sexta-feira, 29 de março de 2019

Microrganismos conseguem viver no Mar Morto por “canibalismo”

Mar Morto, lago com altíssima salinidade que fica no Oriente Médio, não oferece condições favoráveis para a maior parte dos seres vivos da Terra. Muito menos para o desenvolvimento demicrorganismos unicelulares chamados archaea, visto que eles não recebem luz, oxigênio para seu sustento. Mais ainda assim eles estão presentes no inóspito ecossistema: um novo estudo indica que sua sobrevivência é baseada na alimentação de micróbios mortos.

Publicada na revista Geology, a pesquisa abre uma janela para entender a misteriosa e profunda biosfera da Terra, onde potencialmente milhões de espécies microbianas não descobertas prosperam em condições extremas. Nesta análise, cientistas da Suíça e da França avaliaram longos núcleos de sedimentos escavados no centro do Mar Morto, e encontraram evidências de que a vida microbiana antiga acumulou a energia de que precisava para sobreviver se alimentando de microrganismos mortos.
Morto muito louco
Para entender a história microbiana desse ecossistema extremo, os pesquisadores investigaram amostras antigas de sedimentos enterradas a até 245 metros abaixo da superfície do lago. Dentro das profundas fatias de leito, encontraram vestígios de vida microbiana morta há anos.
Nas camadas mais salgadas, foram identificados compostos microbianos chamados ésteres de cera – tipo de molécula de armazenamento de energia que os microrganismos podem criar quando a sobrevivência é levada aos limites.
A ciência já sabia que bactérias transformam os mortos em ésteres de cera, mas os seres archaea não pareciam ter essa habilidade. Assim, os pesquisadores concluíram que os ésteres de cera provavelmente vieram de bactérias que não tinham escolha a não ser se alimentar dos cadáveres.
Isso é surpreendente, visto que se pensava que as bactérias eram incapazes de se adaptar ao ecossistema extremo do Mar Morto. No entanto, “reciclar” micróbios melhor adaptados pode ter garantido a sobrevivência no passado.
Além do Mar Morto, isso pode se estender para outros ambientes severos do planeta. “Nossos resultados ilustram a alta adaptabilidade da biosfera subsuperficial e sua capacidade de usar estratégias variadas para produção e preservação de energia sob condições adversas”, declararam os cientistas.
Fonte: Revista Galileu

quarta-feira, 27 de março de 2019

Pesquisadores brasileiros e australianos avaliam efeitos do garimpo no rio Madeira.

Apesar de ter entrado em declínio a partir de 1985, o garimpo de ouro em minas de aluvião nas margens e leito do rio Madeira tem deixado um rastro de poluição por metais tóxicos no maior afluente do rio Amazonas.

Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Rio Claro, em parceria com colegas da Queensland University of Technology, da Austrália, encontrou um nível relativamente alto de mercúrio acumulado em sedimentos de lagos do rio Madeira – gerado pela extração artesanal de ouro.
Os resultados do trabalho, apoiado pela FAPESP no âmbito da modalidade São Paulo Researchers in International Collaboration (SPRINT), foram publicados na revista Ecotoxicology and Environmental Safety. O estudo tem a participação de pesquisadores da Universidade Federal de Rondônia (Unir) e da Shenzen University, na China.
“Embora tenha diminuído a intensidade da extração de ouro por mineração artesanal e de pequena escala no rio Madeira nas últimas duas décadas, essa atividade continua a ser a principal fonte de emissão de mercúrio que encontramos em sedimentos de lagos daquela bacia”, disse Daniel Marcos Bonotto, professor da Unesp de Rio Claro e primeiro autor do estudo, à Agência FAPESP.
O projeto é o segundo que Bonotto realiza com apoio do SPRINT da FAPESP. O primeiro foi em 2016, quando ele se associou a Trevor Elliot, professor da Queen’s University Belfast, da Irlanda, em um estudo sobre traçadores ambientais para a gestão de recursos hídricos.
“O SPRINT favorece a mobilidade e a identificação de projetos em colaboração com pesquisadores do exterior, mesmo que ainda não estejam formatados”, disse Bonotto.
Colaborações internacionais
A criação de novas parcerias em pesquisa é justamente um dos objetivos do SPRINT, modalidade que completa cinco anos. Lançada em abril de 2014, com o objetivo de promover o avanço da pesquisa científica por meio de colaborações entre pesquisadores vinculados a universidades e instituições de pesquisa no Estado de São Paulo e cientistas parceiros no exterior em projetos conjuntos de médio e longo prazo, essa estratégia de organização da FAPESP oferece financiamento para a fase inicial de colaborações internacionais em pesquisa – o chamado seed funding (financiamento semente).
“A expectativa da FAPESP é que o seed funding oferecido, somado aos recursos da universidade parceira, permita aos pesquisadores interagir em um projeto e, ao mesmo tempo, desenvolver uma colaboração que leve a uma proposta de pesquisa conjunta de médio ou longo prazo a ser submetida à Fundação e às agências estrangeiras acessíveis pelo pesquisador parceiro”, disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP.
Como explicou Marilda Solon Teixeira Bottesi, assessora para colaborações em pesquisa da FAPESP, os objetivos do SPRINT são consolidar parcerias de pesquisa já existentes ou estimular novas colaborações por meio do financiamento de missões científicas.
“Por meio dos projetos apoiados pelo SPRINT, os pesquisadores participantes têm a oportunidade de visitar as instituições e conhecer os laboratórios e as pesquisas conduzidas por seus parceiros e, com isso, propor projetos conjuntos”, disse.
A parceria de Bonotto com pesquisadores australianos, por exemplo, permitiu ampliar a investigação que o grupo dele na Unesp iniciou ainda na década de 1990, quando começaram a coletar sedimentos de diferentes profundidades e rochas circundantes de lagos do rio Madeira, em Porto Velho (RO), a fim de avaliar as concentrações e determinar as fontes de mercúrio.
O metal tóxico, que representa um risco para a saúde ao ser ingerido por meio do consumo de peixes, pode contaminar as águas do Madeira naturalmente ao ser transportado do solo para cursos de água, ou pelas emissões atmosféricas de erupções vulcânicas dos Andes. Além disso, também pode ser gerado pelo garimpo de ouro de aluvião, explicou Bonotto.
“Chegamos a presenciar durante estudos em campo o descarte direto de mercúrio por garimpeiros em lagos do Madeira”, disse Bonotto.
A fim de estimar a contribuição de fontes naturais e do garimpo de ouro de aluvião para as concentrações de mercúrio encontradas em lagos do rio Madeira, os pesquisadores fizeram uma análise dos dados de sedimentos e de rochas de nove lagos, baseada em redes bayesianas.
Esses modelos gráficos, que representam de forma simples as relações de causalidade das variáveis de um sistema, têm sido usados para entender redes ambientais complexas, como para a predição de abundância de espécies em função de características de hábitat.
“Nossos colegas da Austrália, especialistas nessa abordagem estatística, acharam interessante tentar usá-la para avaliar a contribuição das diferentes fontes de emissão de mercúrio em lagos do rio Madeira com base nos dados de sedimentos que coletamos”, afirmou Bonotto.
Os resultados das análises indicaram que, embora as formações geológicas e do solo dos ecossistemas amazônicos influenciem o transporte de mercúrio nos lagos do rio Madeira, o garimpo de ouro de aluvião tem uma grande parcela de contribuição na geração do metal encontrado nessa bacia.
Os pesquisadores constataram que os sedimentos de fundo dos lagos apresentavam concentrações significativamente mais elevadas de mercúrio do que as rochas circundantes – o que afasta a hipótese dessas últimas serem a fonte de emissão do metal.
Uma vez que a mineração de ouro diminuiu significativamente na região nos últimos anos, as emissões anteriores de mercúrio por essa atividade contribuíram para as altas concentrações do metal encontradas nos sedimentos dos lagos, apontaram os autores do estudo.
“Normalmente, os sedimentos de fundo de lagos costumam reter muitas evidências de poluição. As colunas de sedimentos que coletamos, por exemplo, de diferentes profundidades, retêm registros de poluição por mercúrio de vários anos”, disse Bonotto.
Agora, em colaboração com os colegas australianos da Queensland University of Technology, Bonotto pretende usar a mesma abordagem estatística para estimar as fontes de emissão de cromo pela indústria de calçados de Franca em rios da região.
“Também queremos avaliar a influência de nitrato no transporte de urânio em águas subterrâneas do aquífero Guarani, no Estado de São Paulo”, disse Bonotto.
O SPRINT tem quatro chamadas por ano. As propostas devem ser apresentadas sempre até a última segunda-feira dos meses de janeiro, abril, julho e outubro. A primeira chamada deste ano, com prazo final para envio de propostas até 29 de abril, bateu o recorde de instituições participantes. São 16 instituições de diversos países.
O SPRINT já apoiou mais de cem projetos de pesquisa realizados por pesquisadores vinculados a universidades públicas e privadas e a instituições de pesquisa sediadas no Estado de São Paulo em colaboração com cientistas da Inglaterra, Estados Unidos, Austrália, França, Holanda, Canadá, Irlanda, Irã, Argentina, Espanha, África do Sul, País de Gales, Escócia, Alemanha, Bélgica, China, Suécia, Chile, Japão e Dinamarca.
O artigo Assessing mercury pollution in Amazon River tributaries using a bayesian network approach (DOI: 10.1016/j.ecoenv.2018.09.099), de Daniel Marcos Bonotto, Buddhi Wijesiri, Marcelo Vergotti, Ene Glória da Silveira e Ashantha Goonetilleke, pode ser lido por assinantes da revista Ecotoxicology and Environmental Safety em www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0147651318309734.
Fonte: FAPESP

terça-feira, 26 de março de 2019

Ibama apreende mais de mil toneladas de pescado irregular em 14 estados.

Operação de combate a irregularidades na cadeia produtiva do pescado realizada pelo Ibama em 14 estados resultou até o momento na apreensão de 1,2 mil toneladas de peixe e na aplicação de 112 autos de infração.
O Amazonas concentrou a maior quantidade de irregularidades identificadas. Das 17,8 toneladas de pescado apreendidas no estado, cerca de 9,6 toneladas são de piracatinga, que tem a captura proibida desde 2015.
Em Alagoas, os 29 autos de infração emitidos somam R$ 11 milhões, valor mais elevado entre os estados que foram alvo de fiscalização.
Inspeções frequentes na cadeia produtiva impulsionam a busca por mercadoria de origem legal, o que leva pescadores a regularizar embarcações e atividades de pesca.
A Operação Catena, termo em latim que dá origem à palavra cadeia, investiga infrações em cada etapa do comércio pesqueiro nos estados de Alagoas, Amapá, Amazonas, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. O objetivo é coibir a pesca predatória e a comercialização de espécies proibidas para estimular a conformidade das atividades, com reflexo positivo em todo o setor.
O pescado apreendido será doado a instituições sem fins lucrativos.
Fonte: IBAMA

sexta-feira, 22 de março de 2019

Em dia internacional, ONU defende educação sobre florestas para preservar recursos naturais.

