Introdução - da roda para o asfalto
Desde 1999, as indústrias de pneus brasileiras têm que dar uma destinação ambientalmente correta para os pneus usados, graças à resolução 258 do Conselho Nacional do Meio Ambiente. Desde então, as empresas são obrigadas a correr atrás para tentar conseguir aproveitar e sistematizar a coleta de pneus.
Na natureza, o passivo ambiental de um pneu é caro. O produto pode demorar muito para se decompor naturalmente. As estimativas chegam a 600 anos até ele virar pó (Fonte: Recicláveis.com). Além disso, quando queimado ao ar livre, o pneu solta uma fedorenta fumaça negra, que obviamente é poluente. No leito dos rios, eles atrapalham o fluxo natural das águas. E jogar pneu fora, em qualquer lugar, depois de recauchutá-lo várias vezes, parece ser uma prática indiscriminada. Apesar de não haver um dado oficial ou sistematicamente pesquisado, as estimativas são de 30 milhões de pneus jogados por ano (Fonte: Akatu). De qualquer modo, somente na limpeza do rio Tietê, entre 2002 e 2006, 120 mil pneus foram encontrados jogados nas águas poluídas do rio paulista (Fonte: Estadão). Aliás, os pneus cheios de água foram considerados os grandes demônios da época da dengue.
Na natureza, o passivo ambiental de um pneu é caro. O produto pode demorar muito para se decompor naturalmente. As estimativas chegam a 600 anos até ele virar pó (Fonte: Recicláveis.com). Além disso, quando queimado ao ar livre, o pneu solta uma fedorenta fumaça negra, que obviamente é poluente. No leito dos rios, eles atrapalham o fluxo natural das águas. E jogar pneu fora, em qualquer lugar, depois de recauchutá-lo várias vezes, parece ser uma prática indiscriminada. Apesar de não haver um dado oficial ou sistematicamente pesquisado, as estimativas são de 30 milhões de pneus jogados por ano (Fonte: Akatu). De qualquer modo, somente na limpeza do rio Tietê, entre 2002 e 2006, 120 mil pneus foram encontrados jogados nas águas poluídas do rio paulista (Fonte: Estadão). Aliás, os pneus cheios de água foram considerados os grandes demônios da época da dengue.
Do outro lado, o Brasil é um grande reformador de pneus, só perdendo para os Estados Unidos em termos de faturamento e volume. O setor gera uma receita de R$ 5,6 bilhões ao ano (dados de 2007). São 7,6 milhões pneus reformados para caminhões e ônibus, 8 milhões para automóveis, 2 milhões para motos e 300 mil para veículos agrícolas ou off roads anualmente, num total de 17,9 milhões, segundo a Associação Brasileira do Segmento de Reforma de Pneus (ABR). Cerca da metade dos pneus usados é reaproveitada, são os chamados pneus meia-vida. Levando em conta o valor de 63 milhões de pneus novos produzidos por ano (Fonte: Anip - Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos), é como se o Brasil conseguisse reformar bem menos da metade, ou 28%, do que é produzido por ano.
Entre as razões para o sucesso da reforma ou recauchutagem, obviamente, está o poder aquisitivo, ou melhor, a falta de poder aquisitivo do brasileiro. Aliás, a reforma de pneus tornou-se um questão política, provocando a conhecida “guerra dos pneus”, que será explicada nas próximas páginas.
De qualquer modo, há ainda o chamado pneu inservível, que não pode ser recauchutado ou reformado. Uma destinação para ele é o grande desafio não só no Brasil como no resto do mundo. Segundo a Anip, desde a publicação da resolução, em 1999, até 2007, foram 700 mil toneladas de pneus reaproveitados de várias formas (como componente energético, matéria-prima para outros produtos etc.). Esse número equivale a 139 milhões de pneus de automóveis, o que dá cerca de 18 milhões por ano. Obviamente, ainda é muito pouco, se lembrarmos a estimativa de 30 milhões de pneus jogados fora por ano.
Como é possível ver, a situação não é fácil, mas os caminhos estão aí. Bom, de qualquer modo, é importante conhecer um pouco desses processos e também a polêmica história da Guerra dos pneus. Ah, e aliás, qual a diferença entre um pneu recauchutado e um recapado. Qual a diferença entre o recapado, o recauchutado e o remoldado?
