sábado, 29 de setembro de 2018

Plantas estão crescendo cada vez mais no Ártico, mas isso não é bom.

A ALTURA DAS PLANTAS QUE COMPÕES A TUNDRA NO ÁRTICO AUMENTOU NOS ÚLTIMOS 30 ANOS. (FOTO: ANNE BJORKMAN)
frio do extremo norte do planeta sempre limitou o desenvolvimento da vegetação. A tundra do ártico se amontoa perto do chão e geralmente se limita a poucos centímetros de altura. Mas isso está lentamente mudando, conforme relata um grupo internacional de quase 130 biólogos liderados por cientistas do Centro Alemão de Pesquisa Integrativa sobre Biodiversidade (iDiv) e do Centro Alemão de Pesquisa sobre Biodiversidade e Clima Senckenberg.
Publicado no periódico Nature, o estudo analisou o conjunto de dados mais abrangente sobre plantas na tundra ártica disponível, abrangendo quase 120 locais de tundra, a maioria deles localizados nas regiões árticas do Alasca, Canadá, Islândia, Escandinávia e Sibéria, e descobriu que as plantas estão cada vez mais altas. “O aumento na altura que vimos não foi apenas em alguns locais, mas em quase todos”, disse uma das autoras Anne Bjorkman.
E como não podia deixar de ser, o culpado é o aquecimento global. As temperaturas no Ártico aumentaram cerca de 1ºC no verão e 1,5 grau no inverno nas três décadas cobertas pelo estudo, algumas das taxas mais rápidas de aquecimento do planeta.
Não apenas as plantas que já estavam lá crescem mais altas com temperaturas mais quentes: a própria comunidade de plantas mudou. “Espécies de plantas mais altas, ou de bolsões mais quentes dentro da tundra ou do sul, se espalharam”, contou Nadja Rüger, outra autora do estudo.
Surpreendentemente, os pesquisadores não encontraram evidências de que essa “invasão” de espécies mais altas esteja atualmente levando a um declínio em espécies mais baixas.  “Se as plantas mais altas continuarem a se espalhar na taxa atual, a altura da comunidade de plantas poderá aumentar em 20% a 60% até o final do século”,afirmou Bjorkman.
As regiões do Ártico têm sido um foco para a pesquisa sobre mudanças climáticas,  já que o permafrost subjacente à vegetação da tundra contém de um terço a metade do carbono do solo no mundo. Quando o permafrost descongela, gases de efeito estufa podem ser liberados.
Um aumento nas plantas mais altas pode acelerar esse processo, já que capturam mais neve no inverno, o que isola o solo subjacente e evita que ele congele rápida e profundamente no inverno. “Embora ainda haja muitas incertezas, as plantas de tundra mais altas poderiam alimentar a mudança climática, tanto no Ártico quanto no planeta como um todo”, conclui Bjorkman.
Em contraste com a altura das plantas, os pesquisadores descobriram que seis outras medidas, como o tamanho das folhas e seu conteúdo de nitrogênio, não mostraram nenhuma mudança consistente nos últimos trinta anos. Essas outras características da planta foram fortemente influenciadas pelos níveis de umidade além da temperatura.
Os pesquisadores concluíram que a resposta da comunidade de plantas como um todo ao aquecimento do clima dependerá se a tundra se tornar mais úmida ou mais seca ao longo do tempo.
“Para prever como a comunidade de plantas na tundra reagirá no futuro, é necessário não apenas levar em conta as alterações de temperatura, mas também a disponibilidade de água. Se a precipitação ou o ciclo da água mudarem, isso pode ter efeitos severos na vegetação da tundra”, concluiu Rüger.
Fonte: Revista Galileu

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Ocupação na Mata Atlântica fez sumir metade das populações de mamíferos.


A vegetação que cobria toda a costa brasileira hoje está restrita a pouco mais de 12% do seu tamanho original (Roberto Loffel/VEJA)
Pelo menos metade dos grupos de mamíferos da Mata Atlântica já se encontra, em média, extinta localmente em vários pontos do bioma. É o que mostra um levantamento que analisou pela primeira vez 500 comunidades desses animais ao longo de toda a Mata Atlântica e os impactos nelas provocados por distúrbios humanos desde a chegada dos portugueses ao Brasil.
A vegetação que cobria toda a costa brasileira hoje está restrita a pouco mais de 12% do seu tamanho original, e vários estudos já haviam documentado a perda de espécies. O novo trabalho, no entanto, publicado nesta terça-feira, 25, na revista PLoS ONE, inova na escala geográfica, ao estimar a situação das espécies de médios e grandes mamíferos de norte a sul do bioma de modo comparativo, mostrando onde a situação está pior e melhor – ou menos pior.
“Não estamos documentando nenhuma extinção em escala regional ou de bioma, mas milhares de eventos de extinções locais”, explica o biólogo Carlos Peres, da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, e um dos autores do trabalho.
Os pesquisadores, liderados por Juliano Bogoni, hoje pós-doutorando na Esalq/USP, trabalharam com um “índice de defaunação” para examinar a perda de espécies entre quase 500 conjuntos de espécies de mamíferos de médio a grande porte ao longo e observaram que os índices são altos – mais de 50% – para a maior parte da Mata Atlântica.
O cenário é pior no norte do Nordeste, onde a defaunação chega a 90%. Em seguida vem a porção mais ao sul do Nordeste, com 85%. O melhor é no Sudeste, com 49% – justamente onde estão os principais remanescentes da floresta no País, em especial os núcleos da Serra do Mar.
“Mas mesmo na Serra do Mar, falar em metade das espécies é um quadro grave. Hoje temos uma pálida sombra do que já foi a majestosa diversidade da Mata Atlântica”, diz Bogoni. Segundo ele, os locais mais defaunados se sobrepõem com as áreas mais antropizadas do interior, pressionadas por atividades como agricultura e silvicultura.
Os grupos mais impactados são os predadores de topo de cadeia e grandes carnívoros em praticamente todo o País, como onças-pintadas e onças-pardas; os meso-predadores – carnívoros menores, como jaguatirica e gato-maracajá, que ocupam o lugar quando as onças somem; e os grandes herbívoros, como as antas.
Peres afirma que os dados mais uma vez reforçam a necessidade urgente de ações para proteger o bioma. “É preciso fortalecer o sistema de unidades de conservação, que são ainda os últimos refúgios de toda essa fauna. Não há conservação sem um voto de compromisso do governo e da sociedade em manter as nossas áreas protegidas”, defende.
Fonte: Conteúdo Estadão

