sábado, 22 de dezembro de 2018

Japão planeja voltar a caçar baleias comercialmente em 2019.

(FOTO: CREATIVE COMMONS / THREE-SHOTS)
ano de 2019 não deve ser bom para as baleias – pelo menos se depender do Japão. O país, com longa e polêmica tradição de caça desses mamíferos aquáticos, afirmou em um relatório que deve deixar a Comissão Internacional Baleeira (IWC) e retomar a caça comercial.
O Japão informará a IWC de sua decisão até o final do ano, informou a agência de notícias Kyodo, meses depois de o órgão ter rejeitado sua última tentativa de retomar a atividade baleeira comercial.
A Kyodo citou fontes não identificadas do governo dizendo que o Japão abandonaria suas controversas expedições ao Oceano Antártico e, em vez disso, permitiria que as frotas baleeiras operassem em suas águas costeiras e na zona econômica exclusiva (ZEE).
Um oficial da agência de pesca negou o relatório, no entanto, insistindo que não havia sido tomada nenhuma decisão sobre a retirada da IWC, que proibiu a caça comercial em 1986. “A posição oficial do Japão, de que queremos retomar a caça comercial o mais rápido possível, não mudou”, disse a autoridade ao jornal The Guardian. “Os relatórios que deixaremos o IWC estão incorretos.”
A ministra do Meio Ambiente da Austrália, Melissa Price, se manifestou contra a possibilidade. Ela se opõe a “todas as formas de caça comercial e científica”, acrescentando: “Embora nós prefiramos fortemente que o Japão continue sendo parte da convenção e membro da comissão, a decisão de retirar-se é uma questão para o próprio país”.
A Agência France-Presse citou uma autoridade japonesa dizendo que a agência estava “considerando todas as opções”, incluindo a possível retirada da comissão de 89 membros. Um funcionário do Ministério das Relações Exteriores confirmou que “todas as opções estão na mesa, mas nada formal foi decidido ainda”.
Conservacionistas gostaram do possível fim da caça às baleias no Oceano Antártico, mas com ressalvas. “Gostaríamos de celebrar de todo o coração o fim da caça ao baleia no Oceano Antártico, mas se o Japão deixar a Comissão Baleeira Internacional e continuar matando baleias no Pacífico Norte, estará operando completamente fora dos limites da lei internacional”, disse Nicola Beynon, chefe de campanhas na Humane Society International na Austrália. “Este é o caminho de uma nação baleeira pirata, com uma desconsideração desconcertante pelo domínio internacional.”
Comissão
Não é de hoje que o Japão ameaça abandonar a IWC, argumentando que a moratória deveria ser uma medida temporária e acusando a organização de abandonar seu propósito original – administrar o uso sustentável dos estoques globais de baleias. Autoridades japonesas afirmam que populações de certos tipos de baleias – como o minke – se recuperaram o suficiente para permitir a retomada da caça “sustentável”.
Na reunião da IWC, que aconteceu em setembro em Florianópolis, Brasil, nações anti-baleeiras lideradas pela Austrália, a União Européia e os EUA votaram contra uma proposta japonesa de mudar o processo de tomada de decisão – uma medida que tornaria mais fácil para o Japão garantir votos suficientes para acabar com a proibição comercial da caça às baleias.
A derrota levou o comissário do Japão na IWC, Joji Morishita, a alertar que as diferenças do país com os países anti-caça às baleias eram “muito claras” e que planejaria seu “próximo passo”.
O Japão tem sido capaz de usar uma cláusula na moratória da IWC, permitindo-lhe conduzir caçadas de “pesquisa” todos os anos e vender carne de baleia no mercado aberto, embora o consumo tenha despencado nas últimas décadas.
O país enfrentou críticas no começo deste ano, depois de informar que sua frota baleeira havia matado 122 baleias grávidas durante sua busca anual de pesquisas no Oceano Antártico, no inverno passado. Das 333 baleias-anãs capturadas durante a expedição de quatro meses, 181 eram do sexo feminino.
Em 2014, um tribunal internacional de justiça ordenou ao Japão que suspendesse suas caçadas anuais no Oceano Antártico depois de concluir que não eram, como alegaram autoridades japonesas, conduzidas para pesquisa científica. Mas o Japão retomou a caça à baleia na região dois anos depois, sob um programa reformulado que incluiu a redução de sua cota de capturas em cerca de dois terços.
Fonte: Revista Galileu

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