No Dia Internacional das Florestas, lembrado nesta quinta-feira (21), a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) defende a educação sobre esses ecossistemas como estratégia para preservar os recursos naturais do planeta. Cerca de 90% de todas as espécies terrestres de seres vivos são encontradas nas florestas, que oferecem não apenas um habitat para a biodiversidade, mas também uma série de serviços ecossistêmicos para os humanos.
“As florestas ajudam a manter o ar, o solo, a água e as pessoas saudáveis. E elas desempenham um papel vital no combate a alguns dos maiores desafios que enfrentamos, tais como a luta contra as mudanças climáticas e a erradicação da fome”, afirmou em mensagem para a data o chefe da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva.
Em 2019, a ONU comemora o dia internacional com o tema Florestas e educação. “A educação é um passo crítico para proteger os recursos naturais para as gerações futuras. É essencial que as crianças aprendam sobre as florestas desde cedo”, acrescentou Graziano.
Embora os benefícios trazidos pelas florestas sejam amplamente documentados, a integridade e a sustentabilidade dessas formações vegetais, alerta a FAO, estão ameaçadas pelos efeitos cumulativos do desmatamento, degradação da terra e competição por usos alternativos do solo.
De 1990 a 2015, a proporção da superfície do planeta coberta com florestas passou de 31,6% para 30,6%. Os dados são do último Panorama Ambiental Global, divulgado na semana passada pela ONU Meio ambiente.
O relatório alerta ainda que, conforme o desmatamento avança na Floresta Amazônica, o volume de chuvas tem diminuído — um sintoma da interação entre as florestas, o clima e as necessidades humanas. Estimativas recentes indicam que, caso o desflorestamento destrua de 20 a 25% da cobertura vegetal original da bacia amazônica, o bioma chegará a um “ponto sem retorno”, com prejuízos irreversíveis para o ciclo hidrológico. Nos últimos 50 anos, 17% da extensão original da Amazônia foi devastado, de acordo com dados da WWF citados no panorama da ONU.
Talvez o maior desafio dos esforços de conservação, aponta a FAO, seja a falta de entendimento sobre os modos como as florestas contribuem com a sociedade global. Parte das lacunas nessa compreensão se deve à crescente desconexão entre as pessoas e a natureza, em particular nas áreas urbanas. A FAO ressalta que esse problema precisa ser encarado e revertido — e que a educação pode ajudar a superar esse cenário.
O organismo internacional destaca, porém, que a educação sobre florestas é frequentemente inadequada e não é capaz de abordar desafios emergentes. Menos jovens estão estudando o uso dos recursos florestais nas universidades e um número ainda menor de escolas dos ensinos fundamental e médio inclui a educação sobre florestas em seus currículos. Quando o tema é inserido na formação de crianças e adolescentes, nem sempre o assunto é trabalhado de maneira a explicar o papel multifuncional das florestas.
A FAO tem trabalhado com parceiros para conscientizar os jovens e a população em geral sobre as ameaças às florestas. A agência empreende esforços na criação de programas educativos abrangentes e também no estabelecimento de escolas vocacionais rurais, que possam capacitar profissionais do setor de silvicultura.
Nesse dia internacional, o organismo liderado por Graziano anunciou a implementação de dois projetos de “alfabetização florestal” para crianças de nove a 12 anos, na Tanzânia e Filipinas. Financiados com mais de 1 milhão de dólares do governo da Alemanha, os programas terão duração de três anos e vão envolver a elaboração de módulos educativos que sejam práticos e interativos. A iniciativa prevê a divulgação posterior desse material por meio online, para todo o mundo.
Tanto nas Filipinas quanto na Tanzânia, as florestas são vitais, especialmente para a nutrição das populações rurais, para as necessidades de energia e para os meios de subsistência.
Quase metade da população tanzaniana e um terço da população filipina têm menos de 15 anos de idade. A FAO acredita que educar estudantes do fundamental I sobre o uso sustentável e conservação das florestas é uma porta de entrada para a saúde a longo prazo das florestas dos dois países.
Também com financiamento alemão, a FAO, a Organização Internacional de Madeira Tropical (ITTO) e a União Internacional da Organização de Pesquisa Florestal (IUFRO) estão cooperando para realizar, com outras instituições, um inventário da educação florestal. O levantamento deve catalogar e analisar o estado de práticas de aprendizado sobre o tema em todo o mundo, a fim de identificar lacunas e propor recomendações. O projeto prevê ainda o lançamento de uma plataforma virtual que deverá ser a principal referência global em educação florestal.