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Grandes empresas se unem para fabricar garrafas ecológicas.

Pepsico, Danone e Nestlé esperam produzir 18 mil toneladas de materiais recicláveis a partir de 2020 no Canadá.

Encontrar saídas para o enorme volume de lixo plástico gerado por garrafas e outras embalagens de alimentos prontos para consumo é um dos grandes desafios das empresas do setor. No final do ano passado, a Danone e a Nestlé Waters já tinham se unido à empresa americana Origin Materials para criar garrafas plásticas com fibras de celulose (papelão usado, serragem, etc.). Agora, a Pepsico se juntou às duas companhias no projeto de desenvolver garrafas de plástico 100% biodegradável, feitas apenas com material vegetal sustentável.
Os três grupos anunciaram a união na segunda (10) e se mostram preocupados com a sustentabilidade de seus negócios. A chegada da Pepsico “é mais uma prova da importância da tecnologia de ponta” criada graças a esta associação chamada Naturall Garrafa Alliance, declarou em um comunicado Massimo Casella, chefe de pesquisa e desenvolvimento da Nestlé Waters.
PET (polietileno tereftalato), material amplamente utilizado em embalagens de alimentos e principalmente em garrafas, é um dos plásticos mais difundidos, já que é leve, resistente e facilmente moldável. Apesar de ser reciclável, menos de 1% das 20 milhões de toneladas de PET produzidas a cada ano no mundo não vem da indústria petroquímica.
Juntas, as três empresa esperam produzir garrafas de 75% de base biológica até 2020 e aumentar rapidamente esse percentual para pelo menos 95%, afirmam. No ano passado, eles já conseguiram produzir amostras de PET com 80% de base biológica. As empresas esperam produzir 18.000 toneladas de "PET ecológico" a partir de 2020 em uma fábrica construída para esta finalidade no Canadá.


terça-feira, 25 de setembro de 2018

Aquicultura: setor reclama da burocracia para conseguir licenças ambientais.

Pelo menos 3 mil pedidos de licença ambiental para o setor de aquicultura esperam há mais de 10 anos em Brasília para serem aprovados. Os produtores reclamam da burocracia, que segundo eles, impede a expansão do setor que tem amplo potencial de crescimento, já que o nosso país produz apenas dois terços do pescado consumido no mercado interno.

Representante da Associação dos Produtores de Peixe de Rondônia, Francisco Hidalgo Farina, reclama da morosidade em conseguir licenças ambientais no estado. “Os órgãos competentes não têm mão de obra disponível e, conhecedora da cadeia produtiva, e logo criam um desconforto na execução ou na deliberação das outorgas, justamente por falta de conhecimento”, contou.
Já o presidente da Comissão Nacional de Aquicultura da CNA, Eduardo Ono, atribui as dificuldades dos criadores à falta de legislação específica em cada estado, seguindo orientações do Conselho Nacional do Meio Ambiente.
“Em alguns estados da federação, a gente tem legislações próprias para licenciamento e regularização da aquicultura e em outros estados, pela ausência desse documento específico para atividade, o licenciamento acaba caindo dentro de um bolo geral de licenciamento de outras atividades. Muitas vezes o aquicultor recebe uma exigência de estudos ambientais que são os mesmos estudos demandados por um posto de gasolina. São coisas sem cabimento”, falou Ono.
Estes entraves vêm impedindo a expansão do setor.  O país produz 1,5 milhão de toneladas de pescado ao ano, apenas dois terços dos 2,2 milhões de toneladas consumidas anualmente. Para aumentar os números, a proposta é unificar e informatizar os pedidos de licenciamento ambiental.
“A proposta que nós temos é que esse processo passe a ser algo parecido com a declaração de Imposto de Renda de uma pessoa física, por exemplo. Tem um conjunto de regras claras e objetivas, um sistema informatizado para declarar o que precisa ser declarado e o próprio sistema faz uma primeira análise, cruzando com informação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e quem prestou as informações dentro da coerência, deveria ter uma licença ambiental automaticamente obtida”, disse Eduardo Ono.
Mesmo em estados que já possuem legislações específicas, os criadores encontram dificuldade para conseguir os licenciamentos ambientais. A Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca (Seap), criada em abril deste ano, vinculada à Casa Civil, diz que órgãos como Agência Nacional de Águas, Ibama e Marinha do Brasil também são responsáveis por emitir pareceres relacionados à implantação de estruturas de aquicultura, o que pode atrasar os processos.
“No caso da secretaria, nós tínhamos cerca de 2.182 processos e, de janeiro pra cá, nós conseguimos colocar todos eles no Sistema Nacional de Aquicultura de Águas da União. Com isso, nós efetuamos os pareceres de aquicultura e de geoprocessamento e atualmente estão na nossa carga somente os processos de 2018, os demais estão distribuídos nos demais órgãos competentes para os pareceres devidos”, concluiu João Crescêncio, diretor da Seap.
Fonte: Canal Rural

