sábado, 29 de junho de 2019

Indígenas dos EUA resgatam o bisão para suas terras.

O bisão-americano impressiona. Coberto por um espesso pelo castanho-escuro, pode chegar a ter mais de dois metros de altura e pesar mais de uma tonelada. Numa certa época, mais de 60 milhões deles habitavam as pradarias da América do Norte, desde o Alasca Ártico até o sul do Golfo do México.

Não é nenhuma surpresa que os animais – também conhecidos popularmente como búfalos – fossem parte essencial dos ecossistemas locais e vitais para a sobrevivência de muitos povos nativos americanos que conviviam com eles.
A situação mudou durante o século 19, quando os colonizadores europeus caçaram e abateram sistematicamente os rebanhos e quase aniquilaram a espécie. Já em 1889, haviam sobrado apenas 541 bisões-americanos.
“Nós virtualmente eliminamos o bisão, e muito disso tem a ver com a expansão para o oeste e com as atrocidades cometidas contra os nativo-americanos”, diz Chamois Andersen, porta-voz da organização de conservação ambiental Defenders of Wildlife.
Atualmente, os descendentes dos nativo-americanos estão ajudando a trazer de volta este símbolo do oeste americano ao dar aos bisões-americanos um novo lar nas reservas dos Índios das Planícies.
Um desses descendentes é Jason Baldes da tribo Shoshone do leste, baseados predominantemente no atual estado de Wyoming. Baldes é também o diretor executivo da organização comunitária Wind River Native Advocacy Center em Fort Washakie. A vida de seus ancestrais estava intimamente ligada aos bisões.
“Em vez de fazer compras no supermercado, o búfalo era o nosso Walmart”, diz Baldes, referindo-se à enorme cadeira varejista americana. “O retorno do bisão-americano é uma bênção.”
Os Índios das Planícies – nativos americanos que viviam nas planícies de pastagens, uma faixa larga de pradarias que se estende a leste das Montanhas Rochosas, do sul dos Estados Unidos até as províncias canadenses de Saskatchewan e Alberta – dependiam de todas as partes do animal para sobreviver: de comida, vestimentas a abrigo.
Baldes afirma que a perda dos rebanhos de bisões-americanos foi quase tão devastadora para seu povo quanto a realocação forçada – em grande parte no século 19 – para reservas estipuladas pelo governo dos Estados Unidos.
Desde o final do século 19, a população de bisões-americanos tem se recuperado lentamente e computa atualmente cerca de 500 mil animais nos Estados Unidos. Os animais vivem principalmente em parques nacionais e em algumas reservas. Eles têm poucos outros lugares para ir. Ao devolvê-los às terras dos nativo-americanos, os bisões têm a chance de expandir seu habitat.
Para Baldes, esses esforços não representam somente a conservação de vida selvagem, mas também oferecem uma oportunidade de se reconectar a um modo de vida extinto há mais de um século. Baldes é responsável pelas medidas de recuperação dos bisões-americanos na reserva Wind River. Ele cuida de um pequeno rebanho de bisões-americanos selvagens em 121 hectares de pastagem no cerne da reserva de 2,4 milhões de acres.
Ele começou em 2006 com 10 bisões-americanos. Esse número cresceu para 28 animais. O objetivo é fornecer um habitat sustentável para um rebanho muito maior em 400 mil acres de terras adequadas, que permitem que o bisão-americano seja manejado como uma espécie silvestre, e não como animais cativos.
O pequeno rebanho de Baldes é descendente de búfalos selvagens e geneticamente puros resgatados da quase extinção no Parque Nacional de Yellowstone. Atualmente, cerca de três mil bisões-americanos vivem em Yellowstone.
Em contraste, cerca de 20 mil búfalos vivem em um milhão de acres de terra indígena nos EUA, onde são mantidos para fins cerimoniais, alimentação e conservação. É o ponto culminante de uma longa batalha, diz Baldes. “Há fortes interesses agropecuários em Montana, Idaho e Wyoming, em oposição aos esforços de recuperação de búfalos”, explica.
Isso é em parte porque existe o risco de que búfalos errantes possam carregar a brucelose. Bisões inicialmente contraíram a doença infecciosa depois de entrar em contato com gado doméstico não nativo. Embora tenha sido amplamente erradicado entre o gado, a doença persiste entre alguns bisões selvagens. A brucelose aparenta ter apenas um impacto marginal sobre os animais selvagens, mas pode ser devastadora para as populações de gado.
Parte do rebanho em Yellowstone é abatida todos os anos para evitar o sobrepastoreio e manter a população estável, para que os animais não se dispersem do parque. No ano passado, defensores da vida selvagem processaram agências governamentais para impedir o abate dos búfalos de Yellowstone. E caso os animais saíssem do parque, eles insistiram que fossem transferidos para reservas de búfalos depois de terem sido colocados em quarentena e considerados estáveis.
Estas ações judiciais resultaram na transferência bem-sucedida de búfalos de Yellowstone para as reservas Fort Belknap e Fort Peck, em Montana. Em 2018, os funcionários do parque também anunciaram a criação de um novo programa para capturar e colocar em quarentena o excedente de búfalos com o objetivo de estabelecer rebanhos livres de doenças em todo o país. Esses rebanhos podem ajudar a restaurar um habitat em extinção.
Cerca de 170 milhões de acres de pastagens altas existiam nas Grandes Planícies dos EUA durante o século 19. Apenas aproximadamente 4% da área original permanece intacta.
“É realmente um ambiente ameaçado”, diz Andersen. Os conservacionistas esperam devolver o bisão-americano para pelo menos parte dessa terra. Para eles, o simbolismo e o significado da conservação de búfalos são importantes, porque a presença deles não apenas desperta a imaginação de um passado distante, mas também literalmente molda a paisagem atual.
Os animais ruminantes e que adoram chafurdar também criam habitats para que prosperem outras espécies nativas, como os cães de pradaria. Suas pelagens desgrenhadas dispersam sementes de plantas nativas, e suas abundantes urinas e fezes fertilizam os campos.
Caso tudo ocorra conforme planejado, os conservacionistas esperam que o bisão-americano possa retomar seu papel de regulador da pradaria. “O bisão evoluiu com as planícies, e as planícies evoluíram com o bisão”, diz Andersen. “É uma relação simbiótica incrível.”
Fonte: Deutsche Welle

