sábado, 6 de outubro de 2018

Por que a ararinha-azul está desaparecendo no Brasil?

ARARINHA-AZUL (FOTO: DIVULGAÇÃO/ MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE)
Não há uma forma menos dolorida de começarmos esse texto sem ir direto ao assunto: a ararinha-azul está desaparecendo no Brasil e no resto do planeta. A espécie, conhecida como Cyanopsitta spixii e que serviu de inspiração para dar vida a Blu, protagonista da animação “Rio” pode sumir completamente em alguns anos. Pelos menos isso é o que afirma um estudo realizado pela organização internacional BirdLife.
Os especialistas chegaram ao resultado nada animador depois de analisarem 51 espécies de aves que estão sendo ameaçadas. Foram levados em conta três principais fatores: a intensidade das ameaças, o tempo e a confiabilidade dos seus últimos registros e a quantidade de pesquisas para cada espécie.
O relatório final concluiu que oito espécies de pássaros já estão extintas ou têm grandes chances de desaparecerem completamente da natureza em breve. Entre elas, quatro são encontradas em terras brasileira: o limpa-folha-do-nordeste (Philydor novaesi), o trepador-do-nordeste (Cichlocolaptes mazarbarnetti), o caburé-de-pernambuco (Glaucidium mooreorum) e, por fim, a ararinha-azul, que vive em regiões como a Floresta Amazônica, Cerrado e também Pantanal.
No filme, dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha, Blu vivia feliz nos Estados Unidos até descobrir a liberdade e conhecer o Rio de Janeiro. A vida boa, porém, ficou mesmo para as telonas. Por ser uma espécie rara graças à sua beleza, penugem e pele azulada, o animal sempre foi muito visado por caçadores e contrabandistas ilegais.
A AVE BLU NA ANIMAÇÃO ‘RIO’ (FOTO: DIVULGAÇÃO)
O desaparecimento dos pássaros também é um reflexo dos efeitos devastadores dos altos níveis de desmatamento na América Latina, segundo a organização. “Cerca de 90% das extinções de aves nos séculos recentes aconteceram em ilhas”, explicou Stuart Butchart, cientista da BirdLife. “No entanto, nossos resultados confirmam que há uma crescente onda de extinções também nos continentes em razão da perda de habitat, degradação da agricultura e da extrações não-sustentáveis”, completou.
Hoje, a ararinha-azul pode ser encontrada apenas com criadores. A BirdLife estima a existência de 60 a 80 delas criadas em cativeiro. A última vez que um exemplar do animal foi visto vivendo livremente na natureza foi em 2016. A possibilidade que a ararinha solitária estivesse com outras companheiras de espécie é considerada remota pelos pesquisadores. A suspeita é que, na verdade, ela seja apenas uma fugitiva de um cativeiro, o que diminui as esperanças de que a ave não entre em total extinção em breve.
Em comunicado, o governo federal assinou um acordo com organizações internacionais para receber, até 2019, 50 ararinhas-azuis que estavam fora do Brasil. Para garantir sua preservação, o governo criou duas unidades de conservação e um centro de proteção no município de Curaçá, na Bahia.
Fonte: Revista Galileu

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