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Cultivo de florestas para fins industriais diminui pressão sobre matas nativas.

No mês em que o Brasil comemora o Dia da Árvore, lembrado em 21 de setembro, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) chama atenção para os esforços do país em proteger suas matas. Com o Projeto Siderurgia Sustentável, a agência da ONU e o governo promovem a produção do carvão vegetal oriundo somente de florestas plantadas para esse fim, evitando o desmatamento.
No mês em que o Brasil comemora o Dia da Árvore, lembrado em 21 de setembro, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) chama atenção para os esforços do país em proteger suas matas. Com o Projeto Siderurgia Sustentável, a agência da ONU e o governo promovem a produção do carvão vegetal oriundo somente de florestas plantadas para esse fim, evitando o desmatamento.
A produção brasileira de carvão vegetal tem se tornado cada vez mais eficiente e hoje cerca de 90% do insumo vem de florestas plantadas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Brasil é o único país do mundo que utiliza o carvão vegetal para a produção de ferro-gusa, aço e ferroligas. Entre 2005 e 2016, cerca de 25% do ferro-gusa brasileiro foi fabricado com carvão vegetal, enquanto que, no resto do mundo, a siderurgia utilizou apenas o carvão mineral, de origem fóssil.
No território nacional, Minas Gerais abriga a maior produção siderúrgica a carvão vegetal e a maior base florestal, motivo pelo qual o Projeto Siderurgia Sustentável é implementado no estado.
A gerente interina de projetos do PNUD no Brasil, Saenandoah Dutra, afirma que o investimento em tecnologias de produção sustentável do carvão vegetal traz ganhos para a indústria, pois “o carvão produzido a partir das florestas plantadas apresenta melhor qualidade”. “Com uso de processos adequados, (o insumo) rende mais com a mesma quantidade de madeira”, completa a especialista.
O projeto da agência da ONU também incentiva o manejo adequado das árvores, a fim de reduzir as emissões de gases do efeito estufa. As florestas plantadas absorvem o dióxido de carbono presente na atmosfera, funcionando como sumidouros dessa substância que é uma das causas do aquecimento global.
Por isso, o diretor do Departamento de Monitoramento, Apoio e Fomento em Ações sobre Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Adriano Santhiago, espera que os resultados do Siderurgia Sustentável sejam estruturantes para o enfrentamento da mudança do clima. Ainda de acordo com o gestor, a iniciativa também promove a conservação das bases florestais, com a redução da pressão sobre as matas nativas.
“O projeto tem fornecido subsídios relevantes para formular uma estratégia de desenvolvimento sustentável para a cadeia da produção de carvão vegetal a partir das florestas plantadas”, avalia o representante da pasta federal.

Desenvolvimento do mercado rural

Cultivadas especificamente como matéria-prima para produtos que fazem parte da vida das pessoas, como papel, produtos de higiene, móveis, entre outros, essas florestas plantadas também se destacam por alavancarem o desenvolvimento do Brasil rural. Empreendimentos do tipo contribuem para a fixação do trabalhador no campo, por meio da geração de empregos qualificados e renda.
De acordo com a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), o país lidera o ranking de produtividade florestal, com média de 35,7 m³/ha/ano, o que representa quase duas vezes mais do que a produtividade dos países do Hemisfério Norte. Em 2016, a produção florestal alcançou 18,5 bilhões de reais, com a geração de 510 mil empregos diretos.
A área com florestas plantadas ocupa apenas 1% do território do Brasil, mas é responsável por 91% de toda a madeira produzida para fins industriais. Atualmente, segundo o IBGE, a área cultivada com florestas plantadas chega a 10 milhões de hectares, com destaque para as espécies eucalipto, pinus e acácia. As zonas de cultivo estão localizadas principalmente em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo e Mato Grosso do Sul.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) tem como meta aumentar em 2 milhões de hectares a área de cultivos comerciais de florestas plantadas a partir da entrada em vigor do Plano Nacional de Desenvolvimento de Florestas Plantadas (PlantarFlorestas). O marco definirá ações para os próximos dez anos e está em fase de consulta pública até outubro. Sugestões podem ser enviadas ao e-mail plantarflorestas.spe@agricultura.gov.br.
O Projeto Siderurgia Sustentável é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e implementado pelo PNUD. A execução do projeto tem a participação ainda do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e o governo de Minas Gerais, com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF).
Fonte: ONU

sábado, 22 de setembro de 2018

Inundações no rio Amazonas pioram nos últimos 30 anos, diz estudo.