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Oito anos depois de chocar o Brasil, safári de caça a onças no Pantanal teve maior parte dos crimes prescritos.

Um vídeo mostrando uma onça-pintada despencando de uma árvore após levar um tiro chocou o país em 6 de maio de 2011, quando o Jornal Nacional divulgou os vídeos de um safári de caça a onças-pintadas e outros animais silvestres em Mato Grosso do Sul. Oito anos depois, o que começou com uma investigação da Polícia Militar Ambiental do estado e se transformou em uma operação da Polícia Federal acabou se arrastando na Justiça.

Agora, boa parte dos crimes pelos quais os réus foram denunciados já prescreveu, o que quer dizer que o período em que a Justiça poderia julgar e puni-los foi esgotado. Além disso, dois dos sete réus originais já não podem mais responder pelos crimes.
A decisão judicial mais recente foi publicada na segunda-feira (17) pela Vara Criminal de Aquidauana, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS), e determinou a prescrição de seis das 11 acusações às quais respondem os cinco réus ainda listados. O G1 procurou os advogados de defesa, mas só conseguiu contato com o de uma das rés no processo (veja abaixo o que diz a defesa dela).
As dificuldades que as autoridades encontram para fiscalizar e, depois, para punir o crime de caça de animais silvestres e a pesca ilegal são o tema das reportagens deste mês do Desafio Natureza do G1.
Um levantamento feito junto às instâncias estaduais e federais mostra que, atualmente, o Pantanal tem um fiscal a cada 204 km² para combater esses e outros crimes ambientais.
Ao mesmo tempo em que as autoridades não conseguem colocar policiais ou fiscais em todos os rios e fazendas do Pantanal, as probabilidades de punir crimes como a caça caem drasticamente quando os autores não são pegos em flagrante.
Por isso, o vídeo obtido por policiais mostrando as pessoas atirando e matando a onça na Fazenda Santa Sofia, uma reserva de proteção natural no sul de Mato Grosso do Sul, passou a ser considerado uma peça chave na tentativa de levar o caso à esfera penal.

Crimes ambientais

As acusações contra os réus nesse caso envolveram três leis diferentes: a Lei de Crimes Ambientais, o Código Penal e o Estatuto do Desarmamento.
A primeira delas teve sua redação mais recente definida em 1998, e determina que é crime “matar, perseguir, caçar, apanhar e utilizar espécimes da fauna silvestre” sem autorização. A pena, no caso de matar uma onça-pintada, é ainda maior, porque trata-se de uma espécie em extinção.
O processo também teve o agravante de que o safári acontecia em um território destinado à conservação da natureza.
Os cinco réus ainda listados no processo também respondiam por associação criminosa, um artigo do Código Penal, mas essa acusação prescreveu para todos eles na decisão judicial da semana passada.

Safári de caça a onças

Dos cinco réus atuais, a proprietária da fazenda, Beatriz Rondon, era a que respondia pelo maior número de acusações. Eram cinco os crimes imputados a ela — além da lista acima, ela também foi denunciada em outro ponto da Lei de Crimes Ambientais, e por posse e porte ilegal de armas e munições, ferindo artigos do Estatuto do Desarmamento.
No vídeo obtido pela Polícia Federal durante a investigação, que teria sido feito por estrangeiros, é Beatriz quem aparece comentando sobre uma onça-pintada fêmea que havia acabado de ser morta pelo grupo.
“É uma grande fêmea muito bonita. E estava comendo minhas vacas aqui”, diz ela nas filmagens.
A Fazenda Santa Sofia tem status de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), um tipo de unidade de conservação no qual o terreno é privado e o próprio dono toma a iniciativa de transformá-lo em um território de conservação perpétua, tanto dos rios e recursos naturais quanto da diversidade biológica.