Florestas e biodiversidade

Em mensagem para a data, a secretária-executiva da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica, Cristiana Pasca Palmer, afirmou que as florestas, com as suas complexas interações entre seres vivos, são “grandes professoras” para os humanos.
“Elas nos ensinam sobre as variadas formas pelas quais todos os organismos no planeta estão interconectados e, de muitas maneiras, dependem uns dos outros para sobreviver”, disse a dirigente.
“A educação florestal deve incluir tanto a pesquisa científica de ponta como também os conhecimentos tradicionais dos povos indígenas, que vivem lado a lado da biodiversidade das florestas por inúmeras gerações.”
Cristiana enfatizou ainda que os conhecimentos sobre os benefícios das florestas devem ser acessíveis para crianças, jovens e também para homens e mulheres, sem discriminação de gênero.
Fonte: ONU

quarta-feira, 20 de março de 2019

Campanha chocante usa imagens gráficas para mostrar o mal que a poluição plástica causa aos animais marinhos.

O canudinho, a garrafinha ou a sacolinha plástica que você usou hoje pode não causar, sozinhos, um impacto dramático no mundo, mas se você imaginar que todas as 7,7 bilhões de pessoas que habitam o planeta Terra estão pensando a mesma coisa, o resultado é bastante aterrorizante. Sim, precisamos fazer a nossa parte, por menor que ela pareça, para realmente fazer a diferença.
Felizmente, nos últimos tempos, mais pessoas estão interessadas em salvar nosso planeta simplesmente porque estão mais cientes das ameaças ambientais e do fato de que somos uma grande parte do problema.
E campanhas como a da organização internacional sem fins lucrativos Sea Shepherd Conservation Society (SSCS) são essenciais para criar tal consciência.

Chocar para educar

A SSCS visa conservar e proteger ecossistemas e espécies oceânicas combatendo a destruição da fauna marinha. O grupo uniu-se às agências de publicidade Tribal Worldwide São Paulo e DDB Guatemala para lançar uma campanha chocante de conscientização sobre os plásticos.
Cartazes em 3D retratam dois animais marinhos – uma tartaruga e uma foca – sofrendo com as consequências terríveis de objetos descuidadamente descartados.
Os anúncios transmitem uma mensagem reveladora: “O plástico que você usa uma vez tortura os oceanos para sempre”.


“Infelizmente, uma ação pequena e impensada em nossa vida diária pode causar danos enormes à natureza sem que percebamos isso. Nesta campanha, pretendemos remediar isso alcançando o maior número possível de pessoas, conscientizando o público para o fato de que, com passos pequenos e fáceis, podemos garantir que cenas terríveis como essa não aconteçam”, disse Guiga Giácomo, diretor executivo de criação da Tribal Worldwide São Paulo, ao explicar a ideia por trás da campanha.
Que tal procurar uma alternativa mais sustentável hoje? [BoredPanda]
Fonte: Hypesciene

terça-feira, 19 de março de 2019

Plástico no oceano: baleia é encontrada morta com 40kg de sacolas no estômago.

Uma baleia morta cuja carcaça foi recuperada neste fim de semana nas Filipinas tinha 40 quilos de sacos plásticos dentro do estômago, segundo pesquisadores.

O corpo do animal, um macho jovem da espécie “baleia-bicuda-de-cuvier”, foi resgatado a leste da cidade de Davao, no sábado, 16, por uma equipe do Museu D’Bone Collector – ONG dedicada a ações de educação sobre a vida selvagem e à recuperação de animais mortos.
Em um post no Facebook, a ONG informou que “a causa final da morte da baleia foram 40 quilos de sacolas plásticas, incluindo 16 sacos de arroz, 4 sacos usados em plantações como a de bananas e várias sacolas de compras”.
Junto com diversas imagens, a organização acrescenta que nos próximos dias vai publicar uma relação completa dos resíduos plásticos encontrados no estômago do animal e que a quantidade de lixo que ele engoliu foi a maior já vista até agora em uma baleia.
“Isso é revoltante. O governo tem de tomar uma atitude contra aqueles que continuam tratando os cursos de água e o oceano como lixeiras”, acrescenta o texto. Em entrevista à CNN, o fundador e presidente do museu, Darrell Blatchley, disse que “não estava preparado para tamanha quantidade de plástico”. “Era muito plástico e ele estava começando a calcificar [a ficar rígido por acúmulo de sais de cálcio].”

Ameaça crescente

A poluição por plástico nos oceanos tem sido apontada como ameaça a diversas espécies de animais no mundo – em alguns países do Sudeste Asiático, incluindo as Filipinas, o uso de plástico descartável é considerado um problema grave.
Cinco nações asiáticas – China, Indonésia, Filipinas, Vietnã e Tailândia – respondem por até 60% do lixo plástico que acaba nos oceanos, de acordo com um relatório de 2015 da Ocean Conservancy e do McKinsey Center for Business and Environment.
Com esse tipo de resíduo despejado na água em uma escala que chega a milhões de toneladas por ano, desde plânctons minúsculos até baleias enormes acabam ingerindo esse material acidentalmente ao se alimentar ou ao confundi-lo com o próprio alimento. A explicação de pesquisadores é que o plástico não só parece, mas também tem cheiro de comida.
Em junho do ano passado, uma baleia-piloto morreu na Tailândia depois de engolir 80 sacolas plásticas.
Sua morte aconteceu pouco depois de um relatório do governo do Reino Unido ter revelado que o nível de plástico no oceano poderia triplicar em uma década, a menos que medidas sejam tomadas para conter a poluição.
Fonte: BBC

segunda-feira, 18 de março de 2019

Poluição do ar é tema do Dia Mundial do Meio Ambiente, que terá China como país-sede.

Nesta sexta-feira (15), o vice-ministro de Ecologia e Meio Ambiente da China, Zhao Yingmin, e Joyce Msuya, diretora-executiva interina da ONU Meio Ambiente, anunciaram que o país sediará as comemorações do Dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho de 2019, com o tema “poluição do ar”.

