sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Produção de baunilha entra em crise e a torna um produto de luxo no mundo.

Na ilha de Madagascar agricultores estão sofrendo com a falta de segurança em suas plantações de baunilha. O Produto teve um aumento significativo na procura. Madagascar representa o maior produtor mundial deste fruto que está valendo mais que a prata nos últimos anos.
A ilha de Madagascar, na África, é um dos lugares mais pobres do mundo.
Agricultores saem à noite para fazer patrulhamento nas áreas de plantio para evitar furtos. Além disso, eles gravam nas cascas verdes e lisas das favas da baunilha o nome do dono da plantação, para que possam ver a quem ela pertence.
Por medo de serem furtados, muitos produtores antecipam a colheita. O governo, por sua vez, está tentando coibir o uso desta estratégia, estabelecendo colheitas fixas para cada aldeia. Há pouco tempo, autoridades queimaram 500 quilos de vagens imaturas como uma forma de pressionar os produtores a cumprirem o calendário.
A ilha de Madagascar é um local de difícil acesso. Para se chegar lá a partir de Antananarivo, capital da ilha, é preciso fazer dois voos, percorrer poucas horas de lancha e ainda alguns minutos de canoa.
Dadas as condições de umidade, sombra e temperatura moderada da região, sua floresta é apropriada ao cultivo de baunilha.

A baunilha

100 kg de favas frescas (à esquerda) viram 15 kg de baunilha seca (à direita) – cada fava rende sete bolas de sorvete. (Fellipe Abreu/Reprodução)
A baunilha é nativa do México, porém o país a produz pouco. Madagascar ganhou este mercado ainda na década de 60, sendo hoje o maior produtor mundial. A Indonésia segue em segundo lugar neste ranking.
Demora em torno de 5 anos para uma nova planta produzir vagens, depois de colhida é necessário esperar mais dois anos para a próxima safra.
O processo de polinização da planta deve ser feito manualmente, assim como a colheita. Consiste em lavar as favas em água quente, secar, enrolar em mantas de lã e deixar dois dias secando ao sol.
Se imaturas ou curadas de maneira errada, sofrem perdas no teor de vanilina e podem ficar com gosto de mofo.

Elevação do custo

Por seus custos elevados a indústria optou por substituir a baunilha natural pela essência de baunilha sintética, uma vez que esta última era bem mais barata.
Com a valorização recente dos produtos naturais, a demanda por baunilha voltou a crescer. Contudo, a produção não acompanhou, fazendo com que os preços do produto se elevassem. O quilo, que há cinco anos atrás custava US$ 20, chegou a US$ 600. Foi então que surgiu a crise da baunilha.

Produção afetada por desastres naturais

Não bastassem todas as dificuldades já citadas anteriormente, esta planta ainda sofre com o aumento dos desastres naturais. Em março de 2017, o ciclone Enawo atingiu Madagascar, destruindo a maior parte da safra do ano. As duas maiores produtoras foram diretamente atingidas.
Com informações de BBC, Revista Galileu e Super Interessante, Redação Ambientebrasil

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Ibama apreende dois barcos e 51 toneladas de pescado no litoral norte do RJ.

Brasília (27/10/2017) – O Ibama apreendeu nesta quinta-feira (26/10) dois barcos, um quilômetro de rede para cerco e 51 toneladas de pescado em duas ações simultâneas contra a pesca predatória no litoral do Rio de Janeiro. Nas operações, o Instituto aplicou mais de R$ 1 milhão em multas.

Foi a maior apreensão de pescado realizada neste ano no Estado. A carga capturada de forma irregular foi doada a entidades sem fins lucrativos como o Programa de Segurança Alimentar e Nutricional do Serviço Social do Comércio (Mesa Brasil), o Grupo de Apoio à Aeronáutica e colônias de pescadores na Região dos Lagos.
A maior das embarcações (MOMM I) estava carregada com 50 toneladas de peixes de alto valor comercial, como peroá e xerelete. Os infratores pescavam ilegalmente no Norte Fluminense e foram monitorados durante toda a madrugada por agentes do Ibama. O barco foi interceptado quando aportou no cais, em Cabo Frio. O responsável pela infração ambiental foi autuado em R$ 1.020.300,00. A ação teve apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
O outro barco apreendido foi uma traineira, flagrada pela Capitania dos Portos pescando em área proibida na Baía de Guanabara. No porão, o Ibama encontrou aproximadamente uma tonelada de corvinas, tainhas e pescadas-amarelas. Após o descarregamento, a Polícia Militar conduziu a tripulação para registro criminal em Delegacia Especializada.
Por meio de denúncias realizadas pela Linha Verde (0800 618080), do monitoramento por satélites e de ações conjuntas com a Capitania dos Portos, o ICMBio e a Polícia Militar Ambiental, o Ibama intensificou as ações de fiscalização contra a pesca ilegal na costa do Rio de Janeiro.
Fonte: Ibama