O que diz a defesa

Ao G1, Rene Siufi, advogado de Beatriz, afirmou que, a partir da decisão judicial proferida no dia 17, a ré agora responde apenas pelo porte ilegal de arma. No caso dela, as acusações por caça ilegal já prescreveram em 2018, porque ela tem mais de 70 anos, o que faz com que o período até a prescrição caia pela metade.
Na decisão deste mês, as acusações de associação criminosa e posse ilegal de arma também foram extintas porque a dona da fazenda não pode mais responder por elas.
“Ela ficou no crime de desarmamento, de arma sem porte, sem nada. Então esse processo vai continuar”, afirmou Siufi, ressaltando que as armas apreendidas na fazenda da pecuarista “são registradas no quartel como arma de coleção”. Das cinco acusações, o crime de porte ilegal de arma é o que tem a pena mais rígida.
Henrique Gabriel Dimidiuk, que defende Juscelino Machado Araripe, outro dos cinco réus, enviou um comunicado ao G1 na tarde desta terça-feira (25). Nele, o advogado diz acreditar que a Justiça vai determinar a prescrição dos crimes, “vez que, sendo reconhecida apenas uma das atenuantes, a pena em concreto ficaria abaixo dos quatro anos, e se concretizaria o instituto que determina a perda da pretensão punitiva estatal”.
“Portanto”, continuou Dimidiuk, “não adianta um processo ir até a sentença ou acórdão final para só então ser declarado prescrito, o que deve ser feito antecipadamente pelo juiz quando, em uma analise sucinta do caso, concorram as circunstâncias que farão com que a pena aplicada permita o reconhecimento da prescrição”.

O que diz a acusação

G1 procurou o Ministério Público Estadual, responsável pela acusação no processo. A promotora Angélica de Andrade Arruda afirmou que o MPE não vai recorrer da decisão sobre a prescrição dos crimes.
Segundo a promotora, os fatos “ocorreram entre os dias 27 de junho e 08 de julho de 2004”, e dois fatores auxiliaram na prescrição das acusações: “as penas cominadas aos crimes ambientais ainda são muito brandas em nosso país” e a idade de Beatriz “faz com que os prazos prescricionais sejam reduzidos de metade”.
Por isso, diz ela, a prescrição “ocorreu antes mesmo da instauração do inquérito policial, (instaurado em 2011) quando os fatos (ocorridos em 2004) vieram à tona”.
Pantanal tem um fiscal a cada 204 km² para combater a caça e a pesca ilegal

Esferas judiciais

Desde 2011, o processo já tramitou em duas esferas judiciais diferentes. Inicialmente, a investigação que havia começado na Polícia Militar Ambiental (PMA-MS) passou para as mãos da Polícia Federal em função do envolvimento de estrangeiros.
Por isso, o caso foi levado, em 2011, à 5ª Vara da Justiça Federal de Mato Grosso do Sul. Mas, em 26 de novembro de 2012, ele foi “encaminhado à Justiça Estadual da Comarca de Aquidauana/MS”, segundo afirmou ao G1o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3). O motivo, segundo o TRF-3, foi o “declínio de competência”.
Ele precisou, então, recomeçar na esfera estadual, agora com o Ministério Público Estadual (MPE) à frente da acusação. A distribuição por sorteio no Tribunal de Justiça (TJ-MS) aconteceu em 3 de dezembro de 2012, junto com a entrega dos autos ao Ministério Público.
O inquérito só retornou ao TJ-MS em maio de 2015, quando começaram as citações e intimações. Mas o advogado de Beatriz Rondon explicou que o processo ainda está nos estágios iniciais, e nenhuma testemunha foi ouvida.
“Teve a denúncia, agora o juiz verificou nos autos, constatou que 20 testemunhas têm que ser ouvidas ainda. Primeiro testemunha de acusação, defesa. Depois há o interrogatório dos acusados”, afirmou o advogado Rene Siufi.

O que dizem os demais réus

G1 procurou a defesa do terceiro réu que tem advogados constituídos no processo, mas a defesa não retornou as ligações até a publicação desta reportagem.
Outros dois réus são estrangeiros, não têm advogados constituídos e, segundo as informações públicas do processo, não foram encontrados para intimação. Um deles foi intimado por edital e, segundo o juiz Ronaldo Gonçalves Onofri, “a presente ação penal (…) está com o seu processamento suspenso em decorrência da não citação e intimação” do outro estrangeiro, de origem búlgara.
Por isso, na decisão da semana passada, a Justiça determinou o desmembramento do processo dele em relação ao dos demais réus, para não “comprometer a esperada celeridade ou razoável duração do processo”.
Fonte: G1

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Letreiro famoso de Amsterdã é reinstalado em protesto pela preservação da Amazônia.

Um protesto da ONG Greenpeace reinstalou o letreiro gigante que ficava em frente ao Museu Nacional de História e Arte dos Países Baixos, o Rijksmuseum, em Amsterdã, na Holanda. Entretanto, a mensagem agora foi alteradas para exibir a “I amazonia” em um ato para chamar a atenção para a preservação da floresta.

