quarta-feira, 3 de julho de 2019

Raposa anda 3,5 mil quilômetros da Noruega ao Canadá em 76 dias.

Uma raposa-do-ártico fez uma viagem épica, andando, pelo gelo, das ilhas Svalbard, na Noruega, até o norte do Canadá. O animal percorreu aproximadamente 3.500 quilômetros em apenas 76 dias, o que impressionou pesquisadores.

Cientistas do Instituto Polar da Noruega instalaram uma coleira com GPS na raposa e a soltaram no fim de março de 2018, em Sermitsiaq, principal ilha do arquipélago norueguês.
Depois de 21 dias e 1.512 quilômetros percorridos no gelo marinho, ela parou na Groenlândia em 16 de abril de 2018. A jornada do animal, uma fêmea que tinha menos de um ano de idade quando começou a ser monitorada, continuou até a ilha Ellesmere, no Canadá, onde chegou em 1º de julho.
O que mais impressionou os pesquisadores nem foi a distância total percorrida, mas a velocidade da raposa. O animal percorreu, em média, 46 quilômetros por dia. Mas, em um só dia, o animal chegou a cobrir 155 quilômetros.
Segundo o jornal britânico Guardian, pesquisadores acreditam que a raposa usou o gelo marinho como “meio de transporte”.
“O gelo marinho desempenha um papel fundamental para raposas das montanhas migrarem entre áreas, encontrarem outras populações e acharem comida”, disse Fuglei, acrescentando que foi a primeira vez que documentaram em detalhes a migração das espécies entre continentes e ecossistemas no Ártico.
Não há registros de que uma raposa tenha ido tão longe e tão rápido.
“Num primeiro momento, a gente não conseguiu acreditar. Pensamos que estava morta, ou que tinha sido levada por um barco. Mas não havia barcos na área. Ficamos impressionados”, disse Eva Fuglei, do Instituto Polar, à NRK, mídia estatal norueguesa.
Eva Fuglei colabora com Arnaud Tarroux, do Instituto Norueguês para a Pesquisa da Natureza, para acompanhar como raposas lidam com as mudanças radicais entre as estações no Ártico.
“Há comida suficiente no verão, mas fica difícil no inverno. É quando raposas-do-ártico, com frequência, migram para outras regiões em busca de comida para sobreviver. Mas essa raposa foi muito além se compararmos com a trajetória de outros animais rastreados anteriormente. Isso mostra a capacidade excepcional dessa pequena criatura”, explicou.
O Instituto Polar produziu um gráfico que indica o percurso e onde a raposa fez duas paradas na Groenlândia, as duas únicas pausas da viagem.
resistentes que podem sobreviver a temperaturas de até -50ºC. Os animais têm patas recobertas de pelos até nas solas, orelhas e um focinho curtos que os ajudam a resistir a climas inóspitos.
No inverno, a comida para a raposa é escassa e eles geralmente seguem predadores maiores, como os ursos polares, e se alimentam de restos. Eles vivem em média de três a seis anos na natureza e pesam até 7,5 kg.
Segundo especialistas, com o aquecimento global, as renas de Svalbard podem ser a tábua de salvação das raposas-do-ártico. Os pequenos predadores podem sobreviver de carcaças das renas mortas.
Mas o encolhimento do bloco de gelo polar está causando um impacto na população de raposas do Ártico – elas não podem mais andar para a Islândia, por exemplo, e com o tempo a população de Svalbard pode acabar completamente isolada.
Por isso, segundo o Guardian, a jornada da raposa revela preocupações sobre como o impacto da mudança climática no gelo marinho pode afetar a migração de animais.
“É um exemplo de como o gelo do mar é importante para a vida selvagem no Ártico”, disse o ministro norueguês do Meio Ambiente e Meio Ambiente, Ola Elvestuen, ao jornal Guardian. “O aquecimento no norte é assustadoramente rápido. Precisamos cortar as emissões rapidamente para evitar que o gelo do mar desapareça durante todo o verão”, completou.
Fonte: BBC

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