Entre as razões para o sucesso da reforma ou recauchutagem, obviamente, está o poder aquisitivo, ou melhor, a falta de poder aquisitivo do brasileiro. Aliás, a reforma de pneus tornou-se um questão política, provocando a conhecida “guerra dos pneus”, que será explicada nas próximas páginas.
De qualquer modo, há ainda o chamado pneu inservível, que não pode ser recauchutado ou reformado. Uma destinação para ele é o grande desafio não só no Brasil como no resto do mundo. Segundo a Anip, desde a publicação da resolução, em 1999, até 2007, foram 700 mil toneladas de pneus reaproveitados de várias formas (como componente energético, matéria-prima para outros produtos etc.). Esse número equivale a 139 milhões de pneus de automóveis, o que dá cerca de 18 milhões por ano. Obviamente, ainda é muito pouco, se lembrarmos a estimativa de 30 milhões de pneus jogados fora por ano.
Como é possível ver, a situação não é fácil, mas os caminhos estão aí. Bom, de qualquer modo, é importante conhecer um pouco desses processos e também a polêmica história da Guerra dos pneus. Ah, e aliás, qual a diferença entre um pneu recauchutado e um recapado. Qual a diferença entre o recapado, o recauchutado e o remoldado?
Reaproveitar um pneu significa economia e diminuição dos impactos ambientais do seu processo de produção. Segundo a Associação Brasileira do Segmento de Reforma de Pneus (ABR), o sistema de reaproveitamento emprega apenas 25% do material usado em um pneu novo. A associação, no entanto, não tem uma estimativa do gasto energético de um processo como esse. Bom, mas afinal qual a diferença entre os vários pneus reformados? A seguir uma explicação rápida dos vários tipos:
- Recauchutados – é substituída somente a borracha desgastada da banda de rodagem e dos ombros.
- Recapados - substitui-se somente a borracha desgastada da banda de rodagem em contato com o solo. Utilizado exclusivamente aos pneus de transporte de carga (caminhões, ônibus),
- Remoldados - substitui toda a banda de rodagem e os flancos, sendo toda a parte externa do pneu revestida com nova camada de borracha. Nessa reforma, as informações do pneu original – tais como: origem, data de fabricação, capacidade de carga, índice de velocidade, nome do fabricante - são eliminadas pela nova camada de borracha.
A reforma de pneus perdeu força no país depois da chamada “guerra dos pneus”, cuja história você vai conhecer na próxima página. De qualquer modo, antes de adquirir um pneu reformado, é preciso ter cuidado e tentar comprar em lugares em que você pode confiar. Afinal, eles podem ser perigosos para você. Bom, vamos, então, à “guerra dos pneus”.
A guerra dos pneus
Em 1995, a imprensa brasileira começou a noticiar o que foi batizado de a “guerra dos pneus”. A briga, no entanto, já vinha acontecendo sem holofotes desde 1991, quando o governo federal proibiu a importação de produtos usados no Brasil.Resumidamente, este confronto de mais de uma década foi uma briga política e judicil entre a Associação Brasileira da Indústria de Pneus Remoldados (Abip) e a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip). Na época, a Abip procurou autorização para importar pneus usados, principalmente da Europa. Para os europeus, exportar os pneus era uma grande vantagem. Por lei, eles são obrigados a dar um fim aos pneus usados quando não reutilizados de alguma forma. O processo de reutilização do pneu não é barato, além do mais, não há cultura de remoldagem e recauchutagem no chamado velho mundo. Para as indústrias remoldadoras brasileiras, a vantagem estava em receber contêineres com material barato, aliás muito barato, já que as empresas européias arcavam com o custo. Como o mercado de recauchutagem europeu é quase inexistente, muitos pneus meia-vida de boa qualidade vinham direto ou praticamente direto para o mercado consumidor. No entanto, ambientalistas e a Anip chiaram e muito. Para os ambientalistas, o passivo ambiental dos pneus usados no Brasil é muito grande para deixar que mais pneus cheguem no país, em vez de procurar soluções para os problemas de resgate dos usados no Brasil. Para a Anip, era dar o braço a torcer para concorrentes de vários tamanhos.