O letreiro original, com 22 metros de extensão por 3 metros de altura, foi removido em dezembro de 2018 após 14 anos de sucesso. Ele foi retirado do local por autoridades municipais por causa da concentração de pessoas no local. O marco era dos principais destinos de instagrammers e turistas.
“Apenas quando uma coisa se vai é que percebemos o quanto sentimos falta. A icônica placa atraiu a admiração e as lentes das câmeras de milhões de pessoas em todo o mundo. Ao trazê-la de volta como ‘Iamazonia’, o Greenpeace não apenas pede a proteção urgente da maior floresta tropical remanescente no mundo, mas também envia uma forte mensagem de solidariedade ao povo indígena e comunidades tradicionais que protegem a Amazônia contra o desmatamento”, disse Sigrid Deters, ativista de florestas e biodiversidade do Greenpeace Holanda.
Fonte: G1

quarta-feira, 26 de junho de 2019

A gigantesca reserva de água doce escondida debaixo do Oceano Atlântico.

O fundo do Oceano Atlântico esconde um tesouro muito mais valioso do que qualquer navio pirata: água doce.

Embora soe estranho, um grupo de geólogos da Universidade de Columbia, em Nova York, afirma que na costa nordeste dos Estados Unidos há quase 3 mil quilômetros cúbicos de água doce presa em sedimentos porosos sob a água salgada do mar.
A descoberta, embora surpreendente, era algo do qual já se suspeitava. Especialistas acreditam que esses tipos de depósito de água doce são abundantes, mas muito pouco se sabe sobre seus volumes e sua distribuição no planeta.
Os cientistas acreditam que este aquífero é o maior já encontrado. Eles o avaliam como “gigantesco”.
Segundo seus cálculos, a reserva vai da costa do estado de Massachusetts até New Jersey e abrange cerca de 350 km da costa do Atlântico nessa região dos Estados Unidos.
Se a reserva estivesse na superfície, formaria um lago de cerca de 40 mil km2.

Como a reserva foi encontrada?

Para detectar a reserva d’água, os pesquisadores usaram ondas eletromagnéticas.
Uma pista que eles já tinham é que, nos anos 70, algumas companhias petroleiras que perfuravam a costa não extraíam petróleo, mas sim água doce. Os pesquisadores, no entanto, não sabiam se eram apenas depósitos isolados ou algo muito maior.
Agora, para conhecer a área em detalhes, eles lançaram sondas a partir de um barco para medir o campo eletromagnético nas profundezas.
A água salgada é melhor condutora de ondas eletromagnéticas do que a água doce, então, pelo tipo de sinais de baixa condutância que receberam, eles puderam concluir que havia água doce lá embaixo.
Eles também concluíram que os depósitos são mais ou menos contínuos, estendendo-se da linha da costa até cerca de 130 km mar adentro. Em sua maioria, eles estão entre 180 metros e 360 ​​metros abaixo do fundo do oceano.

Como a água chegou lá?

Os geólogos acreditam que a água doce pode ter se armazenado ali de duas maneiras.
Por um lado, acredita-se que no final da Idade do Gelo, grandes quantidades de água doce acabaram presas em sedimentos rochosos, algo que os especialistas chamam de “água fóssil”.
Mas pesquisas recentes mostram que os reservatórios provavelmente também se alimentam de chuva e de corpos de água que se infiltram através dos sedimentos na terra e alcançam o mar.

Ela pode ser consumida?

Os pesquisadores dizem que, de maneira geral, a água do aquífero é mais doce perto da costa e mais salgada à medida que entra no mar. Isso pode significar que, com o passar do tempo, os dois tipos de água vão se misturando.
A água doce terrestre geralmente contém sal em quantidades inferiores a uma parte por mil. Esta é a mesma quantia que encontraram na reserva aquática perto da costa. Em seus limites externos, o aquífero alcança 15 partes por mil. Em comparação, a água do mar normalmente tem 35 partes por mil.
Segundo explica o geofísico Kerry Key, co-autor do estudo, para usar água das partes mais distantes do aquífero seria preciso dessalinizá-la para a maioria de sua utilização, mas, em todo caso, o custo seria menor do que processar água do mar.
O estudo de Key sugere que essas reservas poderiam ser encontradas em muitas outras partes do mundo, e poderiam fornecer água potável a lugares áridos que precisam urgentemente dela.
“Provavelmente não tenhamos que fazer isso nesta região”, disse Key em um comunicado. “Mas se pudermos demonstrar que existem grandes aquíferos em outras regiões, isso poderia representar um recurso adiconal em lugares como o sul da Califórnia, a Austrália ou a África.”
Fonte: BBC

terça-feira, 25 de junho de 2019

Ministério da Agricultura aprova registro de mais 42 agrotóxicos, totalizando 211 no ano.

O Ministério da Agricultura aprovou o registro de 42 agrotóxicos, totalizando 211 neste ano. Os pesticidas são de fabricantes como Dow Agrosciences, Bayer e Syngenta, e aguardavam liberação há quatro anos, em média, de acordo com comunicado da pasta.

As aprovações foram publicadas no Diário Oficial da União desta segunda-feira (24) e incluem apenas um ingrediente ativo novo (o chamado produto técnico). Os demais são “genéricos” de substâncias e produtos já disponíveis no mercado, afirmou o ministério.
A última lista de aprovações havia saído em 21 de maio, com 31 produtos.