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Caso de golfinho abandonado em aquário no Japão causa revolta pública.

O drama de um golfinho solitário e dezenas de pinguins abandonados em um aquário fechado no Japão desde o início do ano desencadeou protestos nesta semana, com ativistas e cidadãos comuns pedindo para que os animais sejam salvos.

Honey, uma fêmea da espécie de golfinho Tursiops, foi capturada em 2005 perto de Taiji, cidade portuária que se tornou famosa pela caça anual de golfinhos retratada no documentário vencedor do Oscar “A Enseada”, segundo reportagens.
A prática de aquários japoneses comprarem golfinhos de Taiji foi muito criticada após o lançamento do filme. Durante a caça, centenas de golfinhos são direcionados a uma enseada, onde alguns são capturados vivos para serem vendidos a parques marinhos e outros são mortos por sua carne.
Desde então, a Associação Japonesa de Zoológicos e Aquários concordou em parar de comprar golfinhos de Taiji.

Parque fechado após crise

A operadora do Aquário e Parque Marinho Inubosaki da cidade de Choshi, localizada na província de Chiba, fechou o local em janeiro devido à queda nas visitas depois do terremoto e da crise nuclear de 2011.
Apesar disso, Honey e 46 pinguins, além de centenas de peixes e répteis, continuam no aquário, disse uma autoridade do Departamento de Saúde e Bem-estar de Chiba.
Funcionários têm alimentado os animais regularmente, acrescentou, mas fotos e vídeos feitos por ativistas em março e agosto do lado de fora do parque mostram Honey flutuando em uma piscina minúscula em uma instalação estranhamente vazia.
Em outra imagem, pinguins cobertos de poeira são vistos empoleirados em uma estrutura em ruínas perto de uma pilha de escombros.
“Honey é símbolo tanto do problema dos parques marinhos quanto das práticas de caça de Taiji”, disse Akiko Mitsunobu, do grupo local Centro de Direitos dos Animais.
“Quando fomos verificar as dependências, ela mostrava sinais de estresse, tirando e colocando a cabeça de dentro d’água de maneira fraca”.
Diversas ligações para o Parque Marinho Inubosaki e para sua empresa controladora não foram atendidas. Uma autoridade de Choshi disse que a cidade tampouco conseguiu entrar em contato com representantes do parque.
Fonte: Reuters

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Mudança climática gera incêndios mais frequentes e intensos.

