaminados pelo Sars-CoV-2 acabaram infectando seus animais de estimação.
Já a recomendação para quem está doente é evitar o contato com animais desconhecidos, e sempre lavar as mãos antes e depois de interagir com os pets. “Se você está doente com a Covid-19, evite o contato com animais em sua casa, incluindo acariciar, aconchegar, ser beijado ou lambido e compartilhar alimentos”, aconselha a WSAVA. “Se você precisar cuidar do seu animal de estimação ou ficar perto de animais enquanto estiver doente, lave as mãos antes e depois de interagir com eles e use uma máscara facial.”
Fonte: Revista Galileu

Como as medidas contra o coronavírus estão fazendo a Terra vibrar menos.

A Terra está vibrando menos por causa das medidas contra o coronavírus.
A Terra está em pausa. Enquanto nós, humanos, enfrentamos o medo e o caos da pandemia de coronavírus, o planeta apresenta uma quietude incomum.
As medidas de confinamento que se espalharam pelo mundo fizeram bilhões de pessoas ficarem em casa. É um acontecimento sem precedentes, cujas consequências os cientistas estão começando a medir.
As ruas estão vazias, as lojas fechadas, os carros estacionados. Tudo isso reduziu o que os geólogos chamam de “ruído sísmico” gerado pelos seres humanos.
É o termo usado para descrever as vibrações que nossas atividades diárias causam na crosta terrestre.

O que está ocorrendo?

O que acontece pode ser comparado a várias pessoas pulando em um colchão ao mesmo tempo… e, de repente, todos param.
O fenômeno foi registrado por Thomas Lecocq, um sismólogo no Observatório Real da Bélgica.
As ruas de Bruxelas, como as de muitas cidades, permanecem vazias
Há três semanas, quando as medidas de contenção foram implementadas, Lecocq começou a perceber que seus equipamentos indicavam uma drástica diminuição nas vibrações.
“Tudo está calmo e as estações sísmicas também sentem essa tranquilidade”, diz Lecocq à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
O sismólogo observou o efeito em Bruxelas, mas desde que publicou suas medições, ele começou a receber relatos de que algo semelhante está acontecendo em várias partes do mundo.

Um mundo mais calmo

As medições de Lecocq mostram que, desde que as medidas de confinamento começaram a ser aplicadas, o ruído sísmico gerado pelo homem foi reduzido em cerca de um terço.
“Diariamente está em níveis como os dos dias em torno do Natal, quando as escolas estão fechadas e as pessoas estão em casa”, diz Lecocq.
Para Lecocq, as medições são uma prova de ‘boa vontade’ das pessoas em relação às medidas contra o coronavírus
Depois que Lecocq compartilhou suas medidas no Twitter, colegas de lugares como Zurique, Londres, Paris e Los Angeles também relataram reduções no ruído sísmico.
Lecocq afirma que também recebeu relatórios semelhantes do Japão, Itália, Costa Rica e Chile.
“As estações sísmicas mostram que as pessoas estão de fato em casa e estão fazendo a Terra vibrar menos”, diz o sismólogo.

Boa notícia

A diminuição do ruído sísmico é uma boa notícia para os sismólogos.
À medida que há mais silêncio e quietude, os dispositivos sísmicos se tornam mais sensíveis e podem detectar outros movimentos que os alcançavam anteriormente com um sinal menos claro.
Medidas de distanciamento social foram adotadas em diversas partes do mundo
“Podemos notar mais terremotos pequenos e melhorar os estudos da crosta terreste porque há menos ruído e a qualidade do sinal é melhor”, diz Lecocq.
A diminuição do ruído, segundo ele, tem um significado importante não apenas para os cientistas.
“Como sismólogos, estamos testemunhando a boa vontade do povo em respeitar as medidas”, diz Lecocq.
“Todo ser humano pensa que o que ele faz não é importante, mas quando milhões de pessoas fazem isso ao mesmo tempo, a superfície da Terra percebe.”
“Espero que continuemos em casa e respeitemos as regras para sairmos juntos dessa crise”, conclui o sismólogo.
Fonte: BBC

terça-feira, 28 de abril de 2020

Conferência do clima da ONU é adiada para 2021 devido à pandemia de coronavírus.