Aproximadamente 7 milhões de pessoas morrem prematuramente a cada ano devido à poluição do ar, sendo 4 milhões das mortes somente na região da Ásia e do Pacífico. O Dia Mundial do Meio Ambiente deste ano incitará governos, indústria, comunidades e indivíduos a se unirem para explorar a energia renovável e as tecnologias verdes, bem como melhorar a qualidade do ar em cidades e regiões de todo o mundo.

Nesta sexta-feira (15), o vice-ministro de Ecologia e Meio Ambiente da China, Zhao Yingmin, e Joyce Msuya, diretora-executiva interina da ONU Meio Ambiente, anunciaram que o país sediará as comemorações do Dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho de 2019, com o tema “poluição do ar”.
Aproximadamente 7 milhões de pessoas morrem prematuramente a cada ano devido à poluição do ar, sendo 4 milhões das mortes somente na região da Ásia e do Pacífico. O Dia Mundial do Meio Ambiente deste ano incitará governos, indústria, comunidades e indivíduos a se unirem para explorar a energia renovável e as tecnologias verdes, bem como melhorar a qualidade do ar em cidades e regiões de todo o mundo.
A cidade sede do evento será Hangzhou, na província de Zhejiang. Porém, o governo chinês também se comprometeu a organizar as celebrações em várias partes do país.
O anúncio foi feito enquanto ministros do Meio Ambiente de todo o mundo participam do fórum ambiental global de mais alto nível, a Quarta Assembleia da ONU para o Meio Ambiente (UNEA), em Nairóbi, e após a publicação de um relatório de revisão sobre o controle da poluição do ar em Pequim nos últimos 20 anos.
“A China será uma grande anfitriã global das comemorações do Dia Mundial do Meio Ambiente em 2019. O país demonstrou liderança no combate à poluição do ar internamente e, agora, pode ajudar a estimular outras partes do mundo a agirem. A poluição do ar é um desafio global e urgente que afeta a todos. A China irá, agora, liderar o impulso e estimular a ação global para salvar milhões de vidas”, declarou Joyce Msuya.
O país asiático, com seu crescente setor de energias verdes, emergiu como um líder climático. Metade dos veículos elétricos e 99% dos ônibus elétricos do mundo circulam dentro de suas fronteiras. Ao sediar o Dia Mundial do Meio Ambiente em 2019, o governo chinês poderá mostrar sua inovação e avançar rumo a um ambiente mais limpo.
Segundo um novo relatório da ONU sobre poluição atmosférica na Ásia e no Pacífico, a implementação de 25 políticas voltadas para tecnologias poderia resultar na redução de 20% das emissões globais de dióxido de carbono (CO2) e de 45% das emissões globais de metano, o que poderia impedir a elevação da temperatura global em até um terço de grau Celsius.
O Dia Mundial do Meio Ambiente é um evento mundial liderado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente que acontece todos os anos, no dia 5 de junho, e é comemorado por milhares de comunidades em todo o mundo. Desde que foi instaurado, em 1972, se tornou a maior celebração do nosso meio ambiente.
Segundo a ONU Meio Ambiente, 92% das pessoas em todo o mundo não respiram ar limpo; a poluição do ar custa à economia global 5 trilhões de dólares por ano; a poluição do solo pelo ozônio deverá reduzir os rendimentos de cultivos básicos em 26% até 2030.

Sobre a ONU Meio Ambiente

A ONU Meio Ambiente é a principal voz global em temas ambientais. Ela promove liderança e encoraja parcerias para cuidar do meio ambiente, inspirando, informando e capacitando nações e pessoas a melhorarem a sua qualidade de vida sem comprometer a das futuras gerações.
A ONU Meio Ambiente trabalha com governos, com o setor privado, com a sociedade civil e com outras instituições das Nações Unidas e organizações internacionais pelo mundo.
Fonte: ONU

domingo, 17 de março de 2019

Movimento internacional contra mudanças climáticas chega ao Brasil.

Manifestantes de mais de 1.600 cidades ao redor do mundo sairão às ruas para protestar contra as mudanças climáticas nesta sexta-feira (15/03), em ato que é considerado por ativistas uma das maiores mobilizações pelo clima já vistas. O Brasil está entre os mais de cem países que aderiram ao Fridays for Future (ou Greve pelo Futuro, como vem sendo chamado no Brasil) neste 15 de março, com 19 cidades participantes, segundo a organização.

