sexta-feira, 29 de março de 2019

Microrganismos conseguem viver no Mar Morto por “canibalismo”

Mar Morto, lago com altíssima salinidade que fica no Oriente Médio, não oferece condições favoráveis para a maior parte dos seres vivos da Terra. Muito menos para o desenvolvimento demicrorganismos unicelulares chamados archaea, visto que eles não recebem luz, oxigênio para seu sustento. Mais ainda assim eles estão presentes no inóspito ecossistema: um novo estudo indica que sua sobrevivência é baseada na alimentação de micróbios mortos.

Publicada na revista Geology, a pesquisa abre uma janela para entender a misteriosa e profunda biosfera da Terra, onde potencialmente milhões de espécies microbianas não descobertas prosperam em condições extremas. Nesta análise, cientistas da Suíça e da França avaliaram longos núcleos de sedimentos escavados no centro do Mar Morto, e encontraram evidências de que a vida microbiana antiga acumulou a energia de que precisava para sobreviver se alimentando de microrganismos mortos.
Morto muito louco
Para entender a história microbiana desse ecossistema extremo, os pesquisadores investigaram amostras antigas de sedimentos enterradas a até 245 metros abaixo da superfície do lago. Dentro das profundas fatias de leito, encontraram vestígios de vida microbiana morta há anos.
Nas camadas mais salgadas, foram identificados compostos microbianos chamados ésteres de cera – tipo de molécula de armazenamento de energia que os microrganismos podem criar quando a sobrevivência é levada aos limites.
A ciência já sabia que bactérias transformam os mortos em ésteres de cera, mas os seres archaea não pareciam ter essa habilidade. Assim, os pesquisadores concluíram que os ésteres de cera provavelmente vieram de bactérias que não tinham escolha a não ser se alimentar dos cadáveres.
Isso é surpreendente, visto que se pensava que as bactérias eram incapazes de se adaptar ao ecossistema extremo do Mar Morto. No entanto, “reciclar” micróbios melhor adaptados pode ter garantido a sobrevivência no passado.
Além do Mar Morto, isso pode se estender para outros ambientes severos do planeta. “Nossos resultados ilustram a alta adaptabilidade da biosfera subsuperficial e sua capacidade de usar estratégias variadas para produção e preservação de energia sob condições adversas”, declararam os cientistas.
Fonte: Revista Galileu

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