Os capítulos seguintes da guerra foram cheios de vai-e-vem. Em 1994, uma portaria do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) decidiu pôr fim à proibição da importação. Mas as indústrias contestaram na Justiça e conseguiram a abertura. Tanto que em 1999 a empresa BS Colway, considerada a maior fábrica de pneus remoldados do mundo, instala-se no Brasil para usar pneus usados importados da Europa. Em 2003, o governo Lula voltou a proibir a importação a partir do decreto 4.592, mas o Uruguai entrou na briga. O país vizinho começou a receber os produtos importados e, por força dos acordos do Mercosul, conseguiu brechas para levar os pneus para o Brasil. As duas últimas e decisivas batalhas foram na Organização Mundial do Comércio (OMC) e no Supremo Tribunal Federal (STF). No primeiro palco, o Brasil venceu a União Européia, que exigia que o país aceitasse os pneus usados. No segundo palco, os ministros do tribunal decidiram suspender todas as liminares que as empresas de pneus remoldados conseguiram na Justiça, para importar mais pneus. As duas decisões aconteceram em dezembro de 2007.
Para o Brasil, o resultado negativo foi o fechamento de uma grande indústria, a BS Colway. Mas os aspectos positivos parecem ter sido compensadores. O país deixou de receber o passivo ambiental de outros países. Além disso, com toda essa discussão à tona, as indústrias de pneus novos passaram a ser obrigadas a cuidar do seu passivo ambiental, tendo que se organizarem para colher e reaproveitar o material, em vez de fingir que não viam as toneladas de pneus nos leitos de rios e aterros sanitários brasileiros. O ambiente agradece.
O que acontece com os pneus inversíveis?
Aqui está o grande desafio para a questão dos pneus no mundo hoje: dar um fim econômico e ambientalmente satisfatório para os pneus inservíveis. A questão é complicada. Primeiro, porque não há um recolhimento sistemático desse material. Atualmente, a Reciclanip, braço da reciclagem da Anip, vem se esforçando, fechando parcerias, principalmente, com as prefeituras para criar centros de recolhimento de pneus, que eles chamam Ecopontos. Até agosto de 2008, 237 municípios já haviam aderido ao programa, com mais de 300 postos de recolhimento. Segundo porque há uma série de custos que a indústria de pneus tem que arcar.
Mas o que é possível fazer com o pneu, digamos, “fim de linha”? Há várias saídas para esse pneu, além do tradicional vaso de pneu ou balanço para crianças que existem em vários sítios e parques urbanos. Eles podem se transformar em solados, percintas usadas na estrutura de móveis estofados, como asfalto, componente em tijolos de concreto e também como matéria-prima para produção de energia em cimenteiras, por exemplo. E o pessoal da permacultura tem também testado o uso de pneus para construção de casas. Veja alguns exemplos, clicando aqui.
Segundo a ABR, 80% dos pneus radiais vão para os fornos de cimenteiras. Mas é preciso preparar o material. O ComoTudoFunciona visitou uma dessas áreas coordenada pela Reciclanip e explica passo a passo como o pneu é preparado para os fornos.
Mas o que é possível fazer com o pneu, digamos, “fim de linha”? Há várias saídas para esse pneu, além do tradicional vaso de pneu ou balanço para crianças que existem em vários sítios e parques urbanos. Eles podem se transformar em solados, percintas usadas na estrutura de móveis estofados, como asfalto, componente em tijolos de concreto e também como matéria-prima para produção de energia em cimenteiras, por exemplo. E o pessoal da permacultura tem também testado o uso de pneus para construção de casas. Veja alguns exemplos, clicando aqui.
Segundo a ABR, 80% dos pneus radiais vão para os fornos de cimenteiras. Mas é preciso preparar o material. O ComoTudoFunciona visitou uma dessas áreas coordenada pela Reciclanip e explica passo a passo como o pneu é preparado para os fornos.
Luis Indriunas
Operário retira os fios de cobre da máquina
que seguem para a reciclagem em outra empresa. |
Luis Indriunas
Em seguida o pneu vai para um esteira,
por onde segue para a moagem. |
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Luis Indriunas A máquina despeja os retalhos |
Luis Indriunas Os retalhes seguem para as cimenteiras |
Fonte: http://ambiente.hsu.uol.com.br/reciclagem-pneus4.htm
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