Inundações no rio Amazonas causam danos econômicos e trazem doenças
As inundações no rio Amazonas se tornaram mais frequentes e graves nos últimos 30 anos, segundo com um estudo realizado por cientistas brasileiros, chilenos e britânicos. Os pesquisadores apontam o aquecimento global como uma das causas deste fenômeno.
Para o estudo publicado nesta quarta-feira (19/09) na revista especializada Science Advances, os pesquisadores analisaram os registros diários do nível do leito do Amazonas feitos no porto de Manaus há 113 anos.
Os dados mostram que enchentes acima de 29 metros, valor de referência para que as autoridades decretassem estado de emergência, ocorriam uma vez a cada 20 anos na primeira metade do século 20. Atualmente, esse tipo de inundação ocorre a cada quatro anos.
“O que realmente chama a atenção no histórico de registros é a gravidade e a frequência de inundações. Com poucas exceções, houve inundações extremas na bacia do Amazonas todos os anos entre 2009 e 2015”, disse o autor da pesquisa Jonathan Barichivich, da Universidade Austral do Chile.
Segundo o estudo, o aumento das enchentes está relacionado a mudanças no sistema de circulação do ar movido pelo oceano, que influencia o clima e a quantidade de chuvas na região dos trópicos. Essa mudança foi causada pelo forte aquecimento do Oceano Atlântico e o resfriamento do Pacífico, o que aumentou a precipitação na bacia Amazônica.
“O efeito é mais ou menos o oposto do que acontece durante o El Niño. Ao invés de causar seca, resulta numa maior convecção e precipitação intensa nas regiões central e norte da bacia Amazônica”, afirmou Manuel Gloor, da Escola de Geografia da Universidade de Leeds, no Reino Unido, coautor do estudo.
As causas do aquecimento do Atlântico não estão totalmente esclarecidas, porém, além da variabilidade natural, as mudanças climáticas influenciam esse fenômeno. Como resultado do aquecimento global, os cinturões de vento de média e alta latitudes no Hemisfério Sul têm se deslocado mais para o sul, o que abriu espaço para que as águas quentes do Oceano Índico sejam transportadas da ponta da África, através da corrente das Agulhas, para o Atlântico tropical.
Os cientistas indicam que as mudanças nos ciclos da água na bacia do Amazonas tiveram sérias consequências para os moradores de Brasil, Peru e outros países da região. O estudo aponta ainda que as inundações devem continuar ocorrendo nos próximos anos.
De acordo com o coautor do estudo Jochen Schöngart, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), as enchentes podem prejudicar o abastecimento de água, espalhar doenças, além de destruir casas e meios de subsistência.
O pesquisador destacou que com esses dados é possível aperfeiçoar os modelos de previsão de cheias na Amazônia Central e elaborar políticas públicas para mitigar os impactos das enchentes em regiões urbanas e rurais.
Fonte: Deutsche Welle

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

5 bichos fofos ameaçados de extinção que você deveria conhecer.

PUFFIN (FOTO: WIKIMEDIA COMMONS)
Os puffins, também conhecidos como papagaios-do-mar ou fradinhos, estão desaparecendo. Desde os anos 2000, os pássaros que vivem no Atlântico Norte, principalmente na Islândia, têm sentido as consequências da caça, das mudanças climáticas e da poluição.
PUFFIN (FOTO: WIKIMEDIA COMMONS)
Os puffins, também conhecidos como papagaios-do-mar ou fradinhos, estão desaparecendo. Desde os anos 2000, os pássaros que vivem no Atlântico Norte, principalmente na Islândia, têm sentido as consequências da caça, das mudanças climáticas e da poluição.
PUFFIN (FOTO: WIKIMEDIA COMMONS)
Pangolim
O mamífero de zonas tropicais da Ásia e da África é solitário, noturno e se enrola em uma bola quando se assusta. Seu corpo coberto de escamas, mais ou menos do tamanho de gatos domésticos, inspirou personagens em atrações de TV. Os mais famosos provavelmente são os Pokémons Sandslash e Sandshrew.
PANGOLIM (FOTO: WIKIMEDIA COMMONS)
Axolote mexicano
Seu nome asteca significa “monstro aquático”, mas essas salamandras têm uma carinha tão amigável que é difícil sentir medo. O axolote é uma espécie que não se desenvolve na fase de larva e conserva brânquias externas por toda a vida. Nem por isso é simples: o genoma do animal é o maior já sequenciado, com 32 bilhões de pares de bases, dez vezes maior que o genoma humano. Eles medem em média 23 centímetros e são encontrados somente em um lago próximo à Cidade do México, em Xochimilco. Estima-se que a população atual não passe de mil exemplares.
AXOLOTE (FOTO: FLICKR/CREATIVE COMMONS)
Ili pika
O mamífero pequeno, que parece um ursinho de pelúcia, vive nas montanhas Tian Shan, na região de Xinjiang, na China. Em 2014, foi fotografado pela primeira vez em mais de 20 anos pelo conservacionista Weidong Li, que descobriu a espécie.
ILI PIKA (FOTO: WEIDONG LI/DIVULGAÇÃO)
Lontra-marinha
Viver é uma batalha para as simpáticas lontras que habitam o norte e o leste do Oceano Pacífico. Entre 1741 e 1911, tiveram a população praticamente dizimada pela caça, caindo de 300 mil para somente mil. Esforços de conservação e recuperação fizeram a população aumentar, mas a vulnerabilidade a derrames de petróleo faz com que elas ainda sejam consideradas ameaçadas.
LONTRA-MARINHA (FOTO: WIKIMEDIA COMMONS)
Fonte: Revista Galileu