Floresta próxuma a Berlim: incêndios florestais de verão chegaram à Alemanha
O incêndio florestal que obrigou mais de 500 pessoas a deixarem suas casas em vilarejos próximos a Berlim na semana passada foi apenas mais um numa longa lista neste verão na Europa. Devido ao calor e à estiagem, países da região têm vivenciado temporadas de incêndios florestais mais longas e mais ferozes.
Na Europa Meridional, o intenso calor de verão cria campo fértil para o fogo. Mais de 80 pessoas morreram na Grécia em julho, quando o maior incêndio florestal numa década devastou a região turística de Mati, cerca de 28 quilômetros ao leste de Atenas. Milhares tiveram que ser evacuados, 1.500 casas foram danificadas, muitas destruídas.
Em Valência, Espanha, 2.500 moradores deixaram suas casas para escapar do fogo que atingiu quase 2.500 acres. Em Portugal, um incêndio irrompeu em Monchique, no Algarve, onde no princípio de agosto as temperaturas passaram de 45ºC.
Até mesmo os países escandinavos e bálticos como Noruega, Finlândia e Lituânia, tipicamente temperados, sofreram com as chamas. A Suécia registrou alguns dos maiores incêndios de sua história em julho último, o mais quente no país em 250 anos. O fogo não poupou nem mesmo partes do Ártico, onde as temperaturas do verão estiveram 10ºC acima da média.
Em julho de 2018, Grécia foi vítima de grandes catástrofes
Em 2017, mais de dez grandes incêndios atravessaram i o norte da Califórnia, matando 41 pessoas, destruindo 6 mil residências, devastando a famosa região vinícola local e gerando prejuízos de 2,7 bilhões de dólares. Até agora, essa foi a série de incêndios mais fatal e mais destrutiva na história do estado americano.
Em julho e agosto de 2018, quase 20 incêndios devastaram a Califórnia, e alguns ainda estão ativos. Seis bombeiros morreram no cumprimento de seu dever. Em 4 de agosto foi declarado estado de calamidade na Califórnia.
O maior desastre foi assim chamado “complexo Mendocino”, uma junção de dois grandes focos no norte do estado, que queimou mais de 415 mil acres, 157 residências e 120 outros prédios. No que se refere ao futuro, não há um fim à vista para a onda de chamas varrendo o globo.
A província canadense da Colúmbia Britânica declarou estado de emergência em 15 de agosto, enquanto centenas de fogos descontrolados ardiam por seu território. Milhares de moradores foram evacuados, e 600 mil acres foram consumidos pelas chamas.
No ano anterior, essa região e a de Alberta já haviam tido a pior temporada de incêndios desde o início dos registros, com mais de 3,11 milhões de acres destruídos até meados de outubro.
“Incêndio de Carr” consumiu mais de 200 mil acres na Califórnia
Incêndios florestais são em geral deflagrados por relâmpagos ou por seres humanos, por descuido ou deliberadamente. Mas o fenômeno está se exacerbando devido às ondas de calor que, como advertem climatologistas, tendem a se tornar a norma.
“Conflagrações de fogo são uma característica natural dos verões, mas a alteração do clima está aumentando o risco”, confirma Bob Ward, diretor de políticas e comunicação do Instituto Grantham de Pesquisa da Mudança Climática, em Londres.
A seca é um dos principais fatores intensificadores. Na Califórnia, no inverno anterior as chuvas foram poucas, secando a madeira e gerando combustível para os incêndios, explica Ward. Em relação à Grécia, “há indicações muito claras de que os países do norte do Mediterrâneo estão tendo secas mais frequentes e intensas, e isso se deve à mudança climática”.
Segundo o especialista, pelas próximas três ou quatro décadas a humanidade não terá qualquer controle sobre a ocorrência das secas “porque elas estão ‘trancadas’ pela concentração de gases-estufa que já se formou”.
Incêndio descontrolado na África do Sul: sob condições normais, fogo integra ciclo natural nas savanas
Em várias partes do mundo, os incêndios ao ar livre são parte do ciclo natural. As savanas, por exemplo, são mantidas pelo fogo: algumas árvores não só o sobrevivem como precisam dele para liberar suas sementes. A intervenção humana pode perturbar esses ciclos, como tem constatado a ciência da ecologia florestal.
O desmatamento de bosques antigos, por exemplo, eleva o risco de catástrofes. Uma vez que as árvores grandes e antigas mais provavelmente já sobreviveram a incêndios, elas tendem a ser mais resistentes do que plantas menores e mais jovens.
Apagar pequenos incêndios também permite que resíduos inflamáveis se acumulem, até que se deflagra um fogo colossal e incontrolável. Deixar os pequenos focos arderem e controlá-los é um meio efetivo de livrar-se da lenha seca. “Uma coisa que pode aumentar o risco de grandes incêndios, ironicamente, é a supressão do fogo”, resume Bob Ward.
Para agravar, o aquecimento global gera condições mais quentes e secas, e ciclos de incêndio estão começando a se manifestar em áreas, como os trópicos, que não dispõem de uma ecologia natural do fogo.
Mas a mudança climática não é o único elemento de origem humana nessa equação. Incêndios também são iniciados por incautos que deixam cair cigarros acesos ou deixam fogueiras arder fora de controle, além de serem intensificados pela má gestão de terras.
Assim, segundo o especialista do Instituto Grantham, além da redução de emissões dos gases responsáveis pelo efeito estufa, os governos precisam esclarecer o público sobre os riscos de incêndios ao ar livre, e se deveria evitar construir em áreas sujeitas a incêndios.
“Para além disso, temos a opção – se reduzirmos as nossas emissões – de sustar essa tendência a secas mais fortes e mais frequentes. Mas isso depende de nós.”
Fonte: Deutsche Welle

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Região nunca se recuperou do desmatamento provocado pelos maias.

