sábado, 4 de abril de 2020

Ecossistemas estão em risco de colapso – e temos que agir logo, alertam cientistas.

Pedra da Gávea vista da Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro. (Foto: Chico Morais/Wikimedia Commons)
A menos uma semana da segunda reunião da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) focada na criação de metas para a próxima década, pesquisadores da Austrália, do Canadá e do Brasil publicaram, nesta quinta-feira (18), um artigo na respeitada revista Nature chamando atenção para a importância da conservação e restauração de ecossistemas do mundo todo.
Marcado para os dias 24 a 29 de fevereiro, em Roma, o evento reunirá representantes de 190 países para estabelecer os objetivos a serem cumpridos entre 2021 e 2030, durante a Década da Restauração dos Ecossistemas. A reunião tem um carácter preparatório e buscará chegar a um consenso sobre o primeiro rascunho do acordo que será firmado em outubro, na cidade de Kunming, na China.
Para o economista Bernardo Strassburg, coautor do artigo, a reunião representa uma oportunidade para levantar pautas importantes que foram deixadas de lado na última década. “O que defendemos é que é fundamental que esse novo acordo global corrija a ‘omissão’ de sua última versão, que não abordou diretamente a situação dos ecossistemas”, afirma o pesquisador, que é coordenador do Centro de Ciências da Conservação e Sustentabilidade do Rio (CSRio), diretor executivo do Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS) e professor assistente da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
Diversidade
Desde sua criação em 1992, a CDB reconhece que a diversidade da vida na Terra se dá em três níveis: o genético, o de espécies e o de ecossistemas. Segundo Strassburg, na última década, metas bem definidas foram estabelecidas para os dois primeiros níveis, mas, no que se refere aos ecossistemas, os objetivos se resumiam basicamente à criação de áreas protegidas.
“O que é muito positivo e deve continuar, mas as áreas protegidas por si só não garantem que o ecossistema seja restaurado, ou seja, que sejam recuperadas áreas degradadas”, explica Strassburg. Para além da conservação, a restauração de ecossitemas é de suma importância. Definir metas e números claros sobre o que e até quando isso precisa ser feito ajudaria os países a avançar nesse assunto.
Segundo a Lista Vermelha de Ecossistemas, que avaliou mais de 2,8 mil ecossistemas espalhados por 100 países, 45% desses locais estão em risco de entrar em colapso. Dizer isso equivale ao risco de extinção que algumas espécies animais e vegetais correm.
Esperança
Para conseguir avançar nessa questão, conservacionistas esperam enfrentar a resistência de alguns países, que temem sofrer sanções comerciais com as novas metas a serem discutidas na Convenção sobre Diversidade Biológica. “Eu diria que o maior desafio é deixar claro para os nossos representantes políticos que a conservação dos ecossistemas é uma prioridade”, afirma Strassburg. “A participação da sociedade pode contrabalancear esses interesses.”
Felizmente, não faltam exemplos de iniciativas bem-sucedidas e ecossistemas restaurados. No Rio de janeiro, por exemplo, o programa Mutirão de Reflorestamento existe há 33 anos e já restaurou mais 3 mil hectares de floresta, equivalente à area do Parque Nacional da Tijuca, que também é conhecido pelo seu alto nível de conservação. O Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, lançado em 2009, também conseguiu resultados em sua primeira década em vigor, reunindo dezenas de projetos em prol da causa.
Fonte: Revista Galileu

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