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

A vida excepcional e selvagem numa plataforma encravada na Floresta Amazônica.

Tranquila, a onça-pintada usa o duto da plataforma de Urucu para cortar caminho no coração da Floresta Amazônica – Guito Moreto / Agência O Globo

Uma onça-pintada preguicenta — animal que costuma se dissimular na mata — exibe-se sobre dutos da Petrobras, indiferente aos olhares a sua volta, perto de uma planta industrial no coração da Amazônia. A visita faz parte da rotina na Província Petrolífera de Urucu, que em 2018 completa 30 anos. São torres metálicas, tanques e esferas gigantes no meio da selva para produzir, por dia, 38 mil barris de petróleo, 13 milhões de metros cúbicos de gás natural e o equivalente a 115 mil botijões de 13 quilos de gás de cozinha (GLP). Uma superestrutura que, apesar de ser a maior produtora terrestre de óleo no país, desaparece na imensidão verde que a cerca, impondo à operação, essencial à Região Norte e a parte do Nordeste, desafios descomunais.
A começar pela odisseia logística para manter as engrenagens desse confim do Brasil, nas entranhas do estado do Amazonas. Em linha reta, as cidades mais próximas são Carauari e Tefé, a 170 e 180 quilômetros de distância, respectivamente. Do centro do município de Coari, onde o território está localizado, são outros 285 quilômetros. E da capital, Manaus, 650 quilômetros. Por recomendação de cientistas na época da construção do polo, não há estradas que liguem Urucu a lugar algum, com o intuito de não estimular o adensamento populacional da região. As únicas que existem estão dentro do complexo da Petrobras e dão acesso a alojamentos, portos e parte dos 65 poços de produção.
Para chegar a esse rincão, todo trabalhador — são cerca de 1.070 simultaneamente, em regime de escalas — aterrissa num avião turboélice, com capacidade para 47 passageiros, em voos diários de aproximadamente uma hora e meia de Manaus, ou três vezes por semana de Carauari. O restante, da alface das refeições a caminhões, válvulas e sondas, vai de barco. A viagem leva de sete a dez dias pelo Rio Solimões e, a partir de Coari, pelo sinuoso Rio Urucu, que se torna estreito e raso no período de vazante na Amazônia. Um complicador, sobretudo de agosto a outubro, que exige mão de obra local qualificada para não deixar encalhar as balsas, com calado de apenas 60 centímetros, nessa época do ano.
“É como navegar numa piscina. Uma pessoa baixa consegue atravessar o rio sem ficar submersa, o que aumenta o isolamento do lugar. Não estamos numa plataforma marítima. Mas o mar em nosso entorno é verde. Não é à toa que, nos dias de trabalho em Urucu, dizemos estar embarcados. Hoje, brinco que o lugar parece um hotel cinco estrelas. No início, no entanto, dormíamos em balsas, andávamos de trator por caminhos de lama, não havia telefone, nada”, contou o paraense Marques Cavalcante, gerente de suporte operacional da Petrobras que aportou na província antes mesmo do início da exploração, há 31 anos.
Grande parte da capital do Amazonas — cidade de mais de 2 milhões de habitantes, a sétima mais populosa do Brasil — tampouco tem a dimensão de quão crucial esse interior se tornou para sua sobrevivência. Desde 2009, há 663 quilômetros de gasoduto que cortam a selva, de Urucu até a Refinaria de Manaus (Reman). Das quatro Unidades de Processamento de Gás Natural existentes na floresta, na segunda semana de agosto partiram 5 milhões de metros cúbicos de gás, quase 90% para a geração de energia nas termoelétricas da capital.
O resto é levado para toda a Região Norte, o Maranhão, o Piauí e parte do Ceará. Também há dutos que conduzem o petróleo e o GLP até Coari, de onde são transportados por via fluvial a outras áreas.
A petroleira russa Rosneft também faz prospecções na região de Carauari e Tefé, depois de ter obtido os direitos de exploração de 16 blocos na Bacia do Solimões que pertenciam à PetroRio, antiga HRT. A questão é que adquirir expertise na selva pode consumir anos a fio. Em Urucu, os poços se espalham por uma área de 350 quilômetros quadrados, maior que 44% dos municípios brasileiros. E alguns são remotos, ou seja, não têm acesso por estrada, às vezes a mais de 50 quilômetros da base. Os helicópteros são usados para carregar de tudo até lá, por içamento com cabos. O transporte de uma única sonda de perfuração, desmontada, pode requerer até 500 viagens.
As onças não são os únicos animais a frequentar as instalações industriais. Em 2014, um avião colidiu com uma anta na decolagem da pista de Urucu. Quando a área do aeroporto foi cercada, vários homens tiveram de fazer força para carregar sucuris que habitavam o matagal. Recentemente, durante uma inspeção numa torre de telecomunicações, os técnicos encontraram outra cobra no alto da estrutura. Já os morcegos obrigaram a empresa a fazer adaptações na linha de produção de energia, que já parou por causa de um bicho-preguiça.
A diversidade de aves é outro cartão de visitas. O canto dos japiins, pássaro amarelo e preto que é nome de um bairro de Manaus, dá as boas-vindas a quem desembarca na província. Jacarés e veados volta e meia dão o ar da graça. E é esperado que eles apareçam, pois são indicadores de qualidade da gestão ambiental na base. Num santuário como esse, aliás, nada pode sair errado, sob pena de um enorme prejuízo à Floresta Amazônica e, por consequência, à Petrobras.
Para mitigar os impactos da atividade na selva, se a supressão de trechos da mata é inevitável, a empresa é obrigada a reflorestar áreas como jazidas e poços desativados. Numa dessas clareiras, está sendo criado um bosque de árvores protegidas, com seringueiras e copaíbas. Para a missão, a base conta com um viveiro de plantas nativas, com 55 mil mudas, um bromeliário e um orquidário, com uma das espécies ainda não identificada pelos botânicos.