Conferência do clima da ONU, a COP26, que ocorreria este ano em Glasgow, no Reino Unido, foi adiada para outubro de 2021. Foto: Unsplash/Adam Marikar
Sem fim à vista para a pandemia provocada pelo novo coronavírus, as negociações da ONU sobre mudanças climáticas que ocorreriam na Escócia no final do ano foram adiadas para outubro de 2021.
A decisão foi anunciada na noite de quarta-feira (1) pelo grupo consultivo para as negociações da COP26, supervisionadas pelo órgão da ONU sobre mudanças climáticas, a UNFCCC, após conversas envolvendo Reino Unido e outros países.
A UNFCCC disse que o adiamento permitirá que todas as partes se concentrem mais em importantes questões climáticas, além de permitir mais tempo de preparação.
“Atualmente, o mundo está enfrentando um desafio global sem precedentes e os países estão concentrando seus esforços corretamente em salvar vidas e combater a COVID-19”, disse Alok Sharma, presidente designado da COP26 e secretário de Estado de Negócios, Energia e Estratégia Industrial do Reino Unido.
A secretária-executiva da ONU para mudanças climáticas, Patricia Espinosa, destacou que, embora a COVID-19 seja “a ameaça mais urgente que a humanidade enfrenta hoje, não podemos esquecer que a mudança climática é a maior ameaça que a humanidade enfrentará a longo prazo”.
Segundo ela, quando as economias retomarem, haverá uma chance para as nações “se recuperarem melhor, incluírem os mais vulneráveis ​​nesses planos e uma chance de moldar a economia do século 21 de maneira limpa, verde, saudável, justa, segura e mais resiliente”.
O presidente da última conferência, que acabou ocorrendo na Espanha, a política chilena Carolina Schmidt, disse que a decisão de adiar a COP26 era “uma medida necessária para proteger todos os delegados e observadores”.
“Nossa determinação é garantir que o impulso para a ambição climática continue”, concluiu ela.

Prioridades

“A necessidade de suprimir o vírus e salvaguardar vidas é nossa principal prioridade”, disse o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, em comunicado divulgado logo após o anúncio, em nome do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
O secretário-geral sustentou que os esforços para aumentar a ambição e a ação sobre as mudanças climáticas devem continuar, “especialmente quando os países tomam medidas para se recuperar dessa crise”.
A ciência do clima não mudou, disse ele, com as emissões em um nível recorde, enquanto os impactos do aquecimento global compõem os desafios socioeconômicos que essa crise irá intensificar.
O chefe da ONU enfatizou que “a crise da COVID-19 reforça a importância da ciência e das políticas de governo e da tomada de decisões baseadas em evidências”.
A ciência deixa claro que o comportamento humano está alterando a capacidade do planeta de se regular, afetando dramaticamente vidas e meios de subsistência, salientou.
“Esta dramática crise humana também é um exemplo de como os países, sociedades e economias vulneráveis ​​estão diante de ameaças existenciais”, observou ele, acrescentando que “os países devem trabalhar para proteger a saúde das pessoas e o planeta nunca esteve tanto em risco”.
Assegurando a continuação do trabalho que envolve o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, os Estados-membros e outros parceiros “emergem desta crise global mais forte”, disse.
A declaração foi encerrada com a afirmação de que “agora são necessárias mais do que nunca” solidariedade e maior ambição “para fazer a transição para uma “economia sustentável de baixo carbono que limite o aquecimento global a 1,5 grau Celsius”.
Fonte: ONU

Antártida foi floresta tropical há 90 milhões de anos, sugere estudo.

Especialistas encontraram vestígios de raízes fósseis, pólen e esporos de plantas na região, indicando que o clima na época era bem mais ameno
Antártida foi floresta tropical há 90 milhões de anos, sugere estudo (Foto: Alfred-Wegener-Institut/James McKay)
Uma equipe de pesquisadores de diversas universidades europeias descobriu evidências de que, há 90 milhões de anos, existiam florestas perto da região onde hoje é o Polo Sul. De acordo com o artigo publicado pelos cientistas na Nature, o achado sugere que o clima naquela região do planeta era excepcionalmente quente à época.
O grupo chegou a essa conclusão após encontrar vestígios de raízes fósseis, pólen e esporos de plantas na Antártida Ocidental. Os especialistas analisaram o material orgânico e o compararam com espécieS de plantas existentes hoje em dia.
Segundo os pesquisadores, essa investigação lhes permitiu constatar não apenas que havia uma floresta no Polo Sul, mas também que o clima há 90 milhões de anos era mais quente do que se imaginava. Isso porque o trabalho sugere que os níveis de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera eram mais altos do que o esperado, desafiando os modelos climáticos do período.
Os pesquisadores especulam que a floresta na região seria como a encontrada hoje na Nova Zelândia, com a temperatura girando em torno dos 12ºC. De acordo com a equipe, isso era comum até mesmo durente as noites polares, que duravam cerca de 4 meses.
“A preservação dessa floresta de 90 milhões de anos é excepcional, mas ainda mais surpreendente é o mundo que ela revela”, afirmou Tina van de Flierdt, uma das pesquisadoras, em comunicado. “Mesmo durante meses de escuridão, as florestas úmidas e temperadas foram capazes de crescer perto do Polo Sul, revelando um clima ainda mais quente do que esperávamos.”
Fonte: Revista Galileu