FLORESTAS DA PENÍNSULA DO IUCATÃ, ONDE FICA AS FAMOSAS RUÍNAS DE CHICHÉN ITZÁ, NUNCA SE RECUPEROU DO DESMATAMENTO MAIA. (FOTO: CREATIVE COMMONS / GANYMEDEHOUSEPUBLISH)
Há 4 mil anos, os maias começaram a cultivar seus próprios alimentos. A disseminação da agricultura, no entanto, aliada à construção das cidades, levou a um intenso desmatamento e erosão do solo, o que é apontado como um dos motivos para o colapso da civilização.
Um novo estudo mostra que as consequências do desmatamento maia dura até hoje. A derrubada de florestas também dizimou os reservatórios de carbono nos solos tropicais da região da península de Iucatã, berço da civilização maia,  muito depois de antigas cidades terem sido abandonadas e as florestas terem crescido novamente.
“O que é mais surpreendente no novo estudo é que os solos da região ainda não se recuperaram completamente como sumidouros de carbono em mais de um milênio de reflorestamento”, diz o geoquímico da McGill University, Peter Douglas, principal autor do novo estudo.
“Quando você vai a essa área hoje, muito parece uma floresta tropical densa e antiga”, diz Dougla. “Mas quando você olha para o armazenamento de carbono no solo, parece que o ecossistema foi fundamentalmente modificado e nunca retornou ao seu estado original”.
O solo é um dos maiores depósitos de carbono da Terra, contendo pelo menos duas vezes mais carbono que a atmosfera de hoje. No entanto, os cientistas têm muito pouca compreensão de como os reservatórios de carbono do solo mudam em escalas de tempo superiores a uma década ou mais. O novo estudo, sugere que esses reservatórios podem mudar drasticamente ao longo do tempo.
Para investigar esses efeitos a longo prazo, Douglas e seus co-autores examinaram amostras de sedimentos extraídos do fundo de três lagos nas planícies maias do sul do México e da Guatemala. Os pesquisadores usaram medidas de radiocarbono, um isótopo que decai com o tempo, para determinar a idade das moléculas chamadas ceras vegetais, que são normalmente armazenadas no solo por um longo tempo, porque se ligam a minerais. Eles então compararam a idade das moléculas de cera com a de fósseis de plantas depositados nos sedimentos.
A equipe descobriu que uma vez que os antigos maias começaram a desflorestar a paisagem, a diferença de idade entre os fósseis e as ceras vegetais foi de muito grande para muito pequena. Isso implica que o carbono estava sendo armazenado no solo por períodos muito mais curtos de tempo.
O projeto resultou de uma pesquisa que Douglas havia feito há alguns anos como estudante de doutorado em Yale, usando moléculas de cera vegetal para rastrear as mudanças climáticas que afetaram os antigos maias. Ao mesmo tempo, o trabalho de outros pesquisadores indicava que essas moléculas eram um bom marcador para mudanças nos reservatórios de carbono do solo.
“Colocando essas coisas em conjunto, percebemos que havia um importante conjunto de dados aqui relacionando o desmatamento antigo às mudanças nos reservatórios de carbono do solo”, explica Douglas.
Fonte: Revista Galileu30

domingo, 26 de agosto de 2018

Desmatamento na Amazônia chega a quase 4 mil quilômetros quadrados, diz instituto.