Outro ponto sensível, num lugar que opera materiais altamente poluentes, é o lixo e o esgoto. Só no último mês de julho, foram geradas 150 toneladas de resíduos. Sem sua própria Central de Tratamento de Resíduos, essa cidade perdida se inviabilizaria num ambiente tão protegido. Na instalação, os restos de alimentos — uma média de 900 quilos por dia — são misturados com a madeira de pallets descartados e transformados em 1 tonelada diária de adubo, usado no reflorestamento.
A cada sete dias uma embarcação deixa Manaus com alimentos em contêineres, totalizando 100 toneladas de comida por mês — nenhum alimento é produzido ou recolhido da mata na província, onde também é proibido caçar e pescar. Numa semana comum, o cardápio tem sempre opções de carne, arroz, feijão, legumes, frutas e, às vezes, iguarias do Norte, como suco de cupuaçu, vatapá amazonense e farofa com farinha do Uarini, mais grossa e crocante que a tradicional.
O que não é preciso trazer de fora é produzido na base de operações, como o calçamento de vias e a energia elétrica, suficiente para abastecer uma cidade de 50 mil habitantes e que serve os processos de produção e os alojamentos de Urucu. O principal, o Vitória Régia, acomoda 980 pessoas em quartos equipados com ar-condicionado para enfrentar o calor local.
À noite, o lugar tem ares de vilarejo do interior. Os pátios fazem as vezes das pracinhas, onde as pessoas se encontram para bater papo, caminhar e, às vezes, comandar uma roda de samba, um forró ou carimbó. Cercado pela mata, pode parecer também um hotel de selva — com menos luxo do que os lodges de Manaus ou Anavilhanas, claro. Há dois restaurantes, área de jogos, academia de ginástica, cabines de telefone e auditório para palestras e cerimônias religiosas. E ainda quatro salas de TV, uma delas feminina, onde as mulheres têm prioridade na escolha da programação. Uma novidade num ambiente majoritariamente masculino.
As mulheres somam apenas 10% dos trabalhadores de Urucu. E só chegam a esse percentual porque muitas delas estão em atividades como limpeza e hotelaria. Envolvidas na produção e na gestão, elas são poucas, mas dispostas a mudar esse quadro.
“Somos minoria, porém fortes. Derrubamos os outros 900”, disse Roberta Viana. Oriunda de Quixadá, no sertão do Ceará, ela ocupa atualmente um dos mais altos cargos de Urucu. Outra nordestina, Carolina da Silva, do Recife, Pernambuco, comanda uma equipe de homens no centro de operações do polo, onde se monitora toda a província com dados de câmeras e sensores que detectam qualquer sinal de risco à operação. E, pela primeira vez em três décadas, há oito meses Urucu tem uma “prefeita”, Selma Fontes, de Aracaju, capital de Sergipe.
De fala mansa, mas certeira, seu cargo oficial é gerente de base, num regime de 14 dias em Urucu e 21 em casa. Carolina da Silva revelou que, quando Fontes está prestes a chegar, todos tratam de pôr a casa na mais perfeita ordem. “Não é linha-dura, mas justa”, dizem os colegas. Em campo, o rádio é companheiro inseparável da sergipana, solicitada para resolver todo tipo de demanda, dos aspectos da produção à convivência entre os trabalhadores. Acorda assim que o sol surge no horizonte — o café da manhã em Urucu é servido das 6 horas às 7 horas — e só para de noite, numa jornada de trabalho de pelo menos 14 horas.
“Preciso manter a cidade funcionando. É cansativo, mas não tem rotina. A parte mais fácil é trazer as pessoas para Urucu, o que já é bastante difícil. Temos o petróleo com a produção mais barata da Petrobras, com muito rigor no que se faz e se gasta. As pessoas e o ambiente ajudam. Fico muito surpreendida com o fato de ser um local de confinamento onde o nível de animosidade é muito baixo. Talvez porque estejamos na selva, com mais espaço que nas plataformas.”
Além de impor restrições naturais a seus “moradores”, Urucu tem regras rígidas. Assim que descem do avião, por exemplo, os celulares dos trabalhadores são lacrados, por motivo de segurança da informação, já que imagens da base só podem ser feitas com autorização. O uso da internet fica limitado a notebooks — que em tempos atuais também são os porta-retratos para matar a saudade da família — e a uma sala de autodesenvolvimento, novidade implementada por Fontes, onde há computadores para acesso a redes sociais, sites de notícias e cursos à distância.
Os cuidados com a segurança do trabalho também são rígidos — um acidente grave pode significar uma superoperação de transferência até Manaus. Para os demais atendimentos, ao lado do Vitória Régia há um ambulatório com uma infraestrutura que a maioria das cidades do interior do Amazonas não tem. São enfermarias, sala de emergência, espaço para pequenas cirurgias, consultórios e salas de isolamento. Urucu é livre, por exemplo, de malária, mas às vezes aparecem casos de trabalhadores que chegam doentes de suas casas.
Apesar de distantes, as cidades do entorno, no centro do Amazonas, também dependem da Província. De Carauari, com seus aproximadamente 28.300 habitantes, vêm 750 trabalhadores. Já Coari recebeu, no ano passado, R$ 52 milhões em royalties do petróleo e gás produzidos em seu território. Uma riqueza que ainda não se traduziu numa significativa melhoria de qualidade de vida no município, com cerca de 84 mil moradores numa área maior que o estado do Rio de Janeiro.
Com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) — 0,586, numa escala de 0 a 1 —, Coari vive assombrada por escândalos políticos e pelo tráfico. É uma realidade que pouco lembra a de Urucu, a província instalada em seu território. A cidade virou ponto central da passagem de armas e drogas vindas de países como Peru e Colômbia pela rota do Solimões, o que gera ondas de violência. Um dos crimes de maior repercussão aconteceu em setembro de 2017, quando a atleta britânica Emma Kelty, que viajava de caiaque pela Amazônia, foi morta com tiros de espingarda e jogada no Solimões, depois de ser atacada por piratas no rio.
Fonte: RAFAEL GALDO – Época – O Globo