À frente do movimento global, está a ativista sueca Greta Thurnberg, de 16 anos, que desde agosto do ano passado falta às aulas para pressionar o governo sueco a cumprir o Acordo de Paris, um tratado mundial assinado por quase 200 países, incluindo o Brasil, para reduzir a emissão de gases de efeito estufa.
Inicialmente sozinha em frente ao Parlamento sueco, Greta conquistou o apoio de estudantes de diferentes países – e de adultos também. Recentemente, mais de 12 mil cientistas de países de língua alemã se posicionaram publicamente a favor das manifestações. O apoio é uma resposta às críticas de políticos que condenam o fato de crianças e adolescentes faltarem às aulas para protestar.
Apesar das polêmicas, as ideias da ativista sueca e o convite à participação nas “greves pelo clima” ganharam enorme repercussão e encontraram adeptos no Brasil. As diferentes manifestações planejadas para esta sexta-feira no país devem contar com a participação de jovens estudantes e também de adultos e têm como foco os impactos locais das mudanças climáticas.
Pensar globalmente, agir localmente
As turmas de 6° ano do Colégio Guarani, de Mogi das Cruzes, no interior de São Paulo, vão aderir ao movimento global. Cerca de 90 estudantes, que estão aprendendo sobre mudanças climáticas em sala de aula, devem participar de uma caminhada da escola até a prefeitura, usando cartazes de materiais reciclados feitos por eles.
Além disso, alunos do primeiro ano do ensino médio estão elaborando uma carta com sugestões para deixar a cidade mais sustentável. O documento será entregue à Câmara Municipal.
“Estou tentando marcar um horário para apresentarmos as propostas”, afirma a professora de Ciências e Biologia Jenifer Rocha. Entre as ideias estão o incentivo a telhados verdes ou jardins verticais em prédios e a criação de pontos de coletas de materiais recicláveis vinculados a um sistema de bônus.
Em Peruíbe, no litoral paulista, cerca de 150 alunos da Escola Estadual Portal da Jureia, também planejaram uma passeata com cartazes e faixas até a Praia de Peruíbe, depois de assistirem a uma palestra sobre mudanças climáticas. Lá, eles planejam demarcar o ponto aonde deve chegar o nível do mar caso o aquecimento global não seja contido e alertar para possíveis consequências disso, que incluem inundações. Ao final, eles vão plantar árvores nativas.
O litoral também é uma preocupação para manifestantes em Recife. “Em Maracaípe [praia a 75 quilômetros de Recife], onde moro, tinha uma estrada na beira-mar que chegava até o final da baía. Agora só tem uma parte, porque o mar arrasou o restante dela. Tem gente que está perdendo terrenos porque o mar os está engolindo”, diz a artesã argentina Gisela Díaz, que está à frente do movimento na cidade.
Ela também menciona a chamada maré vermelha, ocorrida no mar de Maracaípe recentemente. O fenômeno acontece quando o aquecimento da água provoca a proliferação de algas que soltam toxinas e fazem mal aos banhistas e à fauna marinha. O aumento da temperatura dos oceanos é um dos efeitos das mudanças climáticas e, segundo estudos recentes, está acontecendo em ritmo mais rápido do que o esperado.
Gisela e um grupo de amigos vai tentar conscientizar motoristas e pedestres sobre as mudanças climáticas nos semáforos de Recife, com a ajuda de placas e o apoio de iniciativas ambientais locais, como Greenpeace e Recife sem lixo.
“A gente não é estudante, alguns nem brasileiros somos, mas acho que isso não tem importância. O mundo é um só, e todos precisamos dele. No último discurso da Greta, ela disse que se os adultos acham ruim que as crianças façam greve, poderiam ocupar seus lugares, ou melhor, se somar a elas. Então, aqui estou”, explica.
Em Juazeiro do Norte, no Ceará, manifestantes vão se reunir numa praça, munidos de cartazes e focando temas locais. “Por sermos do Ceará, iremos falar da atual seca de seis anos, a pior da história, além das pautas globais da Greta e das nacionais, como as medidas do novo governo para o meio ambiente”, diz o estudante de Pedagogia Davi Mota, responsável pela manifestação na cidade.
União e parcerias em prol do clima
Embora as iniciativas no Brasil sejam locais e tenham lideranças distintas, os idealizadores uniram esforços nas redes sociais para fazer o movimento Greve pelo Futuro crescer e conseguir parceiros.
“Contamos com o apoio da ONG internacional 350.org, da ONG Engajamundo, do projeto Criativos da Escola, voluntários nacionais do Greenpeace e outros”, diz Davi, que criou grupos de mobilização.
No Rio de Janeiro, alunos de colégios e universitários vão se reunir diante da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para protestar e também identificar a partir do contato com moradores quais são as demandas locais mais relevantes no contexto das mudanças climáticas.
“Estamos construindo uma lista de reivindicações e vamos visitar os gabinetes da Assembleia para cobrar dos deputados o que eles estão fazendo ou vão fazer”, explica a estudante de Gestão Ambiental Milena Batista.
Em São Paulo, uma das manifestações, organizadas pelo negócio social Muda de Ideia, está marcada para ocorrer em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, e deve contar com a adesão de estudantes da capital.
“Eu tinha que trabalhar na sexta, mas vou estar lá porque quero ser a mudança que desejo para o planeta”, diz Diego Gazola, um dos mobilizadores do evento na Avenida Paulista e pesquisador do projeto Nascentes da Crise, da Muda de Ideia.
Manifestações da Fridays for Future, ou Greve pelo Futuro, também estão planejadas nesta sexta-feira em Belo Horizonte (MG), Goiânia (GO), Brasília (DF), Confresa (MT), Salvador (BA), Florianópolis, (SC), Santa Maria (RS), Imbé (RS), Francisco Beltrão (PR), Santos (SP), Jundiaí (SP), Bragança Paulista (SP) e Socorro (SP).
Fonte: Deutsche Welle

sexta-feira, 15 de março de 2019

Comissão de Meio Ambiente vai debater segurança das barragens.