O que foi liberado

A novidade entre as aprovações é o produto técnico Rinksor, da Dow, à base de Florpirauxifen-benzil. É o primeiro ingrediente ativo novo aprovado em 2019. Ele ainda não chegou ao mercado para o agricultor. Para isso, um produto formulado à base dessa substância ainda precisará ser aprovado.
Segundo o Ministério da Agricultura, o ingrediente ativo “apresenta alta eficiência contra a infestação de diversas plantas daninhas”.
Da lista de registros, outros 29 são produtos técnicos equivalentes, ou seja, “genéricos” de princípios ativos já autorizados no país, para uso industrial, que serão usados para compor novas misturas.
A última lista de aprovações havia saído em 21 de maio, com 31 produtos.

O que foi liberado

A novidade entre as aprovações é o produto técnico Rinksor, da Dow, à base de Florpirauxifen-benzil. É o primeiro ingrediente ativo novo aprovado em 2019. Ele ainda não chegou ao mercado para o agricultor. Para isso, um produto formulado à base dessa substância ainda precisará ser aprovado.
Segundo o Ministério da Agricultura, o ingrediente ativo “apresenta alta eficiência contra a infestação de diversas plantas daninhas”.
Da lista de registros, outros 29 são produtos técnicos equivalentes, ou seja, “genéricos” de princípios ativos já autorizados no país, para uso industrial, que serão usados para compor novas misturas.
Fonte: Reuters

segunda-feira, 24 de junho de 2019

Sob risco de extinção, espécie de papagaio mais gorda do mundo tem recorde na reprodução e anima biólogos.

Os kakapos são a espécie mais gorda de papagaios do mundo e chegaram a ser o pássaro mais comum de toda a Nova Zelândia, até se tornarem ameaçados de extinção por conta da caça, do desmatamento e de predadores. O resultado é que chegaram a restar, no país, apenas 147 kakapos adultos.

Agora, uma nova geração de pássaros anima os ambientalistas do país: os kakapos neozelandeses produziram 76 filhotes na última temporada reprodutiva, o maior número já registrado desde que a espécie ficou sob acompanhamento, informa o Departamento de Conservação (DOC) da Nova Zelândia. Espera-se que ao menos 60 dos bebezinhos cheguem à vida adulta.
A nova geração é duas vezes mais numerosa do que a da última temporada reprodutiva, em 2016.
O kakapo (Strigops habroptilus) – também conhecido como papagaio-mocho – só se reproduz uma vez a cada dois ou quatro anos, e em condições bem específicas: eles botam ovos quando há abundância de frutas de uma árvore conífera endêmica da Nova Zelândia chamada rimu(o alimento favorito desses pássaros), o que também só acontece a cada dois ou quatro anos.
Além disso, essa espécie tem enfrentado problemas de infertilidade e a proliferação de doenças. Ou seja, nem todos os ovos botados se convertem em filhotes vivos e saudáveis.
Isso torna o recorde reprodutivo deste ano ainda mais importante para a espécie. Segundo Andrew Digby, conselheiro do DOC, cientistas notaram um aumento na quantidade de frutas das árvores rimu nos últimos anos. Com tantas frutas à disposição, muitas fêmeas kakapo conseguiram botar mais ovos do que de costume.

Quase extintos

Os kakapos são pássaros noturnos, incapazes de voar. Segundo as autoridades neozelandesas, eram uma espécie abundante em todo o país antes da colonização humana.
“A população (de kakapos) caiu dramaticamente por conta da ação de caçadores, de predadores introduzidos (pela colonização europeia) e pela retirada da mata”, diz o DOC. “Os esforços de conservação começaram ainda em 1894, mas, em meados do século 20, os kakapos estavam à beira da extinção.”
Em 1977, documentava-se a existência de apenas 18 espécimes desse papagaio.
Até que um grupo de kakapos foi descoberto na Ilha Stewart, no extremo sul da Nova Zelândia. Começou então um esforço dos cientistas para aumentar a população dos pássaros, em ilhas onde eles não sofressem ameaça de predadores externos.
O projeto hoje prevê que kakapos recém-nascidos sejam criados em laboratório, até serem novamente liberados na vida selvagem, acoplados a um transmissor.
Cada papagaio tem seu ninho monitorado por sensores e câmeras; e as aves ganharam comedouros com suplementos nutricionais que aumentam suas chances de crescerem saudáveis.
“Esses pássaros não têm muita privacidade”, brinca Digby. “Consigo ver pela internet o que eles estão fazendo, se estão acasalando, por quanto tempo e qual a qualidade do acasalamento. Essa é provavelmente uma das espécies mais gerenciadas do mundo, certamente a mais gerenciada da Nova Zelândia.”
Para aumentar a conscientização do público a respeito dos kakapos, o DOC promoveu no início deste mês uma sessão online de observação dos bebês pássaros.
Digby conta que a expectativa é de alcançar uma população de 500 kakapos, algo que exigirá um esforço constante.
“O objetivo de nosso programa é que cada criança (do país) cresça sabendo o que é um kakapo, assim como sabem o que é um elefante e um leão.”
Fonte: BBC

sábado, 22 de junho de 2019

Empresas podem agora monitorar o desmatamento de forma rápida e precisa em todo o mundo.