O desmatamento na Amazônia chega a quase 4 mil quilômetros quadrados, segundo dados do Imazon, o instituto que monitora a Amazônia, obtidos pelo Bom Dia Brasil. A área desmatada é equivalente a 13 vezes o tamanho da cidade de Belo Horizonte.
Entre agosto de 2017 e julho deste ano, as derrubadas aumentaram 39% em relação ao período anterior. A taxa voltou a crescer depois de uma redução de 20%.
Segundo o instituto, os estados do Pará, Mato Grosso e Amazonas concentraram quase todo o desmatamento na Amazônia. A destruição foi maior em áreas privadas, depois em assentamentos e unidades de conservação.
O Imazon afirma que a pecuária foi responsável por mais de 60% da perda de vegetação nativa. Os ambientalistas também calcularam outra forma de desmatamento: a chamada degradação florestal, que é provocada especificamente por pequenas queimadas e pela extração seletiva de madeira. Esse tipo de derrubada aumentou 220%.
O Ministério do Meio Ambiente informou que desconhece os números do Imazon e que vai divulgar os dados oficiais do desmatamento até o fim desse ano.
Fonte: Bom Dia Brasil

sábado, 25 de agosto de 2018

Impacto da mineração no abastecimento de água preocupa ambientalistas e moradores da Grande BH.

A mineração na Serra do Curral, onde funciona as atividades da Empabra, foi suspensa em julho
A exploração minerária na Região Metropolitana de Belo Horizonte e os impactos da atividade no abastecimento de água na Região Metropolitana de Belo Horizonte foram discutidos numa audiência pública realizada nesta quarta-feira (22), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
A audiência contou com a presença de ambientalistas e moradores de áreas afetadas pelos empreendimentos. Eles questionam o controle e a fiscalização de medidas para frear a degradação do meio ambiente nos Parques Estaduais da Serra do Rola-Moça e da Baleia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
Para os especialistas, no Parque Estadual da Baleia, a ameaça seria a Mina Corumi, no bairro Cidade Jardim Taquaril, na Região Leste de BH. Em junho deste ano, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) suspendeu a exploração na área  após a mineradora ter descumprido um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado em 2017, que previu ações de recuperação da área degradada pelas atividades.
No caso do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, a preocupação é com a possível reativação de duas minas vizinhas à área de preservação. Uma delas está embargada pelo Ministério Público desde 2009, por causa de problemas com o licenciamento ambiental.
Outro ponto de conflito é a Mina de Casa Branca, que fica ao lado do Mirante dos Veados, no município de Brumadinho, na Grande BH, que também teve as atividades suspensas em 2001, em razão da falta de compensação de danos ambientais.
E a preocupação tem fundamento. Júlio César Grilo, representante do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que esteve presente na audiência, disse que não existe nem mesmo um balanço hídrico dos mananciais de abastecimento nessas regiões.
A situação foi confirmada pela representante da Copasa. “o uso da água subterrânea dos aquíferos do Quadrilátero Ferrífero, região onde estão concentrados esses empreendimentos, não é bem conhecido”, disse Silvana Mônica Vaz.
Ela informou também que a companhia está fazendo um estudo sobre os impactos desses empreendimentos para embasar futuras decisões do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), sobre o licenciamento das três mineradoras.
Arthur Nicolato é médico, professor e morador do Bairro Cidade Jardim Taquaril e acredita que os planos de recuperação ambiental das empresas não são colocados em prática. “A legislação é muito permissiva ao abrir brechas como o licenciamento corretivo, artimanha para colocar a mineração goela abaixo da sociedade”, desabafou.
Fonte: Hoje em Dia

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Queimadas controladas necessitam autorização e acompanhamento.

Queimadas controladas em áreas rurais não são permitidas em períodos de seca – Foto: ICMBio
A queimada controlada é método utilizado, com objetivos diferentes, tanto por proprietários rurais como por brigadistas em Unidades de Conservação (UC). No meio rural, a queima é tradicionalmente adotada para abrir espaço de áreas para a agricultura e também para pastagens de rebanhos. Já nos locais de preservação ambiental, o fogo é usado para combater o próprio fogo: pequenos focos são ateados, sob supervisão, para limitar a área de expansão de grandes incêndios.
Esses dois usos de queimadas controladas, no entanto, só podem ser realizados com autorização e sob a supervisão dos órgãos ambientais. No caso de área federal, por exemplo, é preciso autorização do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão vinculado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Já em áreas rurais, a autorização é concedida pelos órgãos ambientais estaduais. “Sem a autorização ambiental, a queima é um crime ambiental que deve ser punido”, ressalta Gabriel Zacharias, coordenador do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo).
Em áreas de conservação, todo o trabalho envolvido para realizar a queima controlada é de responsabilidade federal e estadual, com brigadistas convocados, e apoio do Corpo de Bombeiros e das secretarias estaduais de agricultura. Já nos casos das áreas rurais, os órgãos estaduais podem ser acionados para dar suporte. O objetivo é o de reduzir o material combustível para evitar danos maiores no caso de descontrole das chamas. “A corporação atende apenas de forma preventiva nesse tipo de ação, para que os danos sejam minimizados”, explica o capitão Henrique Correia Pinto, do Grupamento de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros de Brasília (DF). Os órgãos estaduais também podem dar orientações sobre as condições climáticas, melhor horário da queima e procedimentos para realização da queima.