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Alemanha estreia trem movido a hidrogênio.

O trem movido a hidrogênio em seu primeiro dia de operação na Baixa Saxônia
Começaram a circular nesta segunda-feira (17/09) na Alemanha os primeiros trens movidos a hidrogênio. As duas composições farão um trajeto de 100 quilômetros entre as cidades de Cuxhaven, Bremerhaven, Bremervoerde e Buxtehude, no norte do país.
“O primeiro trem de hidrogênio do mundo está entrando em serviço comercial e pronto para produção em série”, disse o presidente da fabricante Alstom, Henri Poupart-Lafarge, na cerimônia de inauguração.
A cerimônia foi em Bremervoerde, a estação onde os dois trens da fabricante francesa serão reabastecidos com hidrogênio. Até agora, o trecho, não eletrificado, era atendido por trens a diesel.
A Alstom aposta na nova tecnologia como uma alternativa mais ecológica e silenciosa para o transporte ferroviário, e tem planos de entregar outros 14 trens de emissão zero até 2021 à operadora ferroviária local LNVG, do estado da Baixa Saxônia.
Os trens de hidrogênio são equipados com células de combustível que produzem eletricidade por meio de uma combinação de hidrogênio e oxigênio, um processo que tem como únicas emissões vapor e água.
Com metas climáticas ambiciosas, a Alemanha pretende reduzir suas emissões de CO2 em 40% até 2020 em comparação com os níveis de 1990, e se comprometeu a usar 80% de energia renovável em seu abastecimento elétrico até 2050.
O trem azul-claro da Alstom foi apresentado pela primeira vez ao mundo na feira da indústria ferroviária Innotrans em 2016 e apelidado pela empresa como o “trem do futuro”. Ele pode rodar por cerca de mil quilômetros com um único tanque de hidrogênio, que é semelhante à capacidade dos trens a diesel.
Trem da francesa Alstom movido a hidrogênio chega na estação de Bremervoerde, na Alemanha
No cerne do sistema iLint está uma célula de combustível situada no topo do trem. O hidrogênio é fornecido à célula e então combinado com o oxigênio retirado do ar do ambiente em seu interior. Os dois produtos dessa reação química são a eletricidade, que é usada para alimentar uma tração elétrica que controla os movimentos do trem; e a água, que é emitida na forma de vapor.
Toda a energia elétrica que não é usada imediatamente para a tração pode ser armazenada em baterias de íons de lítio na parte de baixo do trem. Um conversor auxiliar também é usado para adaptar a energia para várias aplicações a bordo, como ar condicionado, sistemas de portas e mostradores de informações aos passageiros.
Além de um produto limpo, as principais vantagens do iLint são seu gerenciamento de energia inteligente e armazenamento de energia flexível. A energia elétrica é fornecida sob demanda, o que significa que a célula de combustível só precisa trabalhar a todo vapor quando o trem permanece em estado de aceleração por períodos prolongados. Quando ele freia, as células de combustível são desligadas quase que completamente, economizando no consumo de hidrogênio.
Segundo a LNVG, operadora de trens local, os 14 trens que comprados da Alstom custaram cerca de 81 milhões de euros, o que é mais do que seria gasto com o mesmo número de trens convencionais a diesel. Mas Stefan Schrank, gerente do projeto na Alstom, diz que o investimento vale a pena.
“Claro, comprar um trem de hidrogênio é um pouco mais caro do que um trem a diesel, mas é mais barato de operar”, afirmou.
No entanto, ainda há a questão de como os trens serão reabastecidos e de onde virá o hidrogênio a longo prazo. Durante a fase inicial, a Alstom fornecerá o hidrogênio a partir de emissões industriais.
Fonte: Deutsche Welle