O mundo perdeu 12 milhões de hectares de floresta em 2018. Como quase 40% do desmatamento é gerado por commodities, isso representa grandes riscos legais e de reputação para as empresas e riscos materiais para os investidores. Então, por que é tão difícil para as empresas impedir o desmatamento? Commodities como óleo de palma, cacau, carne bovina e soja podem mudar de mãos dezenas de vezes, desde o momento em que são colhidas até chegarem a barras de chocolate, creme dental ou fórmulas para bebês, tornando o desmatamento um quebra-cabeças muito complexo. Hoje, finalmente é possível para uma empresa ou banco de qualquer tamanho analisar e gerenciar o risco de desmatamento usando o GFW Pro.

Liderada pela equipe Global Forest Watch do WRI-World Resources Institute, a GFW Pro (pro.globalforestwatch.org) é a plataforma global mais abrangente para rastrear o risco de desmatamento dentro das cadeias de suprimentos. Qualquer usuário pode carregar com segurança a localização das fazendas, unidades de produção ou todo um portfólio de investimentos e analisar os riscos usando dados de GFW como alertas de desmatamento quase em tempo real, incêndios, proximidade a parques nacionais e terras indígenas, florestas intactas e muito mais. Ao todo, o GFW Pro usa mais de 30 conjuntos de dados de parceiros como Google, Universidade de Maryland e muitos outros para determinar o risco de desmatamento e ajudar a priorizar ações.
O sistema pode ser aplicado a qualquer commodity agrícola, em qualquer lugar do mundo, desde óleo de palma e soja a cacau, carne bovina, açúcar, café, borracha, madeira e muito mais. O outro recurso exclusivo do GFW Pro é a capacidade de enviar milhares de locais de uma só vez. Os usuários podem compartilhar ideias com o gerenciamento e podem relatar o progresso ao longo do tempo para as partes interessadas externas.
“O GFW Pro não deixa ninguém para trás. Se esperamos alcançar cadeias de fornecimento de commodities transparentes e sustentáveis ​​em uma escala verdadeiramente global, precisamos ter um sistema que seja acessível a atores globais, intermediários e atores locais “, disse Luiz Amaral, Diretor de Soluções Globais para Commodities & Finance do WRI, que liderou o desenvolvimento do GFW Pro. “Além de ajudar as multinacionais, ele é projetado para equipar até mesmo os menores bancos, empresas comerciais e produtores agrícolas – que muitas vezes não têm recursos – com a capacidade de avaliar seus riscos, monitorar e relatar o progresso”.
Quase 80 empresas e organizações ajudaram a construir e testar o GFW Pro. Cargill, Golden Agri-Resources (GAR), Louis Dreyfus Company (LDC), Mondelēz International, a Olam, Procter & Gamble Company (P & G) e Unilever são algumas das empresas que já usam o GFW Pro para rastrear commodities em milhares de sites. Instituições financeiras, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) a bancos locais no Paraguai estão usando o site para avaliar empréstimos a agricultores e comerciantes. Outros usuários incluem associações, ONGs e organismos de certificação.
“O sistema GFW Pro foi desenvolvido para que qualquer empresa de commodities ou instituição financeira possa realizar análises complexas de dados geoespaciais, sem pessoal ou sistemas especializados”, disse Jane Lloyd, gerente de produto de Global Forest Watch Commodities and Finance do WRI, que liderou o desenvolvimento do GFW Pro. “Um sistema baseado na Web, publicamente disponível, que realiza esse tipo de análise acurada em tal escala é sem precedentes.”
O GFW Pro foi projetado em colaboração com os principais parceiros de tecnologia, dados, ONGs, provedores de serviços e do setor privado para atender às necessidades do setor. No longo prazo, as empresas que gerenciam florestas podem se beneficiar de um fornecimento mais seguro e sustentável de materiais, preservando os ecossistemas que tornam a agricultura mais produtiva.
Sobre o World Resources Institute
O WRI é uma organização de pesquisa global que abrange mais de 50 países, com escritórios no Brasil, China, Etiópia, Índia, Indonésia, México, Holanda, Estados Unidos e mais. Nossos mais de 800 especialistas e funcionários trabalham em estreita colaboração com os líderes para transformar grandes ideias em ações nos eixos de meio ambiente, oportunidades econômicas e bem-estar humano.
Sobre o Global Forest Watch
O Global Forest Watch (GFW) é um sistema de monitoramento e alerta de florestas on-line que une tecnologia de satélite, dados abertos e redes humanas para mostrar onde e como as florestas estão mudando. Organizada pelo World Resources Institute, o GFW é uma parceria de mais de 100 organizações que contribuem com dados, tecnologia, conhecimento e ação para garantir que a transparência impulsione uma maior responsabilidade pela gestão e proteção dos remanescentes florestais do mundo.

sexta-feira, 21 de junho de 2019

Polícia procura crocodilos em lago na Alemanha.