A Comissão de Meio Ambiente (CMA) promove audiência pública na  quinta-feira (14), data em que é celebrado o Dia internacional da Luta contra as Barragens, para debater a segurança de barragens no Brasil. Para o autor do requerimento, senador Jean Paul Prates (PT-RN), as recentes tragédias ocorridas no país, nas cidades de Mariana e Brumadinho, ambas em Minas Gerais, evidenciam que as barragens como as que se romperam devem ser extintas em todo o território brasileiro, como já determina a Resolução nº 4, de 15 de fevereiro de 2019, da Agência Nacional de Mineração (ANM), que determina extinção ou descaracterização, até 2021, das barragens chamadas “a montante”.

Nesse sistema, a barragem vai sendo elevada na forma de degraus conforme vai aumentando o volume dos rejeitos de mineração. A lama que é dispensada é formada basicamente por ferro, sílica e água. É o método mais simples, mais barato e mais instável. Segundo o senador, existem 84 barragens a montante no país.
De acordo com estudo da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) elaborado entre 2017 e 2018 para analisar a Política Nacional de Segurança de Barragens, existem cerca de 24 mil barragens no país. Dentre elas, 3.543 foram classificadas como de risco e 5.459 foram classificadas como de dano potencial. Do total, 723 barragens caracterizam-se tanto de risco como de potencial de dano.
Foram convidados para participar da audiência, o diretor de projetos estratégicos do Ministério do Desenvolvimento Regional, Antônio Luitgards Moura; o superintendente de fiscalização da Agência Nacional de Águas (ANA), Alan Vaz Lopes; o representante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Iury Charles Paulino Bezerra; o defensor nacional de direitos humanos da Defensoria Pública da União (DPU), Eduardo  Nunes de Queiroz; o conselheiro do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), Leandro Scalabrin; a procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Deborah Duprat; o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Carlos Bernardo Vainer; e um representante da Agência Nacional de Mineração (ANM) a ser definido.
A audiência pública da CMA, que é presidida pelo senador Fabiano Contarato (Rede-ES), que será interativa, acontecerá às 11h, na sala 13 da Ala Alexandre Costa.
Fonte: Agência Senado

quinta-feira, 14 de março de 2019

Como o florescer das cerejeiras pode indicar mudanças climáticas.

abrir de pétalas das flores da cerejeira Yoshino neste ano em Tidal Basin, Washington, D.C, nos Estados Unidos, parece não ter sido afetado pelo aquecimento global. No entanto, há anos essas árvores têm florescido precocemente, segundo o Serviço Nacional de Parques (NPS) de Washington. Isso pode significar que mudanças climáticas globais alteram a vida das plantas, o que tem efeitos para outras espécies do seu ecossistema.

Em 2019, o período de pico do fenômeno, que ocorre quando 70% das flores se abrem, foi previsto para o começo de abril. A data está dentro dos padrões históricos das últimas décadas, de acordo com o que foi anunciado pela entidade em cerimônia no Newseum de Washington, museu interativo dedicado ao jornalismo.
De acordo com Jeffrey Reinbold, superintendente da agência, a NPS determinou a projeção de data para o florescimento de acordo com uma análise de dados, que incluíam temperaturas e as previsões de tempo para o mês de março.
Mudanças de ano em ano 
Conforme o site da NPS, o tempo mais provável do florescimento deveria ser sempre na última semana de março ou primeira semana de abril. Temperaturas extraordinárias, muito quentes ou frias, podem causar a antecipação do fenômeno – que chegou a acontecer dia 15 de março em 1990 – ou, ainda, o atraso dele. Em 1958, por exemplo, as flores desabrocharam em 18 de abril. Já em 2018, isso aconteceu no no dia 25 de março; mas duas semanas antes da data, metade das flores morreu devido a um congelamento tardio.
Especialistas da NPS dizem que as condições locais de luz e calor são os fatores principais que determinam o tempo de florescimento em ecossistemas temperados, como é o caso da região de Washington. Apesar desse período variar ao longo dos anos devido às condições locais, as médias de longo prazo, que vão muito além das de um ano só, podem ser sinais do impacto de variações climáticas anormais sobre as árvores, uma vez que as temperaturas estão ficando mais quentes e o florescimento tem sido adiantado.
O Instituto Smithsoniano publicou uma pesquisa em 2001 demonstrando que o florescimento das cerejeiras se adiantou em sete dias de 1970 até 1999, como efeito das mudanças climáticas. Paul Peterson, um dos autores do estudo, disse que essa tendência é de longo prazo. “O clima está ficando mais quente. As plantas estão florescendo bem antes”, ele contou ao The Independent.
Peterson também acrescentou que, embora a média a longo prazo seja a mesma, o florescimento precoce não ocorre todo ano. É o caso de 2019, que teve temperaturas mais geladas em março. Essa condição, juntamente com o tempo chuvoso, pode prejudicar e postergar o fenômeno.
Em entrevista ao Eos, o cientista especialista em mudanças climáticas Patrick Gonzalez contou sobre uma pesquisa realizada por ele e sua equipe que determinou um aumento de 1,1°C por século (de 1895 a 2017) no memorial de Martin Luther King, localizado na enseada Tidal Basin, local onde há forte presença de cerejeiras. Essa mudança se deve às atividades humanas. “O padrão histórico cada vez mais adiantado de florescimento das cerejeiras em Washington está relacionado com mudanças climáticas causadas pelo homem, mas nenhuma pesquisa realmente examinou todos os fatores envolvidos”, contou.
Impactos maiores
Como apontado pelo cientista, as alterações no tempo de florescimento das cerejeiras podem ter repercussões desastrosas; outras espécies, como os agentes polinizadores, acabam sofrendo danos.
Ainda, o fenômeno pode estar ocorrendo em várias regiões do planeta. Gonzalez citou uma pesquisa que indica o precoce desabrochar de flores em Kyoto, no Japão, com uma base de dados de 1200 anos. Outro estudo, por sua vez, concluiu que o período de pico de florescimento em Tidal Basin “tem mais chances de ser acelerado” em uma média de 5 dias em 2050 e de 10 dias em 2080, em relação a padrões estabelecidos por um relatório de 2007 do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas.
O autor dessas previsões, Soo-Hyung Kim, contou ao Eos: “Se cenários futuros assim permanecerem padronizados, então as previsões ainda a serem feitas com base nesses cenários serão similares”. Sobre o fato das datas previstas para o florescimento em Tidal Basin estarem dentro da média em 2019, ele defendeu: “Não acho que um ano mostrando uma média represente uma tendência duradoura. Nós teremos que analisar a longo prazo”.
Nos EUA, em regiões de clima temperado, existem tendências de longo prazo nas quais há invernos mais quentes e calor logo no começo da primavera, segundo Theresa Crimmins,  assistente de direção da Base Nacional Americana de Fenologia de Tucson, no estado do Arizona. “As respostas das plantas é florescer antes, realizando suas atividades sazonais primaveris mais cedo”, ela explicou.
Crimmins também observa que nem todas as espécies florescem na mesma direção e ritmo, mas que as consequências óbvias de mudanças no tempo do florescimento seriam anormalidades nas atividades dos polinizadores.
“O florescimento das cerejeiras de Washington é um bom indicador de potenciais mudanças climáticas e impactos ecológicos em diversos outros lugares”, Gonzalez analisou. Para ele, as plantas são apenas um dos sinais de que o planeta pede socorro:  “O aumento da conscientização irá nos ajudar a nos engajarmos em uma solução para esse problema”.
Fonte: Revista Galileu

