segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Cinco cidades de São Paulo cabem na área da Amazônia desmatada em 2018.

MORADA DE INDÍGENAS ISOLADOS, A TERRA INDÍGENA (TI) ITUNA ITATÁ REGISTROU 756 HECTARES DESMATADOS EM JUNHO (FOTO: JUAN DOBLAS/ISA)
Desde 2008 que não se desmatava tanto a floresta amazônica que neste ano. Números recém divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que, entre agosto de 2017 até julho deste ano, houve um aumento de 13,7% no desmatamento. No total já perdemos 790 milhões de hectares este ano, o equivalente a mais de cinco vezes a cidade de São Paulo.
Se há dez anos a área devastada chegou a 1,2 bilhão de hectares, caiu para 750 milhões em 2009, e seguiu em queda até 2012, com o recorde positivo de 460 milhões de hectares. Mas, desde então voltou a subir, e em agosto desde ano já superamos a antiga maior marca desta década, com 789 milhões de hectares devastados em 2016.
Ambientalistas acreditam que o aumento no desmatamento, como acontece historicamente,  é reflexo das movimentações muito longe dali, no planalto central do País. “”Os números da destruição, que já eram altos e inaceitáveis, ficaram ainda piores. Grande parte das respostas para esse aumento estão em Brasília. É do centro do poder que parte o estímulo constante ao crime ambiental nos rincões da Amazônia”, afirma Marcio Astrini, coordenador de políticas públicas do Greenpeace Brasil.
O aumento do poder da chamada bancada ruralista, que ganhou posição de destaque no futuro governo de Jair Bolsonaro (PSL), vêm apresentando uma série de propostas que terão impacto direto na proteção das florestas, seus povos e do clima do planeta: Lei da Grilagem, flexibilização do licenciamento ambiental no Brasil, ataque aos direitos indígenas e quilombolas, adiamentos do Cadastro Ambiental Rural (CAR), tentativas de redução de áreas protegidas e paralisação das demarcações de Terras Indígenas, entre outras.
“Esse conjunto de propostas beneficia quem vive de desmatar a floresta, grilar terras e roubar o patrimônio natural dos brasileiros. As consequências estão traduzidas agora nos números da destruição da Amazônia”, afirma Astrini.
Se nada for feito para refrear o desmatamento, coloca em risco, inclusive, a contribuição do país para o Acordo de Paris. “A depender do governo Jair Bolsonaro, as previsões para a Amazônia (e para o clima) não são boas. Tudo o que funcionou no combate à destruição florestal está sob ameaça”, declara Astrini. “Ele pretende liberar a exploração de Terras Indígenas e Unidades de Conservação e enfraquecer o poder de fiscalização do Ibama. Se concretizadas, essas propostas levarão a uma explosão da violência no campo e colocarão em risco a esperança climática do planeta”, declara.
Fonte: Revista Galileu

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