Época da queima

Os proprietários rurais precisam ficar atentos ao período apropriado para realizar queimadas controladas. Isso porque o efeito do fogo sobre a vegetação pode variar em função das condições ambientais no momento da queima. É por isso que no período de seca as queimas não são permitidas. Em contrapartida, podem ser muito utilizadas em ações de combate a incêndios florestais registrados em UCs, justamente mais recorrentes nos meses de seca.
A frequência da queimada sobre a área rural também deve ser respeitada. Em alguns locais pode ser realizada até duas vezes no ano, já em outras, a cada dois ou três anos, a depender de fatores como o nível pluviométrico do local, tipo de solo, entre outros. A queima controlada também é recomendada pelo menos dois dias após um dia de chuva, para garantir um eficiente umedecimento do solo.

Condições atmosféricas

A intensidade e a duração das queimas em áreas rurais também devem levar em consideração as condições climáticas no dia da queima – como velocidade do vento, temperatura e umidade relativa do ar, teor de umidade do solo e das plantas – e quantidade de combustível (material morto ou seco) a ser queimado. Para obter todas as informações sobre queimada em área de agricultura, acione o órgão ambiental da sua região.

Fonte: Governo do Brasil, com informações do ICMBio, Embrapa e Ibama

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Brasil é país com maior número de primatas ameaçados de extinção, aponta estudo.