quarta-feira, 13 de março de 2019

A Noruega tem um esquema insanamente eficaz que recicla 97% das garrafas plásticas utilizadas no país.

Quando se trata de reciclagem de resíduos plásticos, a Noruega está à frente do mundo todo: a nação escandinava criou um esquema que a permite reciclar 97% de todas as suas garrafas plásticas, com menos de 1% acabando no meio ambiente.
Além disso, 92% das garrafas recicladas produzem material de alta qualidade e podem ser utilizadas novamente como embalagens de bebidas.
Em alguns casos, o sistema já reutilizou o mesmo material mais de 50 vezes.

Infinitum

Por meio de uma organização chamada Infinitum, a Noruega criou uma das formas mais eficientes e ambientalmente corretas de reciclar garrafas plásticas.
Essa é uma conquista notável, especialmente considerando que o resto do mundo vai na contramão: em todo o globo, 91% do plástico produzido não é reciclado e 8 milhões de toneladas acabam no oceano anualmente.
A título de comparação, os EUA possuem uma taxa de reciclagem de cerca de 30%, enquanto o Reino Unido tem uma entre 20 e 45%.
Então, o que a Noruega está fazendo diferente?

Recicle e ganhe

Para simplificar, a nação deu à reciclagem um valor que ela não tem na maioria dos lugares.
Hoje em dia, é geralmente mais barato criar plástico novo do que reciclar plástico velho. Sem um incentivo financeiro, empresas e consumidores não costumam se preocupar em fazer a coisa certa pelo meio ambiente.
O modelo da Noruega é baseado em um esquema de empréstimos: quando um consumidor compra uma garrafa de plástico, uma pequena taxa adicional equivalente a cerca de 13 a 30 centavos de dólar é cobrada.
Esta taxa pode então ser resgatada de várias maneiras. Os consumidores podem levar sua garrafa a uma “máquina de retorno automática”, que devolve dinheiro depois de escanear o código de barras da embalagem depositada. Também podem devolvê-la a várias pequenas lojas e postos de gasolina em troca de dinheiro ou crédito.
Os donos de lojas também recebem uma pequena taxa por cada garrafa que reciclam, e alguns argumentam que isso aumentou seus negócios.
“Queremos chegar ao ponto em que as pessoas percebam que estão comprando o produto, mas apenas tomando emprestada a embalagem”, disse Kjell Olav Maldum, diretor executivo da Infinitum, ao The Guardian.

Imposto

Ao mesmo tempo, o país também impôs uma taxa ambiental aos produtores de plástico, que pode ser reduzida com melhorias na reciclagem.
Se a reciclagem estiver acima de 95% em todo o país, então todos os produtores são isentos do imposto.
Embora essa possa soar como uma meta difícil de ser alcançada, já foi pelos últimos sete anos.

Mirem-se no exemplo da Noruega

Desde o advento deste esquema único, a Infinitum tem sido visitada por representantes de muitos países, incluindo a Escócia, Índia, China e Austrália, todos interessados em seguir o exemplo da nação.
A Alemanha e a Lituânia são alguns dos únicos países que podem competir com a Noruega, e ambos usam sistemas semelhantes.
No entanto, mesmo na Noruega, ainda há espaço para progresso. Este ano, a Infinitum estima que 150 mil garrafas não serão devolvidas e, se tivessem sido, teriam economizado energia suficiente para alimentar 5,6 mil residências no ano.
Quando posto nesses números, parece uma ótima razão para reciclar, não? [ScienceAlert]
Fonte: Hypescience