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

A escala das picadas mais dolorosas de insetos.

Ser picado por uma abelha ou uma formiga é sempre desagradável, mas a dor pode variar – e muito. O que nem todos sabem é que essas dores também podem ser classificadas numa escala, conhecida como Índice Schmidt de Dores de Picadas, em homenagem ao seu criador, o entomólogo americano Justin Schmidt.
Ele é pesquisador no Southwest Biological Institute (SBSC), no Arizona, onde estuda os mecanismos de defesa químicos de formigas, abelhas e vespas. Trata-se de uma atividade dolorosa, pois, durante suas pesquisas, Schmidt foi picado por cerca de 150 tipos de insetos.
Para manter uma visão geral, já nos anos 1960 ele começou a categorizar as diferentes picadas pela intensidade da dor, e passou a registrar a duração exata e a intensidade de cada uma delas, o que foi feito numa forma bastante peculiar e divertida.
Em 2015, Schmidt recebeu o prêmio Ig Nobel pelo seu empenho e dedicação à ciência, o que chamou a atenção para as suas pesquisas.
Primeiro nível de dor

Só os fracos choram por causa dessas picadas. Dores de primeiro nível passam em cinco minutos e sua intensidade é mínima. Um exemplo são as picadas das abelhas da espécie anthophora.
Mesmo assim, nem todo mundo vai concordar com a descrição de Schmidt, que qualifica essa ferroada de “quase agradável” e a compara à mordiscada um pouco mais forte de um namorado ou namorada no lóbulo de uma orelha.
Também poética é a descrição da picada da abelha sphecodes albilabris. Segundo Schmidt, ela seria uma picada “leve, efêmera, quase frutada, como se um faísca minúscula queimasse um único pelo do braço”.
Segundo nível de dor
Aqui a coisa começa a ficar desagradável. Picadas e ferroadas de segundo nível persistem de 5 a 10 minutos. Nesse nível estão classificadas a maioria das picadas da ordem hymenopteras, que inclui as vespas. Schmidt descreve essas picadas como “densas, vigorosas e quentes”.
A picada da abelha-comum recebe palavras menos elogiosas e se parece com “a cabeça de um fósforo que está queimando na pele”.
Terceiro nível de dor
O ponto crítico se aproxima. A partir deste nível, as picadas doem muito, e por até 30 minutos. “Cáustica, ardente e impiedosa, como se alguém usasse uma furadeira para cortar uma unha encravada ou jogasse um copo de ácido clorídrico num corte da pele” – assim o Justin Schmidt descreve a picada das vespas conhecidas como formiga-feiticeira ou formiga aveludada.
Quarto nível de dor
O topo da classificação. Só picadas brutais e que causam dores paralisantes pertencem a essa categoria. A pepsis grossa ou pepsis formosa, uma vespa que caça tarântulas, tem a honra de pertencer a esse grupo especial.
Segundo Schmidt, a picada dela é “virulenta, cegante, horrivelmente elétrica, como se alguém jogasse um secador de cabelo ligado no seu banho de espuma.” Pelo menos a dor passa depois de cinco – certamente longos – minutos.
Já a formiga-cabo-verde, também conhecida como tocandira, naná, saracutinga e formigão-preto, é um caso à parte – ela é a rainha de todas as dores. A sua picada tortura a vítima por até 24 horas com “uma dor pura, intensa e irradiante, como se alguém corresse em cima da brasa ardente com um prego enferrujado de 7 cm enfiado no calcanhar”. O nome inglês dessa espécie é bullet ant, ou “formiga-bala-de-revólver”, uma comparação que já diz tudo.
Avaliações de dores podem até ser subjetivas, mas Schmidt não é o único a categorizar picadas de insetos. O entomólogo Christopher K. Starr também desenvolveu uma escala de dor nos anos 1980. O resultado: Starr e Schmidt identificam as mesmas picadas de insetos como as mais dolorosas.
Para quem foi picado ou tomou uma ferroada – e, mais do que saber a qual categoria ela pertence, quer que ela passe logo – os especialistas têm uma dica: pense em alguma outra coisa. Pesquisas já mostraram que, quanto mais uma pessoa se concentra numa dor, mais essa dor dói.
Fonte: Deutsche Welle