No Brasil, o mico-leão-dourado é um dos principais motivos de preocupação
O perigo é mais iminente para as que vivem nos quatro países com a maior quantidade delas: Brasil (102), Madagascar (100), Indonésia (48) e República Democrática do Congo (36). Dessas 286, cerca de 60% estão ameaçadas de extinção em algum grau (vulneráveis, ameaçadas ou criticamente ameaçadas), por causa de ações humanas.
As conclusões são de um amplo estudo realizado por um grupo internacional de 72 especialistas em primatas, entre os quais oito de instituições brasileiras, e publicado em junho na revista científica PeerJ.
“Reunimos pesquisadores de diferentes nacionalidades, mas que direta ou indiretamente trabalham num dos quatro países, e compilamos as informações disponíveis na literatura em relação ás pressões antrópicas sobre os macacos em cada um deles”, conta o biólogo Leonardo Oliveira, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia (SBP).
De acordo com ele, o estudo avaliou o papel do Brasil, Madagascar, Indonésia e República Democrática do Congo para a conservação global dos macacos. “Esses quatro países abrigam dois terços de todos os primatas não humanos do mundo”, diz. “Daí sua importância para a conservação desses animais.”
Os pesquisadores analisaram a distribuição das áreas protegidas e das espécies em cada um dos quatro países e descobriram que a grande maioria das populações de primatas não tem segurança adequada. Por exemplo, embora a porcentagem deles em unidades de conservação no Brasil seja relativamente alta, 38%, na Indonésia e no Congo esses índices são baixos, 17 e 14%, respectivamente. Em Madagascar ele é igual ao do Brasil, 38%.
O estudo avaliou ainda as ameaças aos macacos em cada um dos quatro países e o que contribui para que elas existam ou sejam potencializadas. Entre as principais estão a perda de habitat, em especial no Brasil, Madagascar e Indonésia – no Congo, é a caça comercial de carne de espécies silvestres, no caso aqui, de primatas.
Gorilas são ameaçados por caçadores no Congo
Mas existem várias outras, como doenças, grandes populações humanas em crescimento, exploração madeireira, mineração e extração de petróleo por corporações multinacionais, o comércio ilegal deles como animais de estimação, as mudanças climáticas e até a instabilidade política e a corrupção.
Depois disso, os pesquisadores modelaram o conflito por espaço entre as atuais áreas onde vivem os primatas e a projeção da expansão agrícola (um importante impulsionador da fragmentação dos habitats, desmatamento e perda de biodiversidade) nestes quatro países mais ricos nesses animais. Foram elaborados diferentes cenários. No pior deles, as áreas de ocorrência dos primatas até o final do século 21 encolheriam entre 78% no Brasil, 72% na Indonésia, 62% em Madagascar e 32% no Congo.
Hoje, a situação é pior em Madagascar, com 90% de sua fauna de primatas ameaçada de extinção, seguido da Indonésia com 83%, Brasil com 39% e Congo com 17%. Para piorar o quadro, mesmo não correndo risco imediato de extinção, grandes partes das populações de macacos dos quatro países estão em declínio. De novo, a situação mais grave é a da grande ilha africana, com 97% das espécies diminuindo ano a ano, seguida pela Indonésia com 94%, Brasil com 48% e Congo com 39%.
Em Madagascar, uma das espécies mais ameaçadas é o lêmure-de-cauda-anelada (Lemur catta), famoso pela cauda listrada de preto e branco e pelos olhos esbugalhados em tons alaranjados, principalmente por causa do aumento da mineração ilegal de cobalto, níquel e ouro nas florestas, inclusive em áreas de proteção ambiental. Na Indonésia, o garimpo de ouro também é responsável por colocar primatas em perigo, como, por exemplo, o macaco-narigudo (Nasalis larvatus) e o gibão-cinza (Hylobates muelleri).
O lêmure-de-cauda-anelada é uma das espécies mais ameaçadas em Madagascar 
No mesmo país, a construção de uma usina hidrelétrica no norte da ilha de Sumatra, destruirá a floresta Batang Toru, habitat do raro orangotango-de-tapanuli (Pongo tapanuliensis), ameaçando a sua sobrevivência. Na República Democrática do Congo, a vilã é a caça, que está acabando com os gorilas (Gorilla gorilla) e os bonobos (Pan paniscus). No caso específico do Brasil, em números absolutos, existem hoje 35 espécies ameaçadas de extinção, em diferentes graus. “Temos gêneros completos em risco, como o Leontopithecus (dos micos-leões, 4 espécies) e o Brachyteles (dos muriquis, duas)”, informa Oliveira. “Além disso, possuímos duas outras entre as 25 mais ameaçadas do mundo, o Alouatta guariba guariba (bugio ruivo), restrito aos Estados da Bahia e Minas Gerais) e o Cebus kaapori (caiarara), que vive apenas em uma pequena parte do Pará e Maranhão.”
Há ainda no país algumas espécies na categoria criticamente ameaçadas de extinção, como o sagui-de-coleira (Saguinus bicolor), restrito à região dos municípios de Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara; o guigó-da-caatinga (Callicebus barbarabrownae), único primata endêmico daquele bioma; o cuxiú-preto (Chiropotes satanás), que ocorre no leste da Amazônia no arco do desmatamento; e o muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus), exclusivo da Mata Atlântica, vivendo em fragmentos florestais de Minas Gerais, Espírito Santo e da Bahia.
A preocupação com a sobrevivência dos primatas não humanos se justifica por uma série de motivos. Eles são de grande importância para a biodiversidade, pois desempenham diversas funções, auxiliam em processos ecológicos e no fornecimento de serviços ecossistêmicos.
“São nossos parentes biológicos vivos mais próximos, oferecendo insights sobre a evolução humana, biologia e comportamento”, explica Oliveira. “Esses animais têm também grande importância cultural e religiosa em muitas sociedades, além de servir como fonte de proteína, ajudando na subsistência de várias populações humanas.”
Os bonobos são outra espécie em perigo 
Por isso, as consequências de sua extinção são graves. A perda de primatas não humanos pode desencadear, por exemplo, perda de dispersão de sementes de várias espécies de plantas, essenciais para regeneração de florestas. “Mas não é só isso”, alerta Oliveira. “Em alguns lugares, os macacos podem funcionar como atrativo turístico e até mesmo serem considerados sagrados.”
É neste contexto que o levantamento do grupo internacional se reveste de importância. “Creio que este seja um estudo bastante completo, pois mostra o cenário atual com as ameaças que os primatas não humanos sofrem, as causas delas e os fatores que contribuem para que elas ocorram”, diz Oliveira. “Analisamos essas informações em um contexto de crescimento populacional humano, baixo nível de desenvolvimento social e desigualdade econômica, instabilidade política e governança fraca nesses quatro países.”
Para o também biólogo Ricardo Dobrovolski, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), outro integrante do grupo, o estudo lembra que é precioso encontrar formas de conviver com a biodiversidade e garantir o bem-estar para as pessoas. “Esse bem-estar deve ser pensado também para os animais domesticados, como os movimentos em defesa deles têm lembrado, e para o resto da biodiversidade”, diz. “Talvez os primatas, pelo parentesco, nos motivem a iniciar esse processo. Essa é a mensagem de fundo do estudo.”
No final do trabalho, o grupo fez algumas recomendações e apontou várias potenciais soluções para evitar a extinção dos primatas no Brasil, na Indonésia, em Madagascar e no Congo.
A primeira delas é expandir as áreas protegidas. Outras são criar corredores florestais para a migração entre subpopulações atualmente isoladas, incentivar a restauração das comunidades florestais naturais, aumentar a segurança alimentar e as oportunidades que beneficiam a qualidade de vida das pessoas, priorizar a sustentabilidade e as energias limpas, e exigir que os países consumidores e as corporações internacionais paguem um fundo de sustentabilidade e conservação para compensar a sobre-exploração e os danos ambientais.
Fonte: BBC