Golfinhos machos “cantam” em bando para proteger e atrair fêmeas.

Segundo pesquisadores australianos, os cetáceos emitem sons sincronizados para formar grupos e atrair as fêmeas com maior potencial para o acasalamento
Golfinhos cantam para atrair e proteger as fêmeas (Foto: Creative commons)
Uma nova descoberta feita por cientistas australianos e publicada na Proceedings of the Royal Society B mostrou que golfinhos-nariz-de-garrafa, a espécie mais comum desses cetáceos, podem coordenar algumas ações com “cantos” — a primeira evidência de que outro animal, além dos humanos, consegue se sincronizar usando sinais vocais. E eles fazem isso por um motivo nobre: proteger fêmeas com potencial para o acasalamento.
Assim como nós, humanos, usamos a voz para marchar e dançar, por exemplo, reforçando a importância de um grupo ou intimidando nossos oponentes, os golfinhos também usam seus sons para se adequar ao grupo e galantear as fêmeas. O comportamento foi observado em um estudo feito em Shark Bay, na Austrália, com aprovação ética das universidades da Austrália Ocidental; de Zurique, na Suiça; e de Bristol, no Reino Unido.
Para isso, os pesquisadores usaram quatro microfones a prova d’água atrás de uma lancha e registraram 172 momentos em que vários machos faziam barulhos parecidos com estalos em torno das fêmeas. Os sons ecoavam ao mesmo tempo e na mesma frequência, em séries de dois a 49 ruídos curtos, 10 por segundo, repetidamente, formando uma espécie de cantoria que pode ser ouvida aqui.
Quando os machos apareceram sozinhos, o tempo e o ritmo desses sons já não eram os mesmos. Segundo os cientistas, isso sugere que os golfinhos usam esses sinais vocais para melhorar a cooperação em grupo e alcançar o objetivo de atrair as fêmeas.
Fonte: Revista Galileu

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Casos de Covid-19 poderão ser rastreados com teste em água de esgoto.

Especialistas criaram dispositivo de papel que indica presença do Sars-CoV-2 em águas residuais. Mecanismo pode ajudar a detectar comunidades infectadas
Testar esgoto para novo coronavírus pode ajudar a combater pandemia: entenda (Foto: Pixabay)
Pesquisadores da Universidade de Cranfield, no Reino Unido, estão trabalhando em um novo teste para detectar a presença do Sars-CoV-2 na água residual proveniente de comunidades infectadas pelo novo coronavírus. Os avanços da equipe foram compartilhados em um artigo publicado no periódico Environmental Science & Technology.
A abordagem com base em águas residuais pode se tornar uma forma rápida e eficaz de prever a possível propagação da Covid-19 em determinada região. Segundo os especialistas, o teste seria aplicado no esgoto e captaria os biomarcadores do microrganismo presentes nas fezes e na urina dos infectados.
Kits de teste rápido feitos de papel poderiam ser utilizados nas estações de tratamento de águas residuais tanto para indicar se existem pessoas infectadas com Covid-19 em determinada região quanto para rastrear a proveniência do esgoto, fortalecendo as medidas de profilaxia na área. Outro benefício do monitoramento seria a identificação de casos assintomáticos da doença.
“Se a doença puder ser monitorada em uma comunidade ainda durante o estágio inicial por meio do teste, uma intervenção eficaz poderá ser realizada o mais rápido possível para restringir a movimentação da população local, minimizando a propagação de patógenos e de ameaças à saúde pública”, disse Zhugen Yang, que participou da pesquisa, em comunicado.
Teste de papel desenvolvido pelos especialistas para detectar o novo coronavírus em águas residuais (Foto: Universidade de Cranfield )
De acordo com os especialistas, o teste de papel é simples de ser utilizado: basta ser inserido na água residual e ser dobrado e desdobrado em etapas. O processo permite a filtração dos ácidos nucléicos de patógenos e permite reações bioquímicas que indicam ou não a presença do Sars-CoV-2. Os resultados são visíveis a olho nu: um círculo verde indica positivo e um círculo azul, negativo. “Esse dispositivo é barato, custa menos de uma libra esterlina [R$ 6,44], e será fácil de usar por não especialistas”, afirmou Yang.
Testes do tipo já são utilizados para a detecção de outros patógenos e até para rastrear o uso de drogas ilícitas em algumas regiões do mundo, o que torna o projeto de Yang e sua equipe ainda mais palpável, segundo os especialistas. O próprio pesquisador já trabalhou com técnicas semelhantes na Índia, onde utilizou testes de papel para diagnósticos veterinários, e em Uganda, onde testou o sangue de populações rurais para malária.
“Prevemos que o dispositivo será capaz de oferecer uma imagem completa e imediata da saúde da população assim que o teste puder ser implantado em um futuro próximo”, pontuou Yang.
Fonte: Revista Galileu