A polícia fechou um lago em Kirchheim, no sul da Alemanha, depois que uma mulher afirmou ter visto três crocodilos pequenos no local. Autoridades realizam uma operação de busca dos animais na região.

Segundo a polícia, a mulher caminhava ao longo do Bürgersee na noite de terça-feira (19/06) quando teria visto os três crocodilos dentro do lago. Depois disso, ela avisou as autoridades.
Uma equipe especializada foi enviada ao local para procurar os animais, que ainda não foram encontrados. Como precaução a região do lago permanecerá fechada até a próxima segunda-feira, enquanto as buscas continuam.
“A prefeitura da cidade está em contato com a polícia e outros especialistas para esclarecer o mais rápido possível se os animais avistados eram realmente crocodilos abandonados”, afirmou a prefeitura em nota.
Localizado dentro de um parque, o Bürgersee é composto por três lagos e possui regiões destinadas para banho. O local tem ainda trilhas para caminhadas.
Fonte: Deutsche Welle

quinta-feira, 20 de junho de 2019

Como a energia elétrica se tornou o novo campo de batalha entre EUA e Rússia.

Em 23 de dezembro de 2015, uma parte da Ucrânia ficou às escuras. Foi uma noite dentro da noite: ninguém sabia ao certo o que tinha acontecido.
As usinas não haviam registrado nenhuma falha, os geradores funcionavam normalmente, tudo parecia correr dentro dos parâmetros.
Até que cerca de 700 mil pessoas ficaram sem eletricidade.
Pouco depois, os especialistas descobriram a causa: as centrais de energia haviam sofrido um ataque cibernético, aparentemente coordenado por hackers russos, algo que o Kremlin nega.
O episódio entrou para a história como o primeiro hackeamento bem-sucedido contra uma rede elétrica no mundo.
Mas não foi o único.
Os ataques continuaram contra as usinas elétricas ucranianas e logo se espalharam para o outro lado do mundo.
Em 2017, ao menos uma dúzia de companhias elétricas, incluindo a usina nuclear Wolf Creek, em Kansas, nos Estados Unidos, sofreram ataques cibernéticos que, segundo o FBI, também foram coordenados por “ciberativistas” a partir de território russo.
Nos últimos dias, no entanto, chegaram pela primeira vez indícios de potenciais invasões do outro lado.
Uma reportagem publicada no sábado no The New York Times afirma que Washington também tem tentado penetrar na rede elétrica russa e inseriu nela alguns vírus para ativá-los em caso de conflito ou interferência do Kremlin em assuntos internos dos EUA.
Nenhum dos atores envolvidos confirmou a informação.
O presidente Donald Trump disse se tratar de “fake news” e questionou as implicações que a reportagem poderia ter para a segurança nacional dos EUA.
O Kremlin se limitou a afirmar que sua rede está segura, mas admitiu que há uma “possibilidade hipotética” de “guerra cibernética” entre as duas nações.
No entanto, a reportagem jogou luz novamente sobre uma “nova guerra fria” entre Rússia e os Estados Unidos que tem tido as redes elétricas como protagonistas.

As cruciais redes de energia

Michael Ahern, diretor de sistemas de energia do Instituto Politécnico de Worcester, nos Estados Unidos, disse à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC, que, nos últimos anos, a segurança das redes elétricas se tornou uma preocupação para muitas nações, não apenas pela “possibilidade de ataques terroristas, mas também por parte de governos inimigos”.
E, como ele explica, à medida que as redes elétricas se tornam cada vez mais dependentes de computadores e da troca de dados online, elas também se tornam mais vulneráveis ​​a ameaças cibernéticas.
“É por isso que é provável que todas as nações estejam trabalhando para melhorar suas capacidades cibernéticas. Tem havido alguns registros de ataques que causaram cortes de energia na Ucrânia, e na América do Norte a Comissão Federal de Regulação de Energia exige aos operadores de rede que cumpram um plano de proteção de infraestrutura essencial”, diz ele.
No entanto, segundo o especialista, as tentativas de algumas nações de penetrar na rede elétrica de outros países não são novas, em teoria.
“Os países sempre buscaram influir uns sobre os outros e têm usado as tecnologias eletrônicas como vantagem (por exemplo, o radar, a interceptação de sinais, a decifração de códigos)”, diz ele, apontando, no entanto, que um novo elemento muda as peças do jogo.
“Agora é possível hackear os sistemas de controle a partir de qualquer lugar do mundo e é muito difícil rastrear (os autores)”, diz ele.
Especialistas apontam, no entanto, que este tipo de interferência nas redes elétricas também deve ser visto com cautela.
É que ambos os países contam com dois dos maiores sistemas energéticos do mundo: os Estados Unidos têm o segundo maior (apenas superado pela China), enquanto a Rússia ocupa a quarta posição (atrás da Índia).
Isso significa que a complexidade dos sistemas elétricos, a quantidade de instalações de geração e a infraestrutura que envolve a produção de eletricidade tornam muito difícil um ataque ter um impacto de grande escala.
A rede elétrica dos EUA, por exemplo, é altamente complexa: ela é composta por cerca de 3.300 empresas de serviços públicos que trabalham em conjunto para fornecer energia a seus usuários por meio de redes de mais de 320 mil quilômetros de linhas de transmissão de alta voltagem.
A Rússia, por sua vez, tem 20 empresas independentes de produção de energia, cerca de 440 instalações de geração, 496.000 subestações e cerca de 2,3 milhões de quilômetros de linhas elétricas.
Ahern acredita que os ataques na Ucrânia atrapalharam a vida de milhares de pessoas, mas que, se ocorressem na Rússia ou nos Estados Unidos, as consequências poderiam ir além.
“Para os Estados Unidos, a Rússia e outras nações, tais ataques poderiam desencadear contra-ataques e provocar uma escalada de hostilidades”, diz ele.
Vários especialistas concordam que as instalações elétricas não são os únicos alvos possíveis: os potenciais danos a estações de bombeamento de água e outros serviços essenciais podem ter efeitos mais devastadores do que as armas nas guerras convencionais.

