segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Por que reciclar água?






Embora o Brasil possua 12% da água doce disponível no planeta, a oferta não é uniforme no território nacional. A maior parcela dos recursos hídricos encontra-se na Região Norte, distante dos centros urbanos onde se concentra a maioria da população brasileira e que estão, historicamente, localizados na faixa litorânea. Já não é incomum a falta de água nas grandes cidades, pela conjugação de fatores tais como o consumo intensivo e a baixa disponibilidade hídrica, devida entre outras causas, à poluição dos mananciais.
A preocupação atual sobre a crise financeira, os aumentos de preços como dos alimentos e petróleo, colocam temporariamente na sombra outra escassez global: qual seja a água.
Um atlas a ser lançado pelo governo federal aponta que mais da metade dos municípios brasileiros pode ter problemas de abastecimento de água até 2015.
De acordo com a obra, produzida pela Agência Nacional de Águas, subordinada ao Ministério do Meio Ambiente, 55% dos 5.565 municípios do país podem sofrer desabastecimento nos próximos quatro anos. O número equivale a 73% da demanda de água no país.
A ONU prevê que até 2025, dois terços da população irão sofrer com a escassez de água, submetendo 1.8 bilhões de pessoas a uma escassez grave que afetará negativamente em suas vidas e nos seus meios de subsistência.
De acordo com o Programa de Avaliação da Água da ONU, até 2050, cerca de sete bilhões de pessoas em 60 países poderão ter que lidar com a escassez de água.
No Fórum Econômico Mundial do ano passado, o Secretário Geral da ONU Ban Ki-moon recomendou que a escassez de água devesse ficar no topo da agenda internacional, disse: “Conforme a economia global cresce, assim também será a sua sede”, advertindo sobre um futuro marcado por conflitos por água.
Não há nenhuma dúvida que precisamos repensar como nós iremos utilizar a água, especialmente com uma população que cresce rapidamente e o aquecimento global que poderá produzir padrões imprevisíveis de chuva e estiagem.
O atlas usa uma projeção de que o país terá um incremento demográfico de aproximadamente 45 milhões de habitantes entre 2005 e 2025. Isso implica num considerável aumento da demanda de abastecimento urbano, exigindo aportes adicionais de 137 mil litros por segundo de água nesses 20 anos, conclui a ANA.
Pesquisas sugerem que a situação pode não ser tão pessimista quanto muitos sugerem e as nações podem prosperar com quantidades surpreendentemente baixas de água doce – desde que adotem tecnologias eficientes no trato com a água e incentivem a atividade econômica a não consumir água em demasia. Acredito que a crise de água que se vislumbra é basicamente um problema mais de distribuição e de gerência, do que de fornecimento e poderemos resolvê-la com as tecnologias existentes, com aumento de investimento e com vontade política.
“A maioria dos municípios brasileiros apresenta algum grau de comprometimento da qualidade das águas dos mananciais, exigindo aportes de investimentos na proteção das captações. Desse modo, foram recomendados no atlas R$ 47,8 bilhões de investimentos em coleta e tratamento de esgotos nos municípios localizados à montante (rio acima) das captações com indicativosde poluição hídrica”, diz o livro.
O problema da escassez de água no Brasil e no mundo é real e, com raras exceções, não tem sido devidamente considerado… sendo muito mais sério do que pode imaginar um cidadão comum, não iniciado nos problemas hidrológicos.
Muitos rios estão no limite da vazão social e ecológica… e não está se falando do nordeste brasileiro, muito menos do semi-árido!

Um dos exemplos mais significativos é ter-se, numa região de boa precipitação, como é a bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba, Capivari e Jundiaí, um rio como o Capivarí, de importância social, econômica e ambiental enorme, apresentando, tecnicamente, um balanço hídrico de vazão mínima com a disponibilidade de, apenas, 7%. Em termos práticos, isso significa que dos 100% de volume da água por minuto que entraria no início desse rio, 93% é consumido, saindo, no seu final, apenas 7%. Isso mostra a que grau de risco estamos hoje expostos, inclusive, de uma possível convulsão social pela falta de água, até para beber…
CONTINUA

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