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Pato ameaçado de extinção se reproduz de forma natural pela primeira vez em cativeiro.

É a primeira vezque a espécie pato-mergulhão se reproduz de forma natural em cativeiro; caso aconteceu no zoo de Itatiba (Foto: Zooparque de Itatiba/Divulgação )
O Zoológico de Itatiba (SP) registrou pela primeira vez a reprodução por meio natural de pato-mergulhão sob cuidados humanos no mundo. Os quatro filhotes nasceram no dia 8 de julho, de ovos incubados pela primeira vez pelos próprios pais.
O pato-mergulhão é uma das aves aquáticas mais raras e ameaçadas do mundo. No Brasil, há registros da espécie em Minas Gerais, Tocantins e Goiás.
Em agosto de 2017, quatro filhotes de pato-mergulhão nasceram no zoológico de forma artificial. Foi a primeira vez que a espécie se reproduziu em cativeiro no país.
Alexandre Resende, veterinário do zoológico, diz que a reprodução faz parte de um projeto que desenvolve ações focadas na conservação de espécies ameaçadas da fauna nacional.
Filhotes estão sendo criados pelos pais, com o mínimo de intervenção humana (Foto: Zooparque de Itatiba/Divulgação )
Os filhotes estão sendo criados pelos pais, sem nenhuma intervenção humana. O veterinário explica que eles fazem a observação do dia a dia dos animais por meio de câmeras de monitoramento para que não interfiram na adaptação dos animais.
Os visitantes que vão até o zoológico podem ver os filhotes de um centro audiovisual instalado na maternidade.
De acordo com o veterinário, a ideia é que os animais se reproduzam em quantidade para que possam ser soltos na natureza.
“Sem esse trabalho, essa espécie vai desaparecer. Em três anos esperamos poder começar o trabalho de introduzí-los na natureza”, afirma Alexandre.
O veterinário explicou ainda que a espécie só se reproduz uma vez por ano. Os patos adultos que tiveram filhotes neste ano vieram de ovos coletados em 2015 nas regiões do país onde ainda existe espécie do animal.

De volta à natureza

Para Alexandre Rezende, o nascimento dos filhotes de forma natural, e o fato de serem cuidados pelos pais, mesmo em cativeiro, mostra que a espécie pode sobreviver em seu habitat natural.
“Os pais foram criados artificialmente e, mesmo assim, estão criando os filhotes muito bem. Isso aumenta a esperança no processo de reprodução”, explica o veterinário.
O projeto do pato-mergulhão teve seu início em 2006, por iniciativa do Instituto Brasileiro de Meio-Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Em 2012 foi criado o Plano Nacional de Conservação (PAN) do pato-mergulhão.
Fonte: G1