Hostilidades crescentes

As tentativas da Rússia de penetrar na rede elétrica dos EUA não ganharam a mesma notoriedade de outro ataque que, de acordo com várias fontes de inteligência de Washington, marcou os resultados das eleições de 2016.
Naquele ano, segundo vários relatos, hackers russos penetraram no sistema eleitoral dos EUA e lideraram campanhas nas redes sociais para ajudar na vitória de Donald Trump.
Algum tempo depois, novas denúncias sobre supostas interferências russas em situações eleitorais foram relatadas em outros países.
Mas em 2018, o FBI e o Departamento de Segurança Interna (DHS, da sigla em inglês) também reportaram uma série de ataques a computadores de instalações americanas.
Ambas as agências de inteligência publicaram relatórios que levaram o governo a emitir um alerta sobre “ações do governo russo” dirigidas a entidades federais e empresas nos setores elétrico, de energia nuclear, instalações comerciais, de água, aviação e manufatura do país.
O DHS e o FBI a chamaram de “campanha de invasão de várias etapas” que consistia em se inserir em redes de pequenas instalações comerciais, colocar vírus, realizar o reconhecimento da rede e coletar informações relacionadas aos sistemas de controle industrial dos EUA.
O Kremlin negou qualquer participação nesse esquema. Mas um dia após a publicação do relatório, o secretário de Energia dos EUA, Rick Perry, assegurou ao Congresso que os ataques cibernéticos contra as redes de energia aconteciam “literalmente centenas de milhares de vezes por dia” e anunciou a criação de um Escritório de Segurança Cibernética e Resposta de Emergência para tentar controlá-los.
Pouco depois, o Departamento do Tesouro dos EUA anunciou novas sanções contra várias pessoas e organizações russas, algumas das quais foram acusadas de supostos ataques informáticos.
A Dragos, empresa de segurança cibernética especializada em proteger a rede elétrica dos Estados Unidos, disse à imprensa americana no ano passado que Moscou está “no caminho certo” para penetrar nas instalações de energia dos EUA, ainda que precise aperfeiçoar ainda mais suas técnicas

A revanche

Até o último fim de semana, as tentativas americanas de penetrar nas redes de energia russas não eram conhecidas publicamente.
Mas Jonathan Marcus, analista de segurança da BBC, acredita que os relatos sobre ataques dos EUA à infraestrutura russa não deveriam nos surpreender, dada a “investida eletrônica” que Moscou tem protagonizado.
“Durante muito tempo no Ocidente, o foco no ciberespaço tem sido a defesa: como fortalecer os sistemas contra invasões e como tornar os sistemas essenciais mais resistentes. Mas é claro que o melhor meio de defesa é a ofensiva: a necessidade, ao menos, de colocar em risco os sistemas de um inimigo”, explica ele à BBC News Mundo.
Sabe-se que, desde 2009, os Estados Unidos contam com um Comando Cibernético, uma unidade de elite de TI das Forças Armadas que, sob a égide da Lei de Autorização de Defesa Nacional de 2018, tem permitido realizar “atividades militares clandestinas” em redes.
A Rússia, por sua vez, anunciou este ano seus planos de se isolar da internet global e criar sua própria rede, o que na opinião dos especialistas não só garantiria um maior controle sobre os seus cidadãos, como também tornaria mais difícil para agentes externos terem acesso a redes usadas pelas instalações russas.
O projeto, chamado de Programa Nacional de Economia Digital, requer que os provedores de serviços de internet do país se certifiquem de continuar operando em caso de potências estrangeiras tentarem isolá-los ou de serem vítimas de ataques.
Na opinião de Marcus, as posições dos dois países diante da possibilidade de um conflito digital mostram que, mais uma vez, “a tecnologia está muito à frente da teoria”.
“Que medidas devem ser tomadas para estabelecer algum tipo de limite nos ataques cibernéticos? Ou, mais exatamente, em que ponto um ataque cibernético é considerado como um ato de guerra?”, questiona o analista.
“Dado que essas armas podem ser usadas tanto por criminosos e atores não estatais, quanto por países, estamos diante de um ambiente complexo e muito difícil”, conclui.
Fonte: BBC