Orangotangos fazem amizade com lontras que costumam nadar pelo seu recinto no zoológico.

Não sei você, mas eu amo amizades improváveis ou inesperadas entre animais. Como esses orangotangos e lontras que se tornaram grandes parceiros no zoológico Pairi Daiza, em Brugelette, na Bélgica.
Os bichinhos se conheceram quando os funcionários do local decidiram desviar o rio das lontras para passar pelo recinto dos primatas. Magicamente, um vínculo especial se formou entre as espécies.
Segundo Mathieu Goedefroy, porta-voz do Pairi Daiza, o zoológico investe no “enriquecimento” social dos seus cativeiros.
“Isso significa que a qualidade de vida dos animais é muito importante. Uma das maneiras de fazer isso (além de esconder comida, fazer quebra-cabeças, organizar jogos mentais, colocar alguns balanços ou novos troncos lá) é colocando espécies de animais que possam interagir entre si no mesmo recinto ou torná-las capazes de se ver”, explicou ao Bored Panda.

Belas amizades

No recinto dos orangotangos, vive uma família composta pelo pai, Ujian, de 24 anos, a mãe, Sari, de 15 anos, e o filho Berani, que acaba de completar 4 aninhos.
Na imagem abaixo, é possível ver Berani brincando de esconde-esconde com seus colegas asiáticos, as lontras-anãs-orientais que também vivem em Pairi Daiza.
“As lontras se escondem sob grandes troncos de árvores ou construções de madeira, e Berani, o bebê orangotango, vem procurá-las. De vez em quando elas aparecem para provocá-lo. É realmente incrível de se assistir”, conta Goedefroy.
O porta-voz destacou que, desde 2017, quando os primatas chegaram ao zoológico da Alemanha, as lontras adoram interagir com seus amigos peludos. “Torna a vida mais divertida para ambas as espécies, o que torna esse experimento um sucesso”.

A importância deste enriquecimento social

Goedefroy acrescenta que existem outras interações animais no Pairi Daiza; gorilas vivem com macacos colobos, pinguins vivem com focas, cangurus compartilham um recinto com pelicanos, esquilos vivem com morcegos, hipopótamos-pigmeus também tem a companhia de pelicanos, as girafas de avestruzes, os elefantes asiáticos de gazelas asiáticas, zebras de búfalos e assim por diante.
De acordo com o porta-voz, dois fatores são muito importantes para o bem-estar dos animais em cativeiro: o tamanho do recinto e sua qualidade.
“Isso significa que um animal – e isso é ainda mais relevante no caso de orangotangos, com os quais os humanos compartilham 97% de seu DNA – deve ser entretido, ocupado e desafiado mental, emocional e fisicamente o tempo todo”, esclarece.

Ajuda

Goedefroy disse à CNN que plantações de palmeiras em Bornéu e Sumatra ameaçam as populações de orangotangos em seus habitats.
Pensando nisso, o zoológico Pairi Daiza levantou fundos para plantar 11 mil árvores em Bornéu para restaurar uma floresta e ajudar os seus orangotangos nativos.
Fonte: